O Remo foi o time que mais buscou o gol e a vitória. Por isso, saiu vitorioso no primeiro clássico do ano, na tarde deste domingo no Estádio Olímpico Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), aberto para evento-teste e reunindo 25 mil espectadores. A partida valeu pela semifinal da Copa Verde. Muriqui fez o único gol do confronto, aos 27 minutos do primeiro tempo, finalizando com categoria um contra-ataque puxado pela meia Pablo Roberto.
Na etapa final, um festival de expulsões quase estragou o jogo. Genilson foi expulso (recebeu o segundo amarelo) após entrada violenta em Muriqui. Diego Tavares saiu um minuto depois, após levar também o segundo cartão. Logo em seguida, um sururu no meio-de-campo gerou mais duas expulsões: Richard Franco (CR) e João Vieira (PSC). Quase ao final, Gabriel Davis recebeu o vermelho após sarrafada em Ronald.
Três expulsos do lado bicolor, dois do lado azulino. O Remo controlou as ações nos 10 minutos finais e saiu com o resultado que lhe dá a vantagem do empate para a segunda partida da semifinal, quarta-feira (29), também no Mangueirão, às 20h.
A oitava rodada do Campeonato Paraense foi jogada na manhã deste domingo, com exceção do clássico Remo x PSC (que será realizado no dia 9 de abril), e definiu os classificados para a fase de quartas de final, bem como os dois rebaixados para a 2ª divisão.
Classificados da 1ª à 8ª posição, na ordem: Remo, PSC, Águia de Marabá, Cametá, São Francisco, Castanhal, Tuna Luso e Caeté. Permanecem na primeira divisão em 2024: Bragantino e Tapajós. Times rebaixados: Itupiranga e Independente de Tucuruí.
Sempre houve e haverá amistosos em um ciclo de Copa do Mundo. Não são jogos que significam muita coisa, mas eles sempre têm uma razão de ser. Seja para o técnico observar jogadores, testar sistemas táticos, alternativas, o que for. Desta vez, temos um caso de um jogo que não serviu para absolutamente nada. Quer dizer, quase nada. Ao escalar Andrey como titular, Ramon fez o serviço para o jogador e para o Chelsea, que tem fortalecido o processo burocrático em busca do visto de trabalho do jogador. Estavam lá João Gomes e André, convocados, jogadores com mais consistência na carreira recente do que Andrey.
Jogadores mais certos para o novo ciclo da Copa do Mundo, não tiveram um minuto sequer em campo. Mas Ramon quis ajudar o Chelsea, não a própria causa. No meu ponto de vista, perdeu, além de uma chance, credibilidade. Seleção brasileira não serve para ajudar clube inglês.
Se fosse para ajudar alguém, que ajudasse o Vasco não convocando Andrey e contribuindo para que o empréstimo fosse mais duradouro. Mas o ideal mesmo seria que jogadores fossem convocados pela qualidade, condição no momento, perspectivas. Enfim, que politicagens, ajudas e influências de empresários ficassem fora da conta.
Dito tudo isso, era um jogo complicado, contra uma seleção motivada, em casa, com uma ótima Copa no retrospecto e para quem o amistoso era mais do que um jogo. A escolha da partida não foi muito boa para uma seleção sem técnico.
Se perde, só serve para gerar certo desespero em busca de um nome. Se ganha, não significaria nada para a seleção e para o ciclo, porque, afinal, o Brasil chegará a 2026 com outro cara no comando.
A CBF ainda não conseguiu definir o novo comandante e está à espera de Carlo Ancelotti. Talvez tenha recebido algum aceno, mas eu não ficaria muito confiante. Não há palavra – ainda mais de agente – que importe. Há assinatura. Isso sim é o que vale. São muitas as variáveis, entre elas a seleção brasileira dos clubes – o Real Madrid – e o fato de o italiano nunca ter se interessado por futebol de seleções. Que Ancelotti acorde um dia em maio e pense “é, veramente, não quero ir morar no Brasil e treinar uma seleção” não é um absurdo.
Qual o plano B? Ramon, obviamente, não pode ser. Além de não ter experiência alguma e curriculum para isso, mostrou ontem não estar à altura. Inventou a roda ao colocar Rodrygo enfiado entre os zagueiros e Rony aberto na ponta, quando ambos têm atuado melhor em seus clubes em posições invertidas. Além, claro, da questão Andrey.
Se Ancelotti não topar, a CBF pulará do plano B diretamente para o plano D, de desespero. E aí pode vir qualquer coisa. Eu apostaria em outro D, o de Diniz. Mas, para isso, precisa ganhar o Carioca com o Fluminense e colocar um título no curriculum. Ou então o plano J, de Jesus.
Não conheço torcedor que não seja nostálgico, refém das memórias especiais que o futebol proporciona, enfeixando triunfos e conquistas que se misturam com a trajetória de vida de cada um. Por isso, existem os clássicos, aqueles jogos que por mil razões rompem a barreira do convencional. Assim se insere o Re-Pa no imaginário do torcedor paraense.
Passa longe do conceito de um jogo comum. É mais que isso. É um acontecimento que extrapola as dimensões do campo e do próprio estádio. Invade as ruas e as casas, une e divide famílias, aproxima e distancia pessoas. Não é só futebol.
O clássico deste domingo guarda algumas semelhanças gostosas com os românticos anos 60, quando o dérbi era transmitido pelas ondas do rádio, sem televisão mostrando ao vivo. Os privilegiados que iam ao estádio testemunharam acontecimentos históricos – como o Papão batendo o poderoso Peñarol ou as diabruras de Amoroso com a camisa do Leão.
Depois de muito tempo, teremos – pelo menos até sexta-feira era o que se informava – um Re-Pa sem exibição na TV. A alternativa para quem não estiver no Mangueirão é ouvir a Rádio Clube do Pará e/ou acompanhar pelos canais do YouTube, plataforma que vai avançando e conquistando espaço nas transmissões esportivas.
Diante da grandeza que o Re-Pa carrega, nada é mais importante que o reencontro do clássico com a torcida no maior palco de futebol do Estado. A reinauguração oficial do estádio Jornalista Edgar Proença será no dia 9 de abril, mas os dois embates pela Copa Verde servem como eventos-teste, espécie de degustação para as massas.
É inegável a relevância da Copa Verde, principalmente por proporcionar ao campeão a classificação direta à 3ª fase da Copa do Brasil, mas o torcedor vai hoje ao novo Mangueirão para extravasar a saudade acumulada em todo esse tempo de espera pelo choque-rei. Evento único, o clássico tem o poder de paralisar o Estado durante 90 minutos.
Desde 2021 não havia um Re-Pa no estádio Jornalista Edgar Proença. Quis o destino que, de uma só tacada, a torcida tenha a oportunidade de três clássicos enfileirados nas próximas duas semanas. Que toda essa expectativa seja plenamente recompensada com grandes jogos, plenos de emoção e grandes jogadas.
Ações de meio-campo podem decidir o clássico
É indiscutível que a fase remista é melhor que a do rival. Os comandados de Marcelo Cabo acumulam 11 vitórias em 12 jogos, envolvendo três competições diferentes. Do lado alviceleste, a campanha instável no Parazão vem acompanhada de jogos pouco convincentes na Copa Verde.
A atuação trôpega de quinta-feira diante do Princesa do Solimões expôs as limitações da equipe dirigida por Márcio Fernandes. Os 45 minutos iniciais foram angustiantes. O PSC se apequenou, como se fosse visitante em sua própria casa.
O triunfo na série de penalidades fez a torcida explodir de felicidade, mas não escondeu os maus pedaços vividos ao longo dos 90 minutos. Tudo isso pode fazer o observador desavisado imaginar um favoritismo do Remo nas semifinais do torneio inter-regional. Nada mais enganoso.
Um clássico centenário como o Re-Pa não costuma abrir brechas para vantagens circunstanciais. Podem existir diferenças e até um certo desnível técnico, mas tudo acaba por se nivelar num jogo que frequentemente é decidido em detalhes, alguns até por acidente, e é disputado sempre no limite máximo de garra e entrega.
Caso fosse dar uma pista sobre os caminhos que podem decidir a parada, neste domingo, apostaria no funcionamento do meio-campo. As rédeas da partida passam pelo desempenho dos dois criativos em ação. Pablo Roberto e Ricardinho. Juventude versus experiência.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h30, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião. Em pauta, o primeiro Re-Pa do ano, válido pelas semifinais da Copa Verde, e a oitava rodada do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar.
Vice-campeã esbanja classe no primeiro jogo pós-Copa
Mbappé (2), Griezmann e Upamecano marcaram os gols da França contra a Holanda, sexta-feira, pela rodada de abertura do Grupo B das eliminatórias da Eurocopa 2024. A vitória foi construída brilhantemente no primeiro tempo, com grande performance de Kylian Mbappé, promovido a capitão com a aposentadoria de Lloris. Um jogo bonito de ver.
Confirmei a impressão que tive na Copa do Qatar, quando os franceses chegaram à final e só não levaram a taça porque do outro lado havia uma brutal torcida em torno de Lionel Messi, o que tornou impossível outro resultado que não fosse o título para os argentinos.
Naquela noite, em Lusail, foi possível perceber que o time destinado a sobreviver em alto nível por mais duas Copas é o francês. A seleção azul tem hoje a maior quantidade de craques à disposição. Alguns estavam em campo contra a Holanda e não negaram fogo.
Além de Mbappé, um fora-de-série, outros jogadores excepcionais integram a seleção de Didier Deschamps. A safra é tão boa que nem a aposentadoria precoce de Varane, Lloris, Frey, Blaise Matuidi e Benzema, que se despediu um dia depois da Copa, abala o poderio do escrete.
(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 26)