Rock na madrugada – Guns N’ Roses, “Paradise City”

Videoclipe oficial de “Paradise City”, interpretada com gana por Axl Rose, apresentando ao mundo o Guns N’ Roses em seu álbum de estreia, ‘Appetite for Destruction’, ainda com Izzy Stradlin (guitarra) e Duff McKagan (baixo). Poucas vezes o rock acreditou tanto na longevidade de um grupo. Ledo engano, como se veria depois. Axl e Slash formavam uma dupla musicalmente afinada, capaz de produzir barulho no nível apropriado para capturar uma legião de fãs, que continua fiel à banda, mesmo diante do fiapo de voz de Axl. Os excessos habituais – drogas e álcool – limitaram a fase criativa do grupo a menos de uma década.

Fundado em 1985, em Los Angeles, o Guns veio na esteira do pós-punk e da decadência do metal pesado, aproveitando os espaços concedidos pela então dominante MTV. Ao longo da carreira, repleta de despedidas e recomeços, lançou seis álbuns de estúdio, três EPs e um álbum ao vivo. Vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo – 43 milhões somente nos Estados Unidos. Cover de si mesmo, o Guns ainda se arrasta por festivais, exclusivamente pela insistência de Axl e a complacência de plateias nostálgicas dos bons tempos da banda.

2 comentários em “Rock na madrugada – Guns N’ Roses, “Paradise City”

  1. Guns N’ Roses
    PARTE 1: A história de seu surgimento e os primeiros sucessos
    Na década de oitenta, o Rock era um gigantesco caldeirão de tendências e estilos. Chacoalhado pelo movimento punk iniciado na segunda metade dos anos setenta, a música ainda sofria as consequências daquele terremoto, sendo constantemente redesenhada por bandas do próprio punk-rock e de novos estilos, como o New Wave e o Glam Rock, além dos clássicos, que mantinham-se vivos através de grandes bandas ainda em atividade, tais quais os Rolling Stones, Aerosmith e etc..

    Em meio a essa mistureba de influências, o embrião do Guns N’ Roses começou a se formar em 1984, quando Slash e seu amigo Steven Adler formaram uma banda chamada “Road Crew”. Ainda incompleto, o grupo começou a procurar por um baixista, sendo justamente nesse processo que os dois conheceram um moleque de dezenove anos, com quase um e noventa de altura, chamado Michael, mas que atendia pelo nome de Duff McKagan, e que por talento e empatia com Steven e Slash entra de imediato para a banda. Naquele mesmo ano, os três conhecem um grupo chamado “Hollywood Rose”, que tinha Axl Rose como vocalista e Izzy Stradlin como guitarrista. Embasbacados com o talento de Izzy e o poder vocal de Axl, eles começam a manter contato com o conjunto e, principalmente, com a dupla que tanto os impressionou.

    Entretanto, a química entre eles demorou um pouco mais para explodir. Entre o dia em que Slash, Steven e Duff conheceram Axl e Izzy e o dia em que a formação original do Guns se consolidou, muita coisa aconteceu. O Road Crew se desfez e Slash foi parar no L.A.Guns, que era um grupo que vivia trocando de membros e tocando junto com o Hollywood Rose. Apesar do sucesso local, com algumas composições originais, tanto o Hollywood Rose quanto o L.A.Guns acabaram se desmantelando no final de 1984 (o último show do Hollywood Rose foi na virada do ano 1984/1985). Com isso, Axl e Izzy se juntam a Tracii Guns, Ole Beich e Robbie Gardner e montaram uma nova banda, que é batizada com a junção dos nomes de seus antigos grupos: Guns N’ Roses.

    Ainda assim, essa formação não dura muito, tendo se apresentado uma única vez em 1985. Pouco tempo depois, Ole Beich deixa o grupo, sendo substituído por Duff McKagan, que, posteriormente, convida os seus antigos parceiros de Road Crew para trabalharem com eles quando Tracii Guns e Robbie Gardner também saem da banda. Depois de todas essas idas e vindas, tem-se, finalmente, a primeira formação relevante do Guns: Axl Rose, Izzy Stradlin, Duff McKagan, Slash e Steven Adler, cujo primeiro show juntos foi no Troubadour, em Los Angeles, na data de 6 de Junho de 1985.

    Apesar do impacto imediato que causaram, os tempos de vacas magras ainda durariam mais alguns anos, até porque naquela época eles só não eram sem tetos porque dormiam nas casas de algumas de suas amigas strippers.

    O símbolo dessa miséria pela qual a banda passava, e também de sua determinação, é a famosa “Seattle Hell Tour” (vídeo com a historinha abaixo =D) que não apenas tirou o grupo do conforto de L.A., onde conheciam os lugares, tinham um público e etc., como também uniu aquelas cinco pessoas depois de terem passado por absolutamente todos os problemas e imprevistos possíveis no caminho de Los Angeles até Seattle.

    Após o fiasco que foi essa turnê, eles decidem fazer uma seção de fotos no Canters Deli, para ajudar a promover a banda, sendo que uma dessas fotos se tornou emblemática, mostrando não apenas a estética do grupo, mas também a determinação de cada um deles para serem reconhecidos como a maior banda de hard-rock do mundo, na qual, de fato, se tornariam.

    OBS: Foi justamente por não confiarem nessa viagem para Seattle que Tracii Guns e Robbie Gardner deixaram a banda.

    De volta para Los Angeles, a banda começou a crescer cada vez mais: os shows se multiplicavam e a sua base de fãs se tornava cada dia maior e mais sólida. Apesar disso, nenhuma gravadora demonstrava interesse em financiá-los, até porque a fama de seus membros não era das melhores, uma vez que poucos foram os grupos que realmente viveram o slogan do Rock N’ Roll com tanta intensidade quanto eles. Revezando entre as casas das suas amigas strippers e os apartamentos minúsculos que arrumavam, o quinteto vivia unicamente da banda, misturando uma sequência intensa de shows com as conhecidas histórias de abusos de drogas e álcool.

    Ainda assim, diferente da maioria das bandas hollywoodianas, eles não paravam de produzir música autoral (até porque nenhuma delas tinha um compositor do nível de Izzy Stradlin) e nem de correr atrás de gravadoras e contatos para a produção de seu primeiro disco.

    O único material em circulação que o grupo possuía era um EP chamado Live?!*@ Like a Suicide, que chegou às mãos da gravadora Geffen Records através da primeira empresária da banda, Vicky Hamilton.

    Vicky convenceu o empresário Tom Zutaut a assistir um show deles no Troubadour, no qual havia pouco mais do que vinte fãs. No dia seguinte Tom chamou a banda para dar uma passada em seu escritório, não demorando muito para que a Geffen oferecesse um contrato ao quinteto, estabelecendo um prazo para que eles produzissem um álbum, além de fornecer uma casa decente onde pudessem compor. Menos de um mês depois a casa fora destruída por eles, rendendo um prejuízo de vinte e dois mil dólares à gravadora.

    Em 21 de Julho de 1987, o Guns N’ Roses finalmente lança o seu álbum de debutante: Appetite For Destruction. Uma obra única: sombria, violenta e esculpida direto da vida nas ruas de Los Angeles. O disco sintetizava o espírito da banda naquela época, além de ser um suspiro de criatividade na indústria musical do final dos anos 80.

    Apesar de hoje o álbum ser praticamente uma unanimidade, ele demorou um pouco para engrenar. Cinco meses depois de seu lançamento, o AFD havia vendido somente duzentas mil cópias, o que era muito abaixo do esperado pela gravadora. As rádios se negavam a enquadrar o single Welcome To The Jungle em sua programação e a MTV não exibia o clipe por considerá-lo violento de mais.

    Em contrapartida, os shows do Guns se tornavam cada vez mais procurados. Um ponto de virada importante na carreira do grupo foi uma turnê do Aerosmith, na qual eles foram convidados como banda de abertura. Conforme o próprio Joe Perry (guitarrista do Aerosmith) conta, nos primeiros shows havia apenas um ou dois fãs da banda, enquanto que no final os publicitários estavam quase pedindo para que ela se tornasse a banda principal da turnê.

    Mesmo com tudo isso, o Appetite For Destruction permaneceu praticamente no anonimato por quase um ano, até que David Geffen (presidente da Geffen Records) começou a ligar para a MTV pedindo/exigindo/ordenando que eles transmitissem o clipe de “Welcome To The Jungle”, o que fez, finalmente, o canal colocá-lo em circulação, mas da pior maneira possível: Às seis horas da manhã e só para Nova York.

    Ainda assim, o clipe arrebenta, não demorando mais do que um ou dois dias para entrar no Top 10 dos mais pedidos da MTV. Todavia, o gatilho para o sucesso da banda ainda estava por vir, quando eles decidem gravar e colocar na grade da MTV o clipe de Sweet Child O’ Mine, que além de angariar um público maior, tornou-se um divisor de águas na história do grupo, transformando-o de uma banda promissora e autêntica que abria shows para o Aerosmith (e outras bandas grandes) em um sucesso internacional. Foi apenas uma questão de tempo para que o AFD entrasse nas listas de mais vendidos e o quinteto fosse jogado de vez na vida de rock stars para a qual eles foram feitos… Ou não.

    Com o sucesso de seu álbum de debutante, o Guns N’ Roses é chamado para tocar no importante festival Monsters of Rock, na Inglaterra em 1988, junto com grandes nomes como Iron Maiden, Kiss, The Bailey Brothers, Megadeth, dentre outros. O que parecia ser mais um grande passo na carreira dos cinco acabou se tornando uma tragédia. Com a fama de bad boys que criaram para si, a banda inegavelmente carregava uma atmosfera selvagem e os seus fãs se esforçavam para não ficar atrás. Em sua apresentação no festival, o público estava totalmente descontrolado, avançando contra o palco, brigando e vandalizando qualquer coisa que os impedissem de ficar o mais próximo possível de seus ídolos. A situação estava tão caótica que Axl teve que parar o show algumas vezes, pedindo para que as pessoas parassem de brigar e se afastassem do palco.

    O show em si tinha sido incrível, como todos os outros, mas enquanto a banda estava bebendo e relaxando no bar do hotel, o seu agente passa a notícia à Slash de que duas pessoas haviam morrido durante o show. Nas palavras do próprio guitarrista, eles foram, naquele instante, do mais alto ao mais baixo que uma banda pode chegar. Apesar de terem sido exonerados da culpa pela justiça, a mídia caiu em cima do grupo, rotulando o Guns como “A Banda Mais Perigosa do Mundo”.

    No final de 1988 a banda lança mais um álbum, que era, na realidade, uma extensão do EP Live ?!*@ Like a Suicide, acrescentado por três músicas inéditas (Patience, Used to Love Her e One In a Million) além de uma versão acústica de You’re Crazy, que era uma das faixas do Appetite For Destruction. Com a fama que a banda já possuía e o lançamento da balada Patience, que foi bem aceita pelo público, o disco ficou em segundo lugar entre os mais vendidos.

    Após o lançamento do GNR Lies e com toda a perseguição da mídia depois do que aconteceu no Monsters of Rock, a banda resolveu se afastar por um tempo dos holofotes, distanciando-se tanto dos palcos quanto do estúdio. Entretanto esse período de ócio, combinado com a personalidade autodestrutiva do grupo, acabou potencializando o vício em drogas (especialmente em heroína) de seus integrantes, além de iniciar o seu processo de implosão. Mas… Esse é assunto para um próximo post!

    Uma das minhas bandas favoritas se não for a primeira, ao escriba roqueiro como eu essa é uma boa história, como os Beatles, Queen etc… e outras que surgiram nos porões de bares e boates.

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