POR GERSON NOGUEIRA
A primeira apresentação oficial do Remo na temporada expôs problemas que o time já havia exibido na pré-temporada, mas também destacou a importância de alguns jogadores para o desenvolvimento de um jogo mais competitivo e eficiente. Nesse sentido, é preciso destacar o papel relevante dos volantes Richard Franco e Anderson Uchoa e do meia Soares na formação que iniciou a partida com o Independente Tucuruí, no domingo (5).
Franco foi dono do desempenho mais surpreendente, pois funcionou na proteção à zaga e apareceu como construtor da principal jogada ofensiva do time. Foi o surpreendente movimento que ele fez, no primeiro tempo, correndo na diagonal entre as linhas defensivas do Independente, que abriu caminho para o primeiro gol da vitória remista.
Com a proteção garantida por Uchoa à frente dos zagueiros, Richard ficou liberado para fazer esses deslocamentos como falso ponta-direita, lançado pelo lateral Lucas Mendes. O lance que resultou no gol de Soares foi depois repetido e quase gerou o segundo, com a finalização de Pablo Roberto acertando o poste esquerdo.
A movimentação do volante foi exatamente a mesma, pegando a marcação adversária de surpresa outra vez. Na prática, os defensores do Independente não esperavam que um volante de marcação surgisse repentinamente como um atacante de lado. É justamente este o grande truque da jogada, valorizada pela qualidade do cruzamento para o interior da área.
Não se espera que esse tipo de iniciativa seja tão repetido nos próximos jogos, até porque os adversários estarão atentos, mas é um recurso a ser guardado para momentos adequados. O aspecto positivo é que, há pelo menos três temporadas, o Remo não apresentava uma jogada ensaiada que resultasse em finalização exitosa.
Desde 2020, passando pela Série B em 2021 e a C no ano passado, os técnicos de plantão demonstravam crônica dificuldade em trabalhar ideias que possam ser executadas em campo, com a bola em movimento ou em situações de faltas ou escanteios.
Com os sistemas fechados e a marcação forte que predomina em todos os times, a alternativa lógica é optar por variações capazes de criar estranheza e surpresa ao longo dos jogos. Pelo primeiro jogo, pode-se dizer que Marcelo Cabo esboça novidades alvissareiras para a temporada.
O desempenho coletivo não foi brilhante, o time acelerou em excesso em alguns momentos e hesitou demais em outros, revelando claramente os efeitos do pouco entrosamento. A aproximação dos atacantes funcionou bem no primeiro tempo e nos primeiros 15 minutos da segunda etapa, mas quase sempre faltou capricho na tomada de decisões.
Diego Tavares, que teve bom desempenho tanto na direita quanto na esquerda, exagerou na preparação de jogadas e na demora em definir. Apesar de ter sido muito participativo, só conseguiu fazer uma finalização, com um chute cruzado que quase terminou em gol.
Os altos e baixos eram previsíveis, ainda mais contra um adversário bem armado, mas a vitória expressa mais acertos do que erros, abrindo a expectativa de um processo de evolução ao longo do campeonato.
Mangueirão finaliza obras para esperar o Re-Pa
O novo Mangueirão, já quase todo reformado, começa a receber a primeira estrutura metálica de cobertura. Até a data prevista para reabertura oficial do estádio (19 de março), com o clássico Re-Pa, a última etapa da construção estará finalizada, dando ao complexo esportivo instalações e equipamentos dignos de uma arena Fifa.
Como parte da etapa final das obras de reconstrução e ampliação do estádio estadual Jornalista Edgar Proença, chegou a Belém ontem a primeira peça destinada ao prolongamento da cobertura do estádio. A estrutura estava em processo de montagem no município de Castanhal.
É a primeira treliça (peça metálica que dá apoio e resistência) de um total de oito que serão implantadas, quatro de cada lado do estádio, para o prolongamento da nova cobertura. Cada treliça tem de sete a oito módulos. Esse tipo de elemento estrutural, de uso comum na construção civil, pesa entre 60 e 80 toneladas, com comprimento variando de 50 a 70 metros.
Depois que as treliças estiverem montadas, serão instaladas as estruturas metálicas espaciais nos prolongamentos da cobertura, de aproximadamente 10 metros, que receberão as telhas e a manta TPO, que garante a impermeabilização.
Segundo o secretário de Desenvolvimento e Obras Públicas, Ruy Cabral, a partir de agora a obra receberá semanalmente as peças até fechar a quantidade necessária para finalização da nova estrutura. Ele manteve a previsão de conclusão completa dos trabalhos até 19 de março.
O processo de montagem da cobertura da marquise do Mangueirão segue os seguintes passos: execução de estacas e blocos de fundação, montagem das treliças metálicas sobre a cobertura existente, instalação dos tirantes de protensão das treliças, montagem da estrutura espacial e instalação da manta TPO.
O cronograma de obras tem sido seguido à risca e, com a reconstrução, o novo Mangueirão ficará em plena consonância com as diretrizes da Fifa para garantir conforto e segurança ao torcedor paraense.
A única dúvida a essa altura diz respeito à manutenção da data de reinauguração. Em função do atraso das rodadas do Campeonato Estadual, o Re-Pa pode ficar para uma semana depois, dia 26 de março.
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 07)