Ninguém questiona o fato de que a palavra de Deus é bem-vinda sempre. Ocorre que, quando é transmitida aos berros e amplificada com o uso de megafone dentro de um ônibus lotado, a coisa periga virar desrespeito. Nesta terça-feira, 11, passageiros de um coletivo da linha de Icoaraci foram obrigados a ouvir uma pregação que durou quase toda a duração da viagem até o centro de Belém. Sem pedir licença, um homem que se identificou como religioso lançou mão de um megafone para expor recomendações e expressões bíblicas, censurando práticas de outros credos e religiões.
As pessoas que estavam ali torcendo para chegar o mais rápido possível aos seus destinos tiveram que escutar a longa peroração, com objetivos doutrinários e incluindo pedidos de doações. O mínimo de conforto e sossego é assegurado a quem viaja, pagando pela passagem, e esperando não ser perturbado.
O cidadão do megafone (foto acima), aparentemente autorizado pelo condutor do ônibus, se meteu até a dar pitacos sobre moral, além de endereçar críticas aos que usam velas em suas celebrações, num óbvio ataque a católicos e umbandistas, como se lhe fosse permitido cometer assédio e dar lições às pessoas.
Por misericórdia, alguém precisa urgentemente reordenar as regras de comportamento dentro dos veículos de passageiros em Belém. Antes, o usuário já tinha que reservar uma boa dose de paciência para aturar o discurso de dezenas de vendedores de bugigangas – balas, bolachas e até mingau de milho.
“Eu podia estar roubando, assaltando, mas tou aqui pra oferecer esses produtos para vocês…”. Era o começo do processo de venda, que se repetia a cada nova parada.
Agora a coisa mudou, para pior, o passageiro paga a passagem e é forçado a ouvir pregação religiosa de pé quebrado. Haja paciência!
(Informação extraída de postagem da jornalista Rose Maria Barbosa no Facebook)