
POR GERSON NOGUEIRA
Levei um certo tempo para despertar do impacto sonoro de Nação Zumbi e Chico Science, ali no meio dos anos 90. O som poderoso, maracatu eletrônico misturado a rock pós-punk com pitadas regueiras, tornou a banda um acontecimento diferentão de tudo que rolava nas rádios e na TV. Na verdade, não havia nada parecido mesmo com a força rítmica de “Da Lama ao Caos”, disco vibrante e fundamental até hoje.
A estranheza natural diante de um som novo, movido a muito batuque e rajadas de guitarra, deu lugar a uma admiração que se tornou permanente e sobreviveu à repentina partida de Chico, em 1997. O Nação também se manteve vivo na trilha do mangue beat, seguindo em frente com Jorge Du Peixe e Lúcio Maia, sem jamais perder aquela saudável subversão musical.
“Quando a Maré Encher”, hit praiano de 2000 do álbum “Rádio S.Amb.A”, ganhou ainda mais repercussão com a versão ao vivo com Cássia Eller no Rock In Rio. Abaixo, trecho inicial da letra:
Fui na rua pra brincar, procurar o que fazer
Fui na rua cheirar cola, arrumar o que comer
Fui na rua jogar bola, ver os carros correr
Tomar banho de cana quando a maré encher.