Vinícius Jr. sofre novo ataque

POR GERSON NOGUEIRA

Um boneco com a camisa de Vinícius Júnior foi colocado em uma ponte, nas proximidades do centro de treinamentos do Real Madrid, representando um enforcamento. Logo acima, a faixa com a frase “Madrid odia al Real”, lema da Frente Atlético, grupos de ultras do Atlético de Madrid, considerados dos mais violentos do futebol europeu. 

A ameaça clara ao atacante brasileiro vem se juntar a um histórico de sucessivas manifestações racistas, desde que Vinícius iniciou carreira no Real Madrid. Piorou muito à medida que ele começou a se destacar pelo futebol de qualidade, cheio de dribles e gols.

O boneco enforcado constitui gravíssimo caso de intimidação a um atleta na Espanha. Não se tem notícia de casos semelhantes na era moderna. Vinícius tem sido vítima constante de ataques, zombarias, preconceito disfarçado de crítica ao seu jeito de jogar e até à forma de comemorar gols.

Um programa de TV emitiu comentários xenófobos contra ele, reclamando da dança que Vinícius faz após cada gol. Falaram que ele faz “macaquices” e desrespeita companheiros de profissão. Como desperta a ira de jornalistas, é lógico supor o efeito que tem sobre integrantes de torcidas organizadas, normalmente dispostos a brigar e machucar pessoas sempre que se sentem provocados. Engraçado é que muitos artilheiros inventam coreografias, mas a implicância é apenas com o brasileiro.

A questão é que Vinícius não provoca ninguém. Ele é um garoto talentoso que joga futebol com arte e sente alegria em comemorar os gols que marca. Nada mais normal e legítimo. Era só o que faltava, a essa altura do campeonato. Como impedir um atleta de vibrar e se manifestar livremente dentro do campo de jogo.

À época dos insultos na TV, houve tímida reação do Real Madrid e o técnico Carlo Ancelotti deu uma declaração dúbia e infeliz, avaliando que não existe racismo no futebol espanhol. Foi como passar pano para a onda de ataques e ações intimidatórias contra Vinícius Jr.

Além da investigação policial obrigatória para descobrir os responsáveis pela ameaça contida na imagem do boneco da ponte, La Liga, os demais clubes espanhóis e jogadores de todos os times têm o dever moral de se manifestar contra essa situação inaceitável.

Por ora, prevalece um tratamento que paira entre conivência e aceitação natural dos atos racistas. Negro, estrangeiro e bom de bola, Vinícius há muito tempo virou alvo preferencial dos zagueiros carniceiros no futebol espanhol. A cada rodada ele sofre faltas violentas, cotoveladas e até cusparadas sem que as arbitragens tomem atitudes enérgicas para coibir.

O pior é que, observando jogos do Real, fica visível uma certa indiferença dos demais jogadores com o drama vivido por Vinícius. Sempre que busca o drible, um recurso lícito no jogo, ele se arrisca a tomar pancadas e pontapés. Raramente um de seus marcadores recebe o amarelo e os companheiros não exercem a pressão necessária para que os árbitros apliquem a punição disciplinar.

Parece até reinar uma certa lei do silêncio, como se os demais evitassem tomar partido em relação à óbvia perseguição contra Vinícius.

Atacado a todo momento, dentro e fora dos gramados, o jogador parece vulnerável e desamparado pelas instituições. Apesar disso, não parou de jogar em alto nível, fazer gols e driblar quem aparece pela frente. Age profissionalmente, mas é tratado como lixo. Alguém precisa tomar providências, pois a situação já ultrapassou a fronteira do abuso.

Em campo, Vinícius continua a resolver as coisas da melhor forma, com categoria e gol. Ontem, no clássico contra o Atlético, deu uma resposta formidável: marcou o gol da vitória merengue – e dançou para comemorar. Um combo de equilíbrio e técnica, com finalização perfeita.

Para desespero dos trogloditas que destilam ódio e não conseguem apreciar as maravilhas que o craque produz em campo.

Relatório de transferências confirma Brasil exportador

Saiu ontem a edição 2022 do Global Transfer Report, que a Fifa divulga anualmente. Segundo os dados do documento, ocorreram 71.002 transferências internacionais de jogadores. Os custos atingiram níveis estratosféricos, com o futebol inglês encabeçando a lista de gastos, que superaram a cifra de 2 milhões de dólares.

Ao mesmo tempo, os clubes franceses lideram a lista de federações internacionais com maior índice de venda de ingressos, arrecadando 740,3 milhões de dólares. Efeito, principalmente, da presença do trio galáctico Mbappé, Messi e Neymar no ataque do PSG.

Pela primeira vez na história, clubes de Portugal fecharam mais contratos que qualquer outra federação, com um total de 901 jogadores em 2022. No extremo oposto, o Brasil se consolidou como o país mais vendedor, com um total de 998 jogadores transferidos.

Com a realização da Copa Mundial Feminina da Austrália e Nova Zelândia, neste ano, o crescimento exibido pelo futebol feminino segue tendência de alta. Em 2022, a quantidade de clubes ativos em transferências internacionais subiu de 410 para 500 em 2021, um aumento de 22,0%.

Um outro aspecto curioso do relatório é a quantidade de transferências de atletas amadores: 49.238 contratos internacionais nos quais futebolistas amadores se incorporaram a clubes de novas federações, sendo 92,3% atletas masculinos.

A guerra da Ucrânia também repercutiu de forma clara nas cifras do levantamento. No período, foram efetuadas 5.910 operações no país, índice que supera em mais de 60% as 3.661 transações de jogadores franceses, a segunda nacionalidade com maior número de transferências. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 27)

Um comentário em “Vinícius Jr. sofre novo ataque

  1. O que estão fazendo com Vinícius na Espanha é pura canalhice, é puro crime. O clube que ele defende é leniente com tudo isso. A Lá Liga é condescendente. A imprensa espanhola é conivente. Acho que esse jovem é muito forte para aguentar tantos ataques pessoais criminosos.

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