Erros que explicam o tropeço

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC perdeu para o Figueirense na 2ª rodada da Série C, na segunda-feira à noite, em Florianópolis (SC). O confronto não foi tão amarrado e complicado como se imaginava. O time da casa nem fez a tradicional pressão de início de jogo. Mesmo com espaço para jogar, os bicolores não conseguiram acertar o passo e só mostraram alguma determinação nos minutos finais, quando a vaca já tinha ido para o brejo.

É importante observar que o árbitro baiano Emerson Ricardo de Andrade foi excessivamente rigoroso (aplicou 11 cartões amarelos e dois vermelhos) e errou num lance crucial: aos 34 minutos, o lateral esquerdo Igor Fernandes foi lançado na área e acabou derrubado por dois marcadores. O apitador não deu o pênalti, seu único e grande erro na partida.  

Quando ensaiava uma pressão ofensiva, criando duas chances claras de gol na área do Figueira, o PSC foi vitimado por seu próprio goleiro no final da primeira etapa. Um chute fraco de Gustavo França fez Thiago Coelho espalmar nos pés de Bruno General, que emendou para as redes.

A expulsão de Jacy Maranhão antes do primeiro minuto do 2º tempo reduziu as chances de reação. O zagueiro-volante que estreava com a camisa do Papão perdeu a corrida para Cesinha e, sem outra alternativa, puxou o atacante e cometeu falta junto à linha da grande área. O árbitro acertadamente aplicou o cartão vermelho.

O PSC fez mudanças e ganhou mais qualidade com as entradas de Juninho, João Vieira e Luiz Phelipe, bem como se beneficiou das saídas de Artur e Geovani. Apesar disso, o cerco armado junto à área do Figueira não surtiu resultados práticos. Muita bola aérea e nenhuma finalização de perigo.

A derrota quebra o astral de um time que estreou com vitória e tinha a motivação da chegada do novo treinador. O problema é que Marquinhos Santos não deve ter sido suficientemente informado sobre o futebol que João Vieira vem mostrando desde o final da temporada passada.

Caso estivesse a par das condições do jogador, o técnico não teria cometido o pecado de barrar o volante, que é disparadamente o melhor meio-campista do time. João Vieira passou mais da metade da partida olhando o PSC errar passes curtos e insistir em ligações diretas. 

É inegável que, na comparação com a pífia atuação contra a Aparecidense, a equipe evoluiu, mas precisa melhorar mais.

Leão deixa escapar volante de qualidade, sem lamentar

O Remo informou ontem que o volante Paulinho Curuá não pertence mais ao clube. A saída do jogador, que não atuou na Série C, configura uma baixa importante na campanha pelo acesso à Série B. Provavelmente, esse prejuízo não foi devidamente avaliado pelo clube e sua comissão técnica, levando em conta a forma serena como o desligamento foi anunciado.

Desde que chegou ao Remo, egresso do Tapajós, Curuá sempre foi tratado com certo menosprezo ou desleixo. Os técnicos de plantão sempre preferiram os 200 volantes importados que o clube sempre traz a cada temporada. Nativo do Pará, o volante não tinha padrinho forte, como de resto acontece com quase todos os jogadores regionais.

Não se sabe, ao certo, os detalhes da negociação para a renovação contratual de Curuá com o Remo, mas é improvável que ele tenha exigido mais do que o clube paga a Claudinei, Galdezani, Álvaro e Buchecha.

Daqui a algum tempo, quando estiver em outro clube, como vários outros jogadores promissores que deixaram o futebol paraense, Curuá certamente será observado com olhos mais generosos. Por enquanto, nem mesmo a torcida parece ter se dado conta da situação prejudicial ao clube.

Os cartesianos de plantão diriam que o volante não era um titular incontestável. Estão certos. A razão é simples: nunca teve as mesmas oportunidades que os demais jogadores da posição. Sempre foi terceira ou quarta opção, apesar de óbvias qualidades no desarme e nos avanços com a bola, recursos que faltam à maioria dos volantes do Leão.

Investigação desvenda esquema da máfia das apostas

Quase todo mundo já ouviu falar em manipulação de jogos no Brasil. Sempre ocorreu, em maior ou menor escala, mas poucas vezes a prática ficou comprovada. Dá para lembrar apenas dos casos da máfia da loteria esportiva e do escândalo Edilson Pereira de Carvalho. Agora, ao que parece, a contaminação do esporte parece incontestável.

De repente, um novo esquema irrompe através das apostas eletrônicas, envolvendo o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos. Ele é apenas o primeiro nome revelado de um atleta da Primeira Divisão denunciado pelo Ministério Público, junto com outros 15 atletas das séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Bauermann teve conversas de WhatsApp divulgadas, nas quais ele aparece falando de um acordo para pagar R$ 50 mil por mês a uma quadrilha de apostas, por não ter cumprido acerto para tomar cartões na Série A 2022.

Tudo isso veio à tona no âmbito da investigação “Penalidade Máxima”, levado a cabo pelo MP de Goiás. Fica claro que Bauermann aceitou a proposta da quadrilha, recebendo R$ 50 mil para levar um cartão amarelo contra o Avaí. Como não cumpriu o acordo, teve que ser expulso – após o apito final – contra o Botafogo. Nas conversas, surgem ameaças de morte dos apostadores, furiosos porque não fez o combinado.

A quadrilha planejava faturar R$ 800 mil por cartões amarelos recebidos também por Dadá Belmonte (ex-Goiás) e Igor Cariús (ex-Cuiabá). Por isso mesmo, Bauermann viu-se obrigado a aceitar pagar R$ 1 milhão aos apostadores, em 20 parcelas de R$ 50 mil.

Tem muita gente envolvida na mutreta, que tem como vítimas clubes e agências de apostas. O MP promete ir fundo na apuração e é provável que nomes de atletas mais conhecidos surjam mais à frente. O Santos, por via das dúvidas, já afastou o zagueiro, que corre o risco de ser banido do futebol. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 10)

2 comentários em “Erros que explicam o tropeço

  1. No futebol brasileiro, muitos técnicos, dirigentes e torcedores ainda não se deram conta de que cada competição, cada adversário e cada jogo têm características próprias e, por isso, merecem tratamento diferenciado, com táticas e formação adequadas às circunstâncias do jogo. Ainda se acha que um time deve ter uma onzena quase imutável, faça chuva ou sol. Que o queridinho do técnico ou da torcida tem de jogar sempre, mesmo que seu desempenho técnico venha sendo pífio ou sua condição física não seja a ideal. As contratações de atletas são aleatórias, costumeiramente sem passar pela avaliação do técnico responsável por montar o time e fazer com que este seja produtivo. Entra aí a figura do tal executivo de futebol, responsável muitas vezes por erroneamente encomendar maniçoba em vez de brigadeiro para uma festa infantil. Exemplo do que não fazer, levando em consideração o dito acima, foi a contratação de Bochecha e oferecer o Magueirão para o Belo desfilar, em vez de espreme-lo no caldeirão do Baenão.

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