Alguns jogadores do Flamengo reclamaram bastante da arbitragem após a derrota para o Al Hilal, na última terça-feira. O árbitro Istvan Kovacs marcou dois pênaltis para o clube saudita, expulsou Gerson e distribuiu seis cartões amarelos para jogadores do Rubro-Negro. O apresentador Bruno Vicari, da ESPN, falou sobre o assunto.
“O Flamengo não estava acostumado a um árbitro que cumpre a regra. A maioria dos jogadores dos clubes brasileiros não está acostumado com isso, principalmente no quesito disciplinar. Você se joga na área aqui e, às vezes, o árbitro deixa passar. Nesse caso não, o árbitro foi direto e mostrou o amarelo”, comentou Vicari.
“Deu um pisão dentro da área, o árbitro não ponderou, é outro amarelo. Quantos chiliques o Gabigol dá em uma partida do Campeonato Brasileiro até receber um cartão amarelo. Ontem, no primeiro o árbitro já deu, não quer saber o tamanho do jogador, e aqui isso inconscientemente existe”, completou o apresentador.
Com Gerson expulso e dois pênaltis contra, o Rubro-Negro foi derrotado por 3 a 2 pelo Al Hilal. A equipe carioca encara o Al Ahly, do Egito, no próximo sábado, às 12h30, na disputa do terceiro lugar do Mundial de Clubes. No mesmo dia, o Real Madrid encara os sauditas na decisão do torneio, a partir das 16h.
Dificilmente se encontrará na política internacional um começo tão turbulento de um mandato democrático como o que caracterizou o do presidente Lula. A democracia esteve por um fio e foi salva (por agora) devido a uma combinação contingente de fatores excepcionais: o talento de estadista do presidente, a atuação certa no momento certo de um ministro no lugar certo, Flávio Dino, logo secundado pelo apoio ativo do STF.
As instituições especificamente encarregadas de defender a paz e a ordem pública estiveram ausentes, e algumas delas foram mesmo coniventes com a arruaça depredadora de bens públicos. Quando uma democracia prevalece nestas condições dá simultaneamente uma afirmação de força e de fraqueza. Mostra que tem mais ânimo para sobreviver do que para florescer.
A verdade é que, a prazo, só sobreviverá se florescer e para isso são necessárias políticas com lógicas diferentes, suscetíveis de criarem conflitos entre si. E tudo tem de ser feito sob pressão. Ou seja, o futuro chegou depressa e com pressa.
O Brasil não volta a ser o que era antes de Bolsonaro, pelo menos durante alguns anos. O Brasil tinha duas feridas históricas mal curadas: o colonialismo português e a ditadura. A ferida do colonialismo estava mal curada porque nem a questão da terra nem a do racismo antinegro, anti-indígena e anticigano (as duas heranças malditas) foram solucionadas. A última só com o primeiro governo de Lula começou a ser enfrentada (ações afirmativas, etc). A ferida da ditadura estava mal curada devido ao pacto com os militares antidemocráticos na transição democrática de que resultou a não punição dos crimes cometidos pelos militares.
Estas duas feridas explodiram com toda a purulência na figura de Bolsonaro. O pus misturou-se no sangue das relações sociais por via das redes sociais e aí vai ficar por muito tempo por ação de um lúmpen-capitalismo legal e ilegal, racial e sexista, que persiste na base da economia, uma base ressentida em relação ao topo da pirâmide, o capital financeiro, devido à usura deste. Esta ferida mal curada e agora mais exposta vai envenenar toda política democrática nos próximos anos.
A convivência democrática vai ter de viver em paralelo com uma pulsão antidemocrática sob a forma de um golpe de Estado continuado, ora dormente ora ativo. Assim será até 2024, data das eleições norte-americanas, devido ao pacto de sangue entre a extrema-direita brasileira e a norte-americana.
A tentativa de golpe de 8 de janeiro alterou profundamente as prioridades do presidente Lula. Dado o agravamento da crise social, a agenda de Lula estava destinada a privilegiar a área social. De repente, a política de segurança impôs-se com total urgência. Prevejo que ela vá continuar a ocupar a atenção do Presidente durante todo o tempo em que o subterrâneo golpista mostrar ter aliados nas Forças Armadas, nas forças de segurança e no capital antiamazônico.
Este capital está apostado na destruição da Amazônia e na solução final dos povos indígenas. As fotos dos Yanomanis que circularam no mundo só têm paralelo com as fotos das vítimas do holocausto nazista dos anos de 1940. Como poderia eu imaginar que, oito anos depois de dar as boas-vindas na Universidade de Coimbra aos lideres indígenas de Roraima (comitiva em que se integrava a agora ministra Sônia Guajajara) e de receber deles o cocar e o bastão da chuva – uma grande honra para mim – assistiria à conversão do seu território, por cuja demarcação lutamos, num campo de concentração, um Auschwitz tropical? O Brasil precisa da cooperação internacional para obter a condenação internacional por genocídio do ex-presidente e alguns dos seus ministros, nomeadamente Sérgio Moro e Damares Alves.
Quando o futuro chega depressa faz exigências que frequentemente se atropelam. O drama midiático causado pela tentativa de golpe exige muita atenção e vigilância por parte dos dirigentes. Contudo, visto das populações marginalizadas a viver nas imensas periferias, o drama golpista é muito menor do que o de não poder dar comida aos filhos, ser assassinado pela polícia ou pelas milícias, ser estuprada pelo patrão ou assassinada pelo companheiro, ver a casa ser levada pela próxima enxurrada, sentir os tumores a crescer no corpo por excessiva exposição a inseticidas e pesticidas, mundialmente proibidos mas usados livremente no Brasil, ver a água do rio onde sempre se buscou o alimento contaminada ao ponto de os peixes serem veneno vivo, saber que o seu jovem filho negro ficará preso por tempo indefinido apesar de nunca ter sido condenado, temer que que o seu assentamento seja amanhã vandalizado por criminosos escoltados pela polícia.
Estes são alguns dos dramas das populações que no futuro próximo, responderão às sondagens sobre a taxa de aprovação do Presidente Lula e seu governo. Quanto mais baixa for essa taxa mais champanhe será consumida pelos golpistas e pelas lideranças fascistas nacionais e estrangeiras. Confiemos no gênio político do presidente Lula, que sempre viveu intensamente estes dramas da população vulnerabilizada, para governar com uma mão pesada para conter e punir os golpistas presentes e futuros e para com uma mão solidária, amparar e devolver a esperança ao seu povo de sempre.
*Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Autor, entre outros livros, de O fim do império cognitivo (Autêntica).
Remo, Águia e Tuna Luso já conhecem seus adversários na primeira fase da Copa do Brasil 2023. Os jogos dos times paraenses foram definidos em sorteio realizado pela CBF, nesta quarta-feira (8). A Lusa jogará em Belém, no estádio do Souza, com apoio da torcida contra o CSA de Alagoas, provavelmente no dia 22 de fevereiro. Esse confronto já ocorreu na competição, em 1992.
Já o Azulão marabaense também terá a torcida ao seu lado na partida da 1ª fase, quando terá pela frente o Botafogo-PB, no estádio Zinho Oliveira. A data provável da partida deve ser 22 de fevereiro. Tanto Tuna quanto Águia precisarão vencer seus adversários. Em caso de empate, os visitantes se classificam.
O adversário do Remo será o Vitória do Espirito Santo, conhecido como o alvianil de Bento Ferreira, bairro da capital capixaba. Como tem melhor posição no ranking, o Leão jogará por um empate para se classificar. O jogo deve ocorrer no dia 1º de março.
A etapa inicial reunirá 80 equipes. Doze times entrarão na terceira fase: Atlético-MG, Fortaleza, Flamengo, Palmeiras, Athletico-PR, Internacional, Corinthians e Fluminense, que virão da Libertadores, além de São Paulo, classificado pelo Brasileirão, Cruzeiro, campeão da Série B, Sport, vice-campeão da Copa do Nordeste, e Paysandu, campeão da Copa Verde.
PREMIAÇÃO MILIONÁRIA
Esta edição da Copa do Brasil terá premiação recorde de R$ 420 milhões, com aumento no valor das cotas em todas as fases. O campeão vai embolsar ao todo cerca de R$ 92 milhões. O Flamengo, vencedor da edição passada, faturou R$ 76,8 milhões com a competição. A primeira fase da Copa do Brasil é disputada em partida única. Os times de melhores posições no ranking nacional de clubes jogam pelo empate, mas na condição de visitantes.
Os clubes paraenses terão direito a uma premiação escalonada: cada clube garante R$ 750 mil de prêmio na primeira fase; se avançar à 2ª fase, o valor sobe para R$ 900 mil. Para a 3ª fase, o valor chega a R$ 2,1 milhões. O Paysandu, vencedor da Copa Verde, vai entrar na terceira fase, com direito à premiação de 2,1 milhões.
Andar de sapato alto nas areias marroquinas não foi uma boa ideia para o Flamengo de Vítor Pereira. A visível autossuficiência dos rubro-negros, que em alguns momentos andou beirando a arrogância, foi duramente punida ontem diante do Al Hilal na semifinal do Mundial de Clubes. E nem adianta arranjar desculpas com as marcações da arbitragem, como tentou fazer bizarramente o técnico português.
Os pênaltis que deram a vitória parcial ao Al Hilal no 1º tempo foram indiscutíveis. A expulsão de Gerson, que já tinha amarelo, também foi correta. Sem poder questionar as penalidades, a reclamação de Pereira se concentrou nos cartões amarelos.
Como se fosse algo assim inaceitável para o Flamengo receber advertências por simulação e deboche. Sim, todos sabem que no futebol brasileiro atitudes antidesportivas são toleradas e nunca têm maiores consequências, principalmente para jogadores rubro-negros.
O problema é que o árbitro romeno Istvan Kovacs não deu a mínima para os queixumes de Davi Luiz e Gabriel Barbosa, e tratou de conduzir o jogo conforme as regras. Na verdade, o Flamengo foi surpreendido pela disposição ofensiva do Al Hilal, tomou o gol muito cedo e ficou pilhado.
A partir daí, o propalado favoritismo virou pó. O técnico, ainda atordoado na entrevista pós-jogo, chegou a dizer que foi superior na primeira etapa, o que é uma afronta aos fatos. Em nenhum momento houve tal superioridade. O goleiro do Al Hilal não fez uma grande defesa, a não ser interceptando cruzamentos. O gol de Pedro, aos 20 minutos, veio em consequência do único bom ataque do Flamengo na etapa inicial.
Outros clubes nacionais classificados para o Mundial de Clubes já deram vexame antes. Internacional, Atlético-MG e Palmeiras também foram eliminados nas semifinais, mas o fiasco rubro-negro chama atenção pelo oba-oba que se criou nas últimas semanas, amplificado pelas notícias de que o Real teria desfalques sérios no torneio.
Um programa da Globo deu-se à pachorra de criar um personagem satírico para “secar” o Real. Deveriam lembrar que, antes de encarar o time de Ancelotti, era necessário passar pelo modesto Al Hilal, que representa um país apaixonado por futebol e que não fez feio na Copa do Qatar.
Quem esperava um passeio do Flamengo teve que assistir a proeza do Al Hilal, mais organizado e consciente de seu papel. Recuperava todas as bolas no meio-campo e buscava os lados, explorando as fragilidades do campeão da Libertadores – problemas citados aqui na coluna.
Além de pressionar com inteligência, evitando se expor, o Al Hilal armou um cinturão de marcação eficiente sobre Arrascaeta e Everton Ribeiro, ambos apagados em campo. Gabriel Barbosa mostrou pouca mobilidade.
O segundo gol, após pênalti de Gerson, foi determinante para o resultado, pois deixou o meio-campo desarticulado com a expulsão do volante. No 2º tempo, o Al Hilal teve tranquilidade para fazer o terceiro gol e só sofreu uma meia pressão nos minutos finais, quando Pedro diminuiu. Vitória tranquila e merecida do time saudita.
Fala-se muito do desinteresse dos clubes europeus pelo Mundial de Clubes. Curiosamente, se isso for verdade, significa que os representantes do Velho Mundo seguem muito superiores aos sul-americanos. A última vitória brasileira ocorreu há dez anos, com o Corinthians. Desde então, os times da Europa parecem mais focados e determinados a vencer, não dando chance nem mesmo para times zebrados que infernizam a vida dos brasileiros.
Enquanto seis times da América do Sul (quatro brasileiros) caíram nas semifinais, nenhum europeu ficou pelo caminho. Sempre chegam à decisão, sem muita dificuldade, ignorando os azarões do Terceiro Mundo do futebol. Melhores times do continente nos últimos quatro anos, Flamengo e Palmeiras foram as vítimas mais recentes.
Pachequismo vira desolação após eliminação
A mídia do Sudeste parecia mais incomodada por ter que se justificar pela algazarra em torno do Flamengo, como se o título fosse fácil de alcançar. É fato que a cobertura patrioteira às vésperas do embarque exagerou nas tintas de otimismo. Incentivar o clima de alto astral é aceitável, mas vira problema quando o lado festivo colide com a realidade.
A transmissão ao vivo do trajeto da delegação, antes do embarque no Rio de Janeiro, levou uma hora e meia, com direito a análises detalhadas sobre o ônibus e os humores do torcedor que se postava ao longo do percurso. Algo inacreditável e que expôs a adulação exagerada.
Ontem à noite, depois do desastre, impressionava o ar contrafeito dos analistas, talvez pesarosos pelo excesso de entusiasmo na cobertura que antecedeu o Mundial. Pareciam mais desolados que os próprios jogadores do Flamengo. Que fique a lição. Equilíbrio é fundamental.
Edson Cimento: livro narra trajetória de um campeão
Vi Edson Cimento (ainda sem o apelido) em ação logo no começo da carreira, defendendo o extinto Sporting em um amistoso contra o selecionado de Baião, lá pelos idos dos anos 1970. Ele já era uma figura impressionante embaixo do gol, com saídas arrojadas e um grande senso de colocação.
É sobre sua carreira vitoriosa, forjada em sacrifício e superação, que versa o livro “Edson Cimento – o melhor goleiro do Brasil em 1977”, que será lançado hoje por Mauro Humberto Brandão em coquetel na sede do Clube do Remo, em Nazaré, às 18h30, com a presença do ex-goleiro. O evento terá show de Allex Ribeiro.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 08)