Classificação no sufoco

POR GERSON NOGUEIRA

Foi um jogo horroroso – por parte do PSC. O Princesa do Solimões (AM) foi superior, atuou dignamente, buscou o gol, trocou passes com inteligência e teve chances de sair vitorioso no tempo normal, pecando na hora de definir. No final, a vitória sorriu para o time bicolor nas penalidades, mas a classificação veio embrulhada em drama e sufoco.

O desempenho do Papão faz crer que, mesmo que houvesse prorrogação, a equipe não encontraria o caminho do gol. O mais perto que chegou disso foi na etapa final, em jogada de Bruno Alves, que errou o arremate final.

No restante do confronto, a bola esteve sempre sob poder do Princesa, que no 1º tempo se distribuiu em campo com tanta organização e segurança que parecia ser o mandante. O PSC recuava, sofria com a pressão amazonense e demonstrava um certo incômodo dentro de sua própria casa.

O torcedor reagiu inicialmente tentando incentivar, ajudar a levantar o ânimo do time, mas aos poucos ficou evidente que não havia muito o que fazer. Em campo, Ricardinho era um dos poucos a buscar estabelecer uma conexão entre os setores da equipe, em vão.

Bruno Alves e Mário Sérgio lutavam sozinhos, muito distanciados contra uma zaga firme, que não dava espaços. Os laterais Samuel e Eltinho poucas vezes se arriscaram a passar do meio-campo. Tudo porque o técnico Aderbal Lana posicionou o Princesa de forma compacta.

Ao contrário da desarrumação do PSC, o Princesa jogava de forma tranquila, consciente do que podia fazer. Conduziu o os 45 minutos iniciais sempre um nível acima do Papão.

Aos 28 minutos, Juninho cobrou falta com perigo e Thiago Coelho defendeu. Logo em seguida, Aleílson arrematou, mas a bola bateu em Wanderson e saiu por cima da trave. Koffi fez um disparo forte, aos 38’, mas o goleiro defendeu depois de um desvio da bola.

No 2º tempo, empurrado pela torcida, o PSC começou melhor e mais presente no ataque e ligeiramente mais animado, porém só foi agudo no lance de Bruno Alves. A movimentação melhorou, mas os erros de passe atrapalhavam a concretização das jogadas.

O jogo perdeu muito em intensidade nos minutos finais, pois o Princesa saía com facilidade de seu campo, mas não aprofundava os lances. O PSC se dedicava a dar chutões para os lados, sem objetividade.

Com novo empate em 0 a 0 nos 90 minutos, a decisão ficou para as penalidades. Os bicolores acertaram todas as cobranças, Thiago agarrou um dos penais e o Papão garantiu a classificação.

Em muitos momentos, ficou a impressão de que o PSC estava mesmo interessado em terminar o jogo e partir para as penalidades, não confiando nas próprias forças. Nas penalidades, Thiago Coelho pegou uma cobrança, os bicolores acertaram todos os tiros e a classificação finalmente veio, para festa do torcedor na Curuzu.

Mangueirão vai receber uma dose tripla de Re-Pa

Sacramentada a classificação de Remo e PSC para disputar as semifinais da Copa Verde, o estádio estadual Jornalista Edgar Proença vai finalmente ser aberto para receber o maior clássico da Amazônia. E, para matar a saudade da torcida, serão logo três jogos entre os velhos rivais.

Os dois primeiros jogos serão no próximo domingo, 26, e na quarta-feira 29 de março. O terceiro, no dia 9 de abril, será o da grande festa de reinauguração do estádio, após sua mais completa reforma e restauro.

A partir do que ficou deliberado na semana passada, os dois clássicos da Copa Verde serão realizados como evento-teste, a fim de avaliar a capacidade de público do Mangueirão. No primeiro, a capacidade será de 25 mil. Para o segundo, 30 mil espectadores.

Depois dos jogos de caráter experimental, o estádio Jornalista Edgar Proença poderá receber até 51 mil torcedores no jogo festivo do dia 9, válido pela 8ª rodada do Campeonato Paraense.

A confirmação da presença dos clubes paraenses nas semifinais da Copa Verde, além de reafirmar a hegemonia no futebol nortista, oportuniza a chance de dois jogos decisivos antes da inauguração.

Até em amistoso festivo, Messi faz história

Vi a parte final do jogo entre Argentina e o time B do Panamá. Pura festa. Mais de 80 mil pessoas no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, cantando para tributar os campeões do mundo, mas Messi novamente foi o dono do espetáculo. Marcou o segundo gol em cobrança espetacular de falta, no ângulo. Simplesmente o 800º gol de sua vitoriosa carreira.

Messi concentrava as atenções, como é natural, mas o time todo da Argentina parecia pouco interessado no jogo. Muitos passes errados e dificuldades para superar o atrapalhado time panamenho.

Quando o jogo parecia se encaminhar para um magro 1 a 0, uma falta nas proximidades da área deu a chance para o camisa 10 fazer o que é uma de suas especialidades: a cobrança perfeita, milimétrica, lá na gaveta esquerda. Sem chances para o goleiro.

Depois do jogo, os campeões foram novamente reverenciados, com medalhas e réplicas da Copa Fifa, entregues sob aplausos da multidão em delírio. Todas as musiquinhas de provocação foram cantadas e ficou no ar a sensação de que a Argentina não vai parar de festejar tão cedo esse tricampeonato.

Responsáveis maiores pelo triunfo no Qatar, Messi e o técnico Scalone foram os mais festejados. Justo. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 24)

Etarismo existe há tempos, bem antes da postagem das jovens estudantes de Bauru

Apesar de todos os pesares, esta postagem descabida teve o mérito de suscitar (ressuscitar?) a discussão sobre o etarismo, um preconceito antigo, mas ainda muito praticado, de maneira sempre sutil, no mercado de trabalho, contra aqueles grisalhos com mais de 40 anos 

Por João Fortunato (*)

A infeliz brincadeira, baseada em preconceitos e ignorância, de três jovens estudantes do curso de Biomedicina da UniSagrado, da cidade de Bauru, que teve como alvo de suas chacotas – postadas em redes sociais – uma colega de classe na faixa dos 40 anos de idade, apesar de tudo de ruim que possa embalar esta estupidez, teve sim um mérito: o de ampliar a discussão sobre o etarismo.

O preconceito com os “jovens veteranos de cabelos brancos” começa mesmo nesta faixa de idade, aos 40 anos. Não é novo e nem foi inaugurado por estas garotas recém-saídas da adolescência. Existe há tempos e é praticado rotineiramente em diferentes setores da sociedade, porém, é acentuado no mercado de trabalho. Nele, o etarismo, como é denominado este tipo de preconceito, é driblado de forma tão sutil que fica até difícil de ser comprovado.

Se algum leitor jovem discorda, basta então perguntar para qualquer “quarentão ou quarentona”, com grisalhos aparentes ou, então, esperar chegar aos quarenta anos de idade para, num “experimento pessoal”, sair em busca de emprego. E de antemão fica o alerta: não importa a qualidade do seu currículo, a desculpa corporativa será a de sempre, de que a vaga foi preenchida por outro candidato mais adequado ao perfil exigido para o posto. E não se deixe abater pela primeira negativa, ou melhor, percepção de que a sua idade e seus cabelos brancos, apesar do seu vigor físico e mental, além da sua experiência e currículo de peso, se tornaram uma barreira na busca de trabalho. Mantenha a espinha ereta, a cabeça erguida e siga em frente, com altivez, até que uma empresa livre deste tipo de preconceito lhe abra a porta.

Interessante observar que após o caso das “meninas da UniSagrado” vir à tona, uma corrente de indignação e solidariedade se formou nas redes sociais. Parece até que foi um susto, um achado, algo inusitado, que a sociedade até então desconhecia. Nem uma coisa nem outra. O que essa indignação revela, em boa parte, é a hipocrisia, pois a estupefação foi manifestada também por aqueles que praticam o etarismo em suas empresas, porém, lá o fazem de maneira sutil, sem que possa ser tipificado. Nas plataformas profissionais ele salta aos olhos!    

A postura das empresas merece ser avaliada. Muitas dizem acompanhar os avanços da sociedade, que são apoiadoras e praticantes do ESG, porém, esquecem de acrescentar que tanto este o apoio como a sua pratica, em muitos casos, se restringem aos discursos públicos. Intramuros, a realidade é distinta: vale a máxima das meninas da UniSagrado.  

O sistema de previdência social no Brasil foi recentemente alterado para aliviar o caixa do governo porque aumentou a expectativa de vida dos brasileiros. Eles agora vivem mais, por isso podem e devem seguir trabalhando. Ou seja, para se aposentar devem trabalhar por mais tempo. E como isso pode acontecer se o início do seu final de labuta começa aos 40 anos de idade? Quando o universo corporativo vai se adequar de fato, não somente no discurso, a esta nova realidade?  

Contratar um indivíduo com 40 anos ou mais é levar dois em um. Nele estão incorporadas a experiência profissional e de vida. Imaginem o que ele pode oferecer para qualquer empresa, orientar e ensinar atalhos mais eficazes para os mais jovens, por exemplo. Quem contrata um jovem “de cabeça branca” nunca se arrepende.

Por estas e outras tantas razões, urge que se dê fim ao etarismo. Além do que, não se pode esquecer, jamais, que todos passam pelos 40 e se nada for feito até que completem esta idade, possivelmente sofrerão os mesmos e lamentáveis problemas. Inclusive as jovens estudantes da UniSagrado, ainda que pelo mau exemplo, suscitaram essa boa discussão. 

(*) Jornalista e coordenador da Brand Security – Comunicação Estratégica de Crise. É professor e mestre em comunicação e Cultura Midiática 

A vitória da intensidade

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo está classificado às semifinais da Copa Verde e o placar de 3 a 0 dá bem a medida do que foi a superioridade azulina na maior parte do jogo. Sim, o São Raimundo teve mais ou menos 15 minutos para criar algum problema e produziu pelo menos um susto, em cobrança de falta, que passou tirando tinta da trave de Vinícius no 2º tempo.

A partida começou do jeito que o Remo queria e precisava. Com a obrigação de fazer dois gols de diferença para superar a vantagem imposta pelo São Raimundo na partida de ida. Aos 5 minutos, Leonan foi à linha de fundo e cruzou para Richard Franco finalizar no canto esquerdo.

O ambiente já era festivo nas arquibancadas antes do gol e se transformou em celebração quando a rede balançou. Por quase 30 minutos, apesar do domínio amplo e de tentativas agudas com Muriqui, Pablo Roberto e Diego Tavares, o Remo não conseguiu ampliar o marcador.

Aos 33’, finalmente, a presença avassaladora do time no ataque surtiu efeito. Em nova investida de Leonan pela esquerda, indo até o fundo, a bola foi tocada para a chegada de Muriqui para marcar o segundo gol.

O final do 1º tempo mostrou o São Raimundo ensaiando saídas para o ataque, diante de um ligeiro recuo azulino. Por cansaço ou acomodação, o Remo começou a aceitar os avanços comandados por Tavinho e Panda. Não houve lance claro de perigo, mas o visitante mostrava suas garras.

Veio a segunda etapa e, antes dos 15 minutos, o Remo desperdiçou quatro grandes chances. Muriqui, Pablo Roberto, Richard Franco e Pedro Vítor quase conseguiram marcar o terceiro gol.

Aí, de repente, o São Raimundo passou a atacar aproveitando novo recuo dos azulinos. Na melhor situação criada, aos 20’, Panda cobrou falta com extremo perigo. A bola resvalou na zaga e passou muito perto do poste direito de Vinícius.

Foi então que Marcelo Cabo fez mudanças no time que deram mais tranquilidade num momento que ameaçava ficar tenso. Entraram Paulinho Curuá, Ronald, Fabinho e Jean Silva. Logo de cara, Ronald partiu para cima da marcação e foi derrubado com violência, o que levou à expulsão do zagueiro Allan Rosário.

Seria atingido logo em seguida com nova sarrafada, mas o Remo já havia retomado o controle pleno do jogo e chegou ao terceiro gol aos 46’. Pablo Roberto roubou a bola junto à área e tocou para Jean Silva disparar, rasteiro, no canto direito da trave do São Raimundo.

Vitória mais do que merecida, conquistada pela postura de pressão desde os primeiros minutos e pela intensidade aplicada ao jogo.

Conexão entre torcida e time vira grande trunfo azulino

Poucas vezes o time do Remo conseguiu, nos últimos anos, uma integração tão forte com o torcedor. O primeiro grande espetáculo da torcida havia ocorrido no jogo com o São Luís-RS, decidindo vaga na terceira fase da Copa do Brasil. Naquela noite, a participação da massa foi fundamental para empurrar o time à vitória.

Ontem, na luta para chegar às semifinais da Copa Verde, a torcida marcou presença outra vez de forma acachapante, lotando as dependências do Baenão. A maneira como o time se aplica ao jogo acaba por gerar uma identificação muito forte com os sentimentos da torcida.

Alguns dos atletas do atual elenco do Remo visivelmente nunca tinham jogado para uma torcida tão apaixonada e presente aos jogos. O próprio técnico Marcelo Cabo não cansa de ressaltar o papel admirável desempenhado pelo Fenômeno Azul.

As expectativas estão sendo preenchidas a cada jogo, aumentando o entusiasmo da torcida, o que deve garantir espetáculos ainda mais festivos nos jogos das semifinais da Copa Verde, principalmente se o confronto for contra o maior rival.

Papão chama Fiel para decisão com o Princesa

Havia dúvida e controvérsias até ontem pela manhã quanto à presença de torcida no jogo PSC x Princesa do Solimões (AM). Os bicolores têm punição a cumprir – dois jogos de portões fechados – e inicialmente parecia que o confronto desta noite seria sem a presença da Fiel bicolor.

Depois de várias reuniões e consulta à CBF, a diretoria do Papão decidiu que as perdas de mando serão cumpridas no Campeonato Brasileiro da Série C, o que abriu a perspectiva de ter o calor da galera para buscar a classificação às semifinais do torneio regional.

É claro que o PSC tem amplo favoritismo para o jogo, independentemente da presença ou não de torcida, mas com apoio vindo das arquibancadas as coisas normalmente fluem melhor.

Para se classificar, o time de Márcio Fernandes precisa vencer pela contagem mínima, pois o primeiro jogo, em Manacapuru, terminou 0 a 0. A expectativa é de que a equipe titular tenha a volta do zagueiro Genilson e do volante João Vieira, que não jogaram contra a Tuna, sábado.

Sem poder contar com os reforços Vinícius Leite e Edilson, que não estão inscritos na Copa Verde, Márcio Fernandes vai ter o ataque utilizado no Parazão: Bruno Alves, Mário Sérgio e Vicente. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 23)

Promotor caçado pelo PCC culpa Moro por colocar sua vida em risco e acusa-o de “mentir reiteradamente”

Por Vinícius Segalla, no DCM

O promotor de São Paulo Lincoln Gakiya, um dos alvos do PCC no plano de execução de autoridades nacionais – debelado nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal -, recebe ameaças de morte da organização criminosa desde 2004, quando deu início ao trabalho de investigação e denúncia dos líderes do tráfico de drogas em São Paulo.

Mas, de acordo com ele, foi graças à inação do senador Sergio Moro (União-PR), enquanto era ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em 2019, que foi criado o último plano concreto do PCC para tirar a sua vida.

Para Lincoln Gakiya, Sergio Moro é um mentiroso (“mentiu mais de uma vez e é mal-informado”), fez uso político das ações dele, Gakiya, para tomar para si os méritos da transferência de Marcola (Marcos Camacho) para um presídio federal em Rondônia e não se preocupou com a segurança dos agentes da lei envolvidos na operação.

No dia 13 de fevereiro de 2019, as manchetes dos principais veículos da mídia comercial estampavam, com pequenas variações, a seguinte manchete: “João Doria transfere Marcola com ajuda de Sergio Moro”.

Alguns sites e jornais foram além, celebrando a transferência do traficante como o primeiro golpe do então ministro da Justiça contra o crime organizado no Brasil. “Informou”, por exemplo, um grande portal:

O ministro da Justiça, Sergio Moro, deu hoje seu primeiro grande passo no combate ao crime organizado com a transferência de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Marcos Henrique Camacho, o Marcola, e mais 21 suspeitos de integrar o grupo foram removidos para presídios federais.

A verdade, porém, não assiste à imprensa, pelo menos de acordo com Lincoln Gakiya, o responsável pelo pedido à Justiça de São Paulo pela remoção de Marcola e outros líderes da facção.

Crítico há anos de Sergio Moro e seus métodos de atuação política, o promotor explicou, no dia 30 de junho de 2020, em entrevista ao jornal “El País”, que o então ministro da Justiça nada teve a ver com a transferência.

AS MENTIRAS DE MORO

Pelo contrário: por motivos políticos, Moro teria inclusive se afastado da operação, contrariando compromisso assumido por ele e por Jair Bolsonaro de dar suporte ao promotor no combate ao PCC, deixando-o como alvo prioritário da organização criminosa. Leia abaixo o que disse o promotor ao periódico espanhol em junho de 2020:

“Existe uma ordem da cúpula do PCC para que me matem. Acabei sendo o único responsável pela transferência, no começo de 2019, dos líderes para o sistema penitenciário federal. Era uma questão de segurança, porque havia um plano iminente de resgate.

Houve um acordo inicial para que a solicitação fosse coletiva, dos secretários estaduais de Segurança, das administrações carcerárias (Ministério da Justiça), do Ministério Público e minha, mas coincidiu com uma época de transição política muito difícil, desistiram, e me vi compelido a fazer sozinho.

Portanto a solicitação não foi feita, com todo respeito, nem pelo (então) ministro da Justiça, Sergio Moro, nem pelo (então) governador de São Paulo, João Doria. Eu assinei o pedido e o juiz tomou a decisão. Para o PCC, acabei como a figura pública que pediu historicamente sua transferência para fora do Estado de São Paulo, e ficou como uma coisa pessoal. E isso é ruim.”

Acostumado a mentir, Jair Bolsonaro, durante sua campanha à reeleição, em outubro de 2022, repetiu mais duas vezes a mesma inverdade, sendo a segunda vez auxiliado pelo então candidato ao Senado Sergio Moro, durante debate realizado pela TV Globo. Assim mentiu o então candidato:

“Teve que eu chegar em 2019, juntamente com o ministro Sergio Moro, para que nós então tirássemos o Marcola de presídio estadual aqui em São Paulo e mandasse para um presídio federal.”

Novamente, coube ao promotor Lincoln Gakiya desmentir a dupla, o que fez em mais de uma oportunidade. No dia 29 de outubro de 2022, em entrevista ao site Metrópoles, o promotor explicou de novo que o governo federal nada teve a ver com a transferência da cúpula do PCC para fora do Estado de São Paulo.

Também aproveitou para desmentir outra fake news muito repetida pelo então presidente em campanha pela reeleição, de que os líderes do PCC mantinham um diálogo frequente com lideranças do Partido dos Trabalhadores no ano de 2006, e que, por causa disso, os traficantes não teriam sido transferidos naquela época para presídios fora de São Paulo.

No dia seguinte, o promotor deu nova entrevista, desta vez para a agência de notícias “Estadão Conteúdo”, dizendo com todas as letras que Sergio Moro era “mal-informado” e que contava reiteradas mentiras. Leia trechos abaixo:

“Não há e nem poderia haver nenhuma ingerência do governo federal, seja através do presidente Bolsonaro, seja através do ministro Moro nessa remoção, até porque, como já mencionei, não lhes cumpria fazê-lo, portanto é mentirosa a afirmação do Moro que após dois meses de governo eles ‘determinaram’ a remoção do Marcola para o sistema federal.

(…)

Pode consultar o processo de remoção e verá que não há lá uma linha sequer com assinatura de nenhum desses políticos.

(…)

Nos entristece saber que políticos e até um ex-juiz alterem a verdade para tentar obter algum ganho político dessa história. No final dessa história fiquei com o ônus da operação, pois o PCC sabe que sou o ‘único’ responsável por ela e os políticos com o bônus.”

Na mesma entrevista, o promotor ainda desmentiu novamente a história de que o PT teria agido, no ano de 2006, para que Marcola e seus comparsas permanecessem presos em São Paulo:

“Moro, de maneira deliberada e intencional, inverte a verdade. Mente outra vez o Moro ou está mal-informado porque, em 2006, nunca se cogitou, seja pelo governo do Estado de SP, seja pelo Ministério Público, pedir a remoção dos presos para o sistema penitenciário federal.”

Abaixo, em vídeo, o jornalista Josias de Souza analisa a postura equivocada de Sergio Moro em relação às ações do crime organizado: