Rock na madrugada – Camisa de Vênus, “Só o Fim”

POR GERSON NOGUEIRA

Clássico definitivo, “Só o Fim” é um dos temas de maior sucesso da carreira do Camisa de Vênus, banda baiana que correu meio por fora, marginalizada na onda roqueira que varreu o país nos anos 80. Lançada no disco “Correndo o Risco” (1986), permanece como uma das mais fortes canções da banda de Marcelo Nova, que surgiu em Salvador, longe do eixo roqueiro do país e do chamado “rock de bermudas” em voga no Rio de Janeiro.

“Esse calor insuportável/ Não abranda o frio da alma/ A vida já não é mais tão segura/ E nada mais lhe acalma/ Oh, crianças isso é só o fim”.

A desesperança predominava nas letras e influenciava a produção dos grupos de rock no Brasil e no mundo. O Camisa seguia essa trilha, mas cultivava um estilo sujo e anárquico e abusava dos palavrões nos shows, destoando do padrão mais comportado das bandas do período.

O problema é que o tempo foi particularmente cruel com o grupo e seu líder: o que foi divertida rebeldia virou exercício de rabugice de Marcelo Nova, de posição assumidamente conservadora nos últimos tempos. Virou um chato de galocha, mas a obra resiste ao tempo, apesar de tudo.

Abaixo, a versão ao vivo em show de 1995, em São Paulo. Formação original do Camisa – Marcelo Nova, Karl Hummel, Robério Santana e Carlos Alberto Calazans. Presenças muito especiais de Franklin Paolillo na bateria e de mestre Luiz Sérgio Carlini na guitarra, com direito a um solo com citação de “Layla”, de Eric Clapton.

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