Rock na madrugada – Marianne Faithfull, “It’s All Over Now Baby Blue”

A história de amor, traições e conflitos entre Marianne Faithfull e os Stones influenciou algumas das grandes canções da banda, contribuindo também para definir a estética do Swinging London, segundo a revista Rolling Stone. A morte da cantora e atriz inglesa, aos 78 anos, anunciada nesta quinta-feira (30) reabre o interesse pela sua obra e pelo relacionamento nem sempre ameno com a dupla Jagger-Richards.

A carreira de Marianne não se resume à ligação com os Stones. Além de trabalhar em A Garota da Motocicleta (1968), protagonizou a adaptação cinematográfica de Hamlet, de William Shakespeare, dirigida por Tony Richardson. No filme, onde interpretou Ofélia, contracena com Anthony Hopkins e Nicol Williamson.

Faithfull despontou como cantora em 1964 ao lançar ‘As Tears Go By’, canção composta por Jagger, Richards e Andrew Loog Oldham especialmente para ela. Fez muito sucesso, atingindo o Top 10 das paradas britânicas e irlandesas. Um pouco mais tarde, os Rolling Stones gravaram a versão da faixa. Dois anos depois, começou um relacionamento com Mick Jagger, marcando o início de um dos romances mais emblemáticos da cultura pop dos anos 1960.

Passaram 4 anos juntos, período em que ela inspirou ou influenciou canções icônicas do grupo. “Sympathy for the Devil”, de 1968, foi baseada no livro O Mestre e Margarida, que ela deu de presente a Mick. “You Can’t Always Get What You Want” também teria sido inspirada nela, bem como “Wild Horses”, quando sugeriu ao então namorado o verso “Cavalos selvagens não conseguiriam me arrastar para longe”. “Sister Morphine” foi co-escrita por Marianne, embora só tenha recebido o devido crédito nos anos 90.

Em 1967, o casal viveu um dos escândalos mais ruidosos da época: a batida policial na casa de Keith Richards, em Sussex. Os tabloides londrinos exploraram a história, mas o prejuízo à sua imagem pessoal não comprometeu a relação com os Stones. Viajou ao Brasil com Jagger e Richards um ano depois, hospedando-se num sítio do interior de S. Paulo.

A ruptura definitiva ocorreu em 1970, após um aborto espontâneo. O trauma, associado ao desgaste emocional e ao envolvimento com drogas, causou um severo quadro depressivo. A virada profissional veio no final da década, quando lançou “Broken English” (1979), um álbum aclamado pela crítica, mas só fez as pazes com Jagger em 2007.

Dona de voz singular, que se adaptou muito bem ao rock melancólico e de raiz literária, Marianne construiu uma carreira musical respeitável, o que inclui o álbum Rich Kid Blues, de 1985, onde interpreta magistralmente “It’s All over Now Baby Blue(Está tudo acabado agora, Baby Blue), um clássico de Bob Dylan.

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