Promotoria Militar abre inquérito sobre agressão do pelotão de cavalaria a torcedores no Mangueirão

Três torcedores – pai e dois filhos – foram agredidos covardemente por três policiais militares do pelotão de cavalaria, ontem à noite, do lado de fora do estádio Mangueirão. A cena foi gravada por outros torcedores no final da partida entre Remo e Caeté, pelo Campeonato Paraense. As vítimas são torcedores azulinos, o autônomo Hamilton Gama, 43 anos, e seus dois filhos Lucas, 18 anos, e Pedro, 13. Os três sofreram ferimentos pelo corpo. Um dos adolescentes teve um corte no braço. O ato de violência revoltou as pessoas que assistiam a cena.

As imagens mostram o pai e seus dois filhos correndo, perseguidos pelos policiais. Em dado momento, um dos jovens é atingido nas costas por uma espécie de cassetete. O pai grita com os PMs para pararem a agressão. “Não bate no meu filho, porra”, diz Hamilton, indignado.

Eles chegaram atrasados e entraram por um acesso do estacionamento que estava isolado com uma folha de madeira, por onde vários torcedores também estavam entrando. “Acho que eles isolaram essa entrada porque não tinha muito público, mas várias pessoas estavam entrando por lá, e eles não falaram nada. Eu sempre compro estacionamento antes, mas, como dessa vez, decidimos em cima da hora, quando cheguei tinha esse ‘tapume’. Como várias pessoas estavam entrando, nós fomos também”, contou Hamilton.

ESPANCAMENTO E COVARDIA

Os três PMS – dois homens e uma mulher – chamaram a atenção de Hamilton dizendo que ele não poderia entrar por lá. Nesse momento, teriam começado as agressões. “A mulher me deu um tapa na cabeça, eu disse que ela não poderia fazer isso e questionei por que não fez com as outras pessoas. Resolvi então entrar e procurar outros PMs e perguntei onde poderia fazer uma denúncia”, explicou.

Hamilton e os filhos entraram e conseguiram assistir a partida, mas, na saída do jogo, quando caminhavam para o local onde estacionaram o carro, os mesmos policiais já os esperavam do lado de fora e passaram a segui-los. “Eles esperaram chegar num lugar escuro para começar as agressões. Jogaram os cavalos em cima da gente. Bateram nas minhas costas, na minha cabeça. Só consegui proteger um dos meus filhos, que foi para trás de um carro. Mesmo assim não reagi, não tinha como porque poderia pegar um tiro ali. A gente se sente impotente, não pode fazer nada, vendo seus filhos correndo e se colocando na frente da espada (cassetete) para não pegar neles.”

INQUÉRITO MILITAR

Após as agressões, Hamilton e os filhos buscaram atendimento em uma unidade de saúde e foram registrar ocorrência na delegacia. “A gente não fez nada! Ainda gritei quando peguei o primeiro tapa. Isso é abuso de poder, abuso de autoridade. Sempre venho no estádio com meus filhos, o menor vem desde os seis anos de idade, sou sócio torcedor. Sou trabalhador e fui agredido com meus filhos sem justificativa, num jogo tranquilo, que não tinha nenhuma confusão”, desabafou.

Em nota, a Polícia Militar informou que a corregedoria geral instaurou um inquérito policial militar para apurar o caso. Os policiais foram identificados e afastados preventivamente do serviço operacional até a conclusão das investigações. A PMPA reiterou que “não compactua com nenhum desvio de conduta por parte de seus integrantes” e que irá apurar com rigor o caso.

O promotor militar Armando Brasil, que recebeu a denúncia da família agredida no entorno do Mangueirão, informou ao blog que vai instaurar ainda nesta quinta-feira (20) procedimento administrativo de acompanhamento da atuação da Polícia Militar em eventos esportivos. Ele avalia que a situação está fugindo ao controle, com uma sequência de episódios de violência e truculência nas cercanias do estádio.

COMANDANTE EXONERADO

O coronel PM Juniso Honorato foi exonerado do Comando de Policiamento Especializado em Belém e transferido para São Félix do Xingu, distante 1.100 quilômetros de Belém. Era o chefe de policiamento na noite do jogo entre Remo x Corinthians, pela Copa do Brasil, marcado pelo episódio em que 4 mil torcedores foram barrados pela PM, mesmo portando ingressos.

Na primeira entrevista sobre o episódio, o coronel chegou a insinuar que tinha recebido ordens para impedir a entrada, fato negado pela diretoria do Remo. Depois, afirmou que o estádio estava lotado, o que foi desmentido pelas imagens da área de cadeiras do Mangueirão, com vários espaços para o público.

O Boletim Geral da Polícia Militar publicou na edição da última terça-feira (18), a exoneração do coronel Juniso Honorato e Silva, do posto de comandante do Policiamento Especializado. Entre as atribuições do destacamento, estava a de promover o policiamento e a segurança na partida entre Clube do Remo e Corinthians, pela Copa do Brasil, no último dia 12.

Conforme o Boletim Geral nº 074, de 18 de abril de 2023, além da exoneração do cargo, que o militar seja transferido para a Comissão de Correição do Comando de Policiamento Regional XIII, localizada no município de São Félix do Xingu, na região sul do Pará. (Com informações do DOL, Rádio Clube e UOL)

2 comentários em “Promotoria Militar abre inquérito sobre agressão do pelotão de cavalaria a torcedores no Mangueirão

  1. Evite estádios de futebol. Lugares perigosos para sua integridade física e até para sua vida. O perigo vem de todos os lados, inclusive daquele que teoricamente tem a função de proteger você, cidadão torcedor.

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