
A realidade brutal das periferias se fez presente na noite de sexta-feira, 28, junto ao canal da rua Alferes Costa, na Pedreira, em Belém. Breno Luan Dias Pinheiro, de 23 anos, foi alvejado diante de amigos, às proximidades de uma igreja. Levou dois tiros na cabeça e morreu no local. Os disparos foram feitos por um homem que ocupava um carro preto, que, após a execução, saiu em disparada rumo à rua Pedro Miranda.
Breno ajudava a mãe e os avós em atividades domésticas. Saiu com amigos na sexta-feira com vários amigos, mas havia prometido à mãe voltar antes das 22h. Não voltou, não teve tempo.
Antes de matar Breno, o executor teria dito “Te achamos de novo”. Referia-se, possivelmente, ao ataque ocorrido em 2018, na rua Marquês de Herval, quando Breno tinha 17 anos. Na ocasião, ele brincava com amigos e vizinhos num campinho de futebol pelada quando o famigerado “carro prata” chegou e seus ocupantes saíram atirando em direção aos meninos. O mais franzino foi atingido nas costas e, desde então, ficou com um aleijão na perna.
O caso foi denunciado à Polícia, mas nunca ficou esclarecido, em meio à onda de execuções que marcaram o governo de Simão Jatene, atribuídas a grupos milicianos. Quase todos os dias matanças espalhavam o terror nos bairros periféricos de Belém, tendo sempre como protagonistas homens encapuzados que ocupavam carros pretos ou pratas.
As vítimas, invariavelmente, eram jovens pretos, como Breno.
As milícias e seus esquadrões da morte estavam sob controle nos últimos anos, depois de matanças como a ocorrida em 19 de maio de 2019, no Wanda’s Bar, no bairro do Guamá, quando 11 pessoas foram chacinadas. O julgamento e a consequente prisão dos milicianos envolvidos representaram um marco no combate ao crime organizado na capital paraense. Execuções como a de Breno provam que há ainda muito a ser feito.