Google e Facebook venceram

Por Leandro Demori

Votação do PL das Fake News é chutada para dia de São Nunca

Você ficou com medo de mandar seu filho pra escola no dia 20 do mês passado? Nós também. E isso se deu pela enxurrada de boatos sobre massacres que poderiam acontecer na nossa cidade. Seriam “11 ataques”. Nada aconteceu, mas o pânico entre os pais foi real. Como explicar pras crianças? Ninguém soube muito bem o que dizer. Mentiras espalhadas pelas redes sociais.

É assim: quanto mais os conteúdos “viralizam” em uma rede social, mas essas empresas vendem publicidade. Google e Facebook (e outras) são imensas agências de publicidade. E não importa a qualidade do conteúdo. Se for verdade, ok. Se for mentira, tudo bem também. É um jogo de ganha-ganha: o conteúdo viraliza, chega no seu celular, e logo depois as empresas mandam uma propaganda de cerveja, de roupa ou de carro pra você.

Parece pobrinha, né? Dá até uma pena. Vontade de fazer um pix pro dono do site botar gasolina no carro. Uma tela em branco sem nada de mais. Não se engane: sabe quanto o Google faturou em 2021?

Algo em torno de 1.3 trilhão de reais.

Sim, trilhão, com T.

Isso é tipo o PIB de Portugal, da Finlândia, da Nova Zelândia. Você escolhe.

GOOGLE PODERIA SER UM PAÍS DA EUROPA

E de fato, é. Na verdade, as redes sociais são muitos países, elas dominam a política local em todos os cantos e fazem valer suas vontades. É raro que tenham derrotas significativas. Estamos falando das empresas mais poderosas do capitalismo mundial. A página simplinha é só um disfarce. O mesmo vale para o Facebook.

Anteontem haveria a votação de um projeto de lei que poderia mudar um pouco as coisas. A ideia central: trazer as mega plataformas de internet – ou redes sociais, como chamamos – para serem responsabilizadas sobre conteúdos criminosos que as pessoas postam nelas. Isso pegaria todas as grandes redes no Brasil, sobretudo Google, Facebook, Instagram, Twitter e Tik Tok, mas não só elas.

Em resumo: a ideia da lei é tentar forçar as plataformas a cuidarem do que é postado por lá. Incitação ao suicídio ou à mutilação? Incitação a crimes? Racismo? Xenofobia? Organização de ataques em escolas? Tudo isso, hoje, corre solto nas redes, e elas não são responsáveis por nada. Já rolou até de pessoas serem linchadas e mortas na rua por causa de boatos postados nas redes sociais. Nada, repito: NADA aconteceu com elas.

Com a nova lei aprovada – se for aprovada – as redes podem ser levadas a juízo caso se neguem – como muitas vezes fazem – a deletar esses conteúdos.

A lei (PL 2630) seria votada na terça-feira, 2. Arthur Lira, presidente da Câmara, decidiu – a pedido de Orlando Silva, relator do projeto – que o projeto saísse de pauta. Orlando Silva recebeu mais de 90 (sim, NOVENTA) emendas. Virou um caos. Fica tudo como está, uma vitória enorme das redes sociais e deu seu poderoso lobby econômico.

O projeto passou com boa votação no que se chama de Regime de Urgência na semana passada. Seria votado, então, justamente hoje. As plataformas (Google e Facebook na ponta) foram a campo, fizeram centenas de reuniões secretas com artistas, jornalistas, influenciadores, comunicadores; espalharam mentiras; despejaram seu poder financeiro e barraram o projeto.

Agora, com esse tanto de emendas nas mãos de Orlando Silva, será um legítimo Deus nos acuda. É impossível saber qual projeto o Brasil terá depois de hoje (melhor ou pior). Na verdade, nem sabemos se o Brasil terá – como têm Alemanha, Austrália, França… – um projeto que responsabilize as plataformas. Orlando Silva vai precisar de muita energia, inteligência e habilidade – e não depende só dele.

O que pode acontecer? Se o PL demorar a voltar à pauta, o Supremo vai tomando esse assunto pra si. Depois, as mesmas pessoas que hoje reclamam de “censura” amanhã reclamarão da “ditadura do Supremo”. Para as redes sociais, todo o jogo valeu a pena.

Se tem alguém comemorando e gritando na sala, hoje, são Google e Facebook. Criaram o caos, sujaram o debate público, se aliaram à extrema direita, cooptaram parte da esquerda (inclusive com dinheiro) causando diversionismo pra dividir e chutaram o PL pra sabe-se lá quando. Nesse meio do caminho, muita gente se vendeu.

As plataformas são profissionais, fazem isso no mundo todo, é o maior lobby do planeta, talvez o maior da história. Estão rindo da nossa cara.

Nenhum ponto foi dado sem nó. A democracia brasileira ficou a reboque dos conglomerados que sempre dão uma banana para os países enquanto olham apenas para suas brilhantes tabelas de Excel. Há quem se beneficie.

Estreia vitoriosa e polêmica

POR GERSON NOGUEIRA

Vitória suada, difícil e polêmica, mas extremamente importante para uma estreia no Brasileiro da Série C. Depois de um 1º tempo sofrível, o jogo ganhou em vibração na segunda etapa. Depois de sofrer o gol, o Papão reagiu e virou rapidamente o placar, com direito a um pênalti inexistente, assinalado pelo árbitro Adriano Barros Carneiro (CE).

O PSC primou pela falta de inspiração no início da partida. Em certos momentos, parecia que a Aparecidense era a dona da casa, tal a desenvoltura com que tocava a bola e armava jogadas de aproximação. Aos 24 minutos, o meia Carlyson se aproximou da área, mas errou no arremate.

Aos 27’, o centroavante Alex Henrique ficou com a bola após tentativa de saída da zaga do Papão, mas mandou para fora. Só aos 44’ o PSC deu o ar da graça no ataque. Vinícius Leite, que estava sumido em campo, cruzou uma bola da esquerda, mas Mário Sérgio errou o cabeceio.

Veio a segunda etapa e, finalmente, as emoções afloraram. Logo aos 5 minutos, Carlyson recebeu livre na esquerda e teve tempo para aprumar o chute, que saiu quase rasteiro. O goleiro Gabriel Bernard pulou atrasado e a bola entrou no canto esquerdo.

O gol fez o Papão acordar na partida, reagindo em cima do lance. Dois minutos depois, Bruno Alves cruzou na área e Vinícius Leite tocou de cabeça, antes da chegada do goleiro e dos marcadores. O empate animou o torcedor, que havia vaiado a equipe na saída para o intervalo.

A movimentação defensiva do PSC era confusa, com muitos erros na saída e sem cobertura adequada em frente à área. Aos 10’, Ferreira pegou da intermediária e o chute saiu forte à direita da trave, com muito perigo.

Os times erravam passes e não conseguiam fazer a transição, embora a Aparecidense tivesse mais presença nas ações de ataque. Só que, aos 16’, um lance mudaria a história do jogo. Geovane acertou um chute no peito do zagueiro Thuram, a bola escapou para Vinícius Leite, que cruzou para o centro da área. A bola então bateu na coxa do zagueiro Vanderlei.

O árbitro deu pênalti, diante dos protestos do time da Aparecidense. Mário Sérgio foi bater e deu uma cavadinha, bem ao seu estilo, desviando do goleiro Gabriel Félix. O Papão finalmente se aproximava da vitória.

O auxiliar Wilton Bezerra fez mudanças, substituindo Bruno Alves por Vicente, Vinícius por Luis Phelipe, Eltinho por Igor Fernandes e João Vieira por Gabriel Davis, a fim de diminuir o desgaste geral da equipe. Com mais fôlego, além do entusiasmo pela vantagem, o PSC terminou a partida em nível superior à Aparecidense.

Ainda assim, nos minutos finais, o time visitante impôs uma meia pressão e quase chegou ao empate em cruzamento alto, que Gabriel Bernard colocou para escanteio com a ponta dos dedos.

Vitória importante, que abre novas perspectivas para o PSC diante da chegada do novo técnico, Marquinhos Santos, além de abafar o momento de instabilidade causado pela queda no Parazão.

Remo tem desafio de peso diante do S. Bernardo

Estreias geram expectativa e nervosismo. O Remo precisará se impor ao S. Bernardo, em S. Paulo, procurando jogar com a mesma segurança demonstrada contra o Cametá, na semifinal do Parazão. A eliminação para o Corinthians na Copa do Brasil já ficou para trás, mas o desafio de Itaquera deixou lições que podem ser úteis no confronto de hoje.

O adversário fez uma boa campanha no recente Campeonato Paulista, perdendo apenas para o campeão Palmeiras, mas não é uma equipe imbatível. Reúne jogadores experientes, rodados, mas o Remo também tem jogadores desse nível e pode fazer um jogo equilibrado.

Entra aí uma das lições deixadas pelo jogo com o Corinthians. O time não pode descuidar dos primeiros movimentos, a fim de não ser surpreendido com um gol logo de cara, como ocorreu na Arena Itaquera.

Com Jean Silva no ataque, junto com Muriqui, o Remo ganha força e precisão nos lances de área. Depois de atuar muito bem diante do Cametá, Jean parece ter conquistado a confiança do técnico Marcelo Cabo e finalmente tem chances de virar titular.

A diferença entre o futebol que ele entrega e o que Pedro Vítor apresentava, é muito acentuada. Objetividade no aproveitamento das jogadas, acerto nas finalizações e decisões corretas são as virtudes de Jean Silva. Pode ser uma presença decisiva no confronto de hoje, ao lado de Muriqui, e explorando os lançamentos de Pablo Roberto.  

Mangueirão: documento define acesso aos Espaços TEA

Foi assinada, ontem, a instrução normativa que orienta o acesso e permanência nas salas de acomodações sensoriais para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências, no Mangueirão. O documento foi assinado por representantes da Secretaria de Saúde (Sespa), Secretaria de Esporte e Lazer (Seel), Ministério Público, Federação Paraense de Futebol e diretores de Paysandu, Remo e Tuna.

A instrução normativa foi elaborada pela Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo, da Sespa, que orienta sobre o acesso e a permanência aos Espaços TEA no estádio estadual Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), assim como fornece informações sobre condutas, abordagens e legislações que garantem os direitos desse público.

No Espaço TEA do Mangueirão, pessoas com autismo e/ou pessoas com deficiência que apresentem dificuldades sensoriais, juntamente com acompanhante, podem usufruir de dois camarotes adaptados, nos dois lados do estádio (A e B) até atingir sua capacidade máxima estipulada (oito pessoas por camarote).

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 04)