A guitarra Gibson SG que Peter Ham toca na apresentação acima foi um presente de ninguém menos que George Harrison. É a mesma guitarra vista no vídeo de lançamento de “Paperback Writer“, dos Beatles. Harrison foi o grande incentivador e mentor do Badfinger, grupo galês revelado pela gravadora Apple. Após a morte trágica de Pete Ham em 1975, a guitarra foi guardada na casa de seu irmão John. Em 2001, a Gibson reapareceu, doada pelo irmão de Pete ao Hall da Fama do Rock and Roll.
A história acima é ilustrativa do prestígio do Badfinger, apesar da curta e trágica trajetória. Quando surgiu, parecia talhado para repetir o êxito dos Beatles. E foi com o aval do Fab Four que Peter Ham, Tom Evans, Rum Griffiths e Mike Gibbins iniciaram carreira, ainda como The Iveys. Foram um dos primeiros contratados pela gravadora Apple Records, recém-criada para produzir discos dos Beatles e estimular o surgimento de jovens artistas.
O início não foi tão bom, mas tudo mudou depois que foram rebatizados como Badfinger, nome inspirado em “Bad finger boogie“, título preliminar do hit “With a Little Help from My Friends“, de Lennon e McCartney. O estilo melodioso e bem elaborado explodiria finalmente no álbum “Magic Christian Music“, de 1969, produzido por Paul McCartney.
Em seguida, veio “No Dice“, disco considerado um dos destaques do novo rock inglês, que continha um single arrasa-quarteirão: “No matter what“, composto por Peter Ham. Depois de trocar a Apple pela Warner, tocaram em “All Thing Must Pass”, o primeiro disco de George Harrison depois dos Beatles, e do mítico “Imagine”, de John Lennon. Estiveram também no histórico concerto para Bangladesh, produzido por Harrison em agosto de 1971.
Depois de várias composições criadas para discos lançados na Warner, Ham descobriu que a banda havia sido rapinada pelo empresário Stan Polley. Enquanto viviam de forma modesta, cheios de dívidas, o cantor country norte-americano Harry Nilsson virou bilionário graças ao sucesso de “Without you“, uma das canções de Ham & Evans.
O picareta Polley tinha fugido com todo o dinheiro da banda. Em desespero, Peter, o músico que todos achavam destinado a um futuro brilhante, se enforcou na garagem de sua casa. Era 23 de abril de 1974, três dias antes de seu aniversário de 27, o que o inclui no trágico “clube dos 27” do rock. Tom Evans, a outra metade criativa do Badfinger, tentou seguir na estrada, mas o insucesso e seguidas brigas judiciais fizeram com que, em 1983, repetisse o gesto do amigo. Tinha 36 anos.