Vini, volte para casa

Por Carlos Ferrer/Baiano

Vini, os espanhóis racistas que vaiaram você na arena espanhola são descendentes diretos dos “colonizadores” que exterminaram os Incas e Maias na América. Também descendem dos nacionalistas que, apoiados por Hitler, mataram 200 mil republicanos em seus campos de concentração.

Esses espanhóis, Vini, que se mantiveram neutros na Segunda Grande Guerra, cuidaram do seu ditador assassino, o Generalissimo Franco, com papinha na boca até que ele morresse velho, sem ter sido condenado por seus crimes.

As bananas que atiram em jogadores ferem a alma tanto quanto o chumbo dos mosquetes que exteminaram os povos indígenas séculos atrás.

O Brasil, como você sabe, é um lugar onde é difícil driblar a pobreza. No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio, como já dizia Nelson Rodrigues. Um país que também tem racistas hoje e no passado, e que um dia também chamou o goleiro Aranha de macaco.

Sendo um país em que mais da metade da população se declara negra ou parda, a intolerância racial que ocorre por aqui é diferente da que se pratica no estádios europeus: é tão ruim quanto, mas é pontual e não generalizada.

Talvez seja porque Fio Maravilha era um deus para a torcida do Flamengo, e o endiabrado Ubaldo levava a massa atléticana à loucura, assim como Laci e Paulo Izidoro. Alcindo é um idolo dos gremistas; Escurinho, dos colorados; e Zé Carlos, o eterno Maestro Azul.

No Brasil, Vini, o Rei é um preto bisneto de escravo, e tem apelido de Pelé. Na Espanha, a monarquia foi restaurada em 1976 pelo fascista sanguinário que estava no Poder.

O fantasma da pobreza não te assusta mais, e você não precisa passar por essa humilhação, garoto. Volte para casa, e verá que todos os clubes e torcidas do Brasil o receberão de braços abertos.

Se a Fifa lhe negar uma carta de alforria, e lhe obrigar a jogar nesses Pelourinhos que se transformaram as arenas espanholas, peça ao seu povo que encerre suas contas no banco que é o patrocinador da competição.

O último que tentou mudar a cabeça desses colonizadores cruéis enfrentou grandes moinhos de vento, e até hoje é chamado de louco.

“Mudar o mundo, meu amigo Sancho, não é utopia. É justiça”.

Belo Horizonte, 24 de maio de 2023.

Um comentário em “Vini, volte para casa

  1. Vinícius Jr. já fez mais pela causa do que os trocentos negros que passaram pelos estádios espanhóis, incluindo brasileiros.

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