Por André Forastieri
Raquel Welch era pra lá de famosa quando a gente era menino. Nos EUA, talvez o maior símbolo sexual ali da virada dos 60 para os 70. No Brasilzão pipocava com frequência nas revistas da época, “Manchete” e cia. Linda, simpática, peitão, cabelão, corpo de ampulheta. Hermana, porque meio latina-americana, não sabíamos então; pai boliviano, sobrenome Tejada.
Naqueles tempos mais inocentes, bastava ser superpneumática (gíria da época!) pra ser sex-symbol – e ter aquele algo mais, “it”, se dizia. Não precisava tirar toda roupa ou escandalizar.
Raquel tirava o suficiente. Mandava benzaço nos biquínis, transparências e collants. Fritou nossos cérebros e outras partes com o collant de “Viagem Fantástica”, que cobria tudo. Que garoto não ia querer Raquel navegando por suas veias?
Minha memória de menino mais incandescente é de “100 Rifles”, faroestão em que está escandalosa – em mais de um sentido: nunca tínhamos visto uma gata branca agarrando um negro, e seminus ainda, Jim Brown, atleta e ícone black.
Raquel fez zero sentido nos 70 hippies, e abaixo de zero nos 70 punk. Virou celebridade de TV de variedades. Sua carreira não teve um segundo ato nos 80 como contemporâneas suas, Jane Fonda, Goldie Hawn. Envelheceu elegante e distante de nós.
A geração abaixo de 40 anos não sabe quem é e não tem porque saber. Acima dos 50, não esqueceremos.

Eu, rapazola, a achava linda. E era.
Um pitéu, como diria meu pai-avô Juca. Na verdade, Raquel era um colosso de mulher, uma das grandes divas dos anos 70, junto com Ursula Andress e Angie Dickinson