Brigada bolsonarista de fake news é principal eixo das ações terroristas e a maior ameaça à democracia

POR GERSON NOGUEIRA

À medida que o tempo passa, as manifestações em defesa do terrorismo praticado contra os Três Poderes da República, domingo (8), em Brasília, têm assumido ares de cinismo puro. De início, os defensores do desatino bolsonarista ainda disfarçavam o posicionamento favorável ao extremismo. Aos poucos, porém, o pensamento pró extrema direita vai se revelando, sem pudor. A notória Jovem Pan (também conhecida como Jovem Klan), emissora mais golpista do país e antro de aloprados, é um bom exemplo dessa escalada.

Aqui no Pará não é muito diferente. A bordo de análises hipócritas os apoiadores do terrorismo nem tentam camuflar as opiniões favoráveis. A onda, desde ontem, é esgrimir comentários maneiristas para desqualificar a ação da Justiça contra os golpistas. Já apareceu gente capaz da ginástica de comparar a prisão em massa dos terroristas com o ocorrido nos tempos do tirano Augusto Pinochet no Chile. Um verdadeiro atentado contra um fato histórico.

Só para avivar memórias, no Chile de Pinochet os esquerdistas e opositores do regime eram levados para o estádio Nacional, em Santiago, de onde eram encaminhados para execução sumária. Pelo que se sabe, todos os envolvidos nas arruaças de domingo na Praça dos Três Poderes estão sendo tratados dentro dos ditames legais básicos, com direito (coisa absurda até) ao uso de celulares. Advogados e promotores de justiça já visitaram os presos, atestando as condições dignas da custódia. Uma boa aula de História resolveria o problema.

Longe de pretender esclarecer, influenciadores e jornalistas bolsonaristas estão reproduzindo a prática testada à exaustão pelo próprio Jair Bolsonaro na presidência da República. Mentir, mentir, mentir. E procurar reproduzir isso em níveis mastodônticos, a fim de chegar ao maior número possível de incautos. A tática, não propriamente inédita, foi aperfeiçoada pela extrema direita norte-americana assumindo papel decisivo na eleição de Donald Trump há seis anos.

Todos os experimentos realizados ali foram reproduzidos com êxito na eleição brasileira de 2018, garantindo a subida ao poder do até então inexpressivo deputado Jair Bolsonaro, que pertencia ao baixo clero da política brasileira. Não apenas o elegeu como se tornou uma política de governo, com capilaridade e investimentos através do chamado “gabinete do ódio”.

Pode-se dizer que Bolsonaro passou quatro anos no governo administrando pessoalmente a disseminação de informações falsas, impunemente – o processo judicial no qual foi arrolado segue sem desfecho. O crime compensou e permanece como instrumento preferencial das hordas extremistas que devotam lealdade ao ex-capitão.

O custo altíssimo desse cenário de desinformação, abastecido diariamente por milhões de mensagens impulsionadas nas redes sociais, com método e estratégia, desembarca agora em pleno governo Lula. As autoridades custaram a entender o alcance destrutivo para um país no qual parte da população se alimenta de inverdades e fantasias perigosas.

Um exemplo simples está nos prejuízos causados pelo discurso antivacina e negacionista de Bolsonaro e seus cúmplices ao esforço de combate à covid-19 no Brasil. As quase 800 mil mortes da pandemia têm muito a ver com esse mecanismo obscurantista de dominação.

O ataque aos Três Poderes chocou o país, mas é só a ponta do iceberg. Nas vozes de influenciadores da internet, nos incontáveis grupos de zap na internet e na opinião de jornalistas aliados reside hoje o maior perigo contra a democracia brasileira. Lula é o alvo porque há a perspectiva de que faça um governo próspero e libertário, daí o esforço não para derrubá-lo, mas para minar economicamente sua gestão através da imposição do caos nas ruas e da retórica de insatisfação popular.

Tudo reforçado pela política armamentista executada durante os últimos quatro anos e o estímulo à pregação golpista junto ao público evangélico. A violência como intimidação não é propriamente uma novidade para quem alimenta planos de insurreição, mas é bizarro que venha embalada por um discurso messiânico e falsamente defensor da moral, da família e dos bons costumes.

Mais esquisito ainda é que essa lenga-lenga oportunista funcione e crie raízes.

4 comentários em “Brigada bolsonarista de fake news é principal eixo das ações terroristas e a maior ameaça à democracia

  1. Fake news é uma fábrica, a velocidade deles conseguirem divulgar vídeos e adulterar a verdade, é impressionante, pelo WhatsApp os bolsonaristas não param de postar video’s falsos, a cada 3 minutos tem um, os últimos agora pasmem, dizendo que quem quebrou, invadiu, roubou os palácios em Brasília foram os rubros infiltrados, fico estarrecido e não sei nem o que fazer, por que, eles acreditam nisso tudo, parece uma lavagem cerebral feita digitalmente, são tantos absurdos que chega a ser surreal, a polícia PF, Abin, e outros órgãos de inteligência, precisam agir nesse submundo cibernético é aí, que tudo está acontecendo, rastrear os grupos, cobrar das empresas de postagens os ip’s e origens dessas postagens, juntamente as cias de telefonias, só assim vão conseguir diminuir e tentar frear esses da black web.

  2. DOIS GRANDES e poderosos aparelhos ideológicos do Estado – igrejas e mídias – vieram ao longo de décadas trabalhando a cabeça dessa gente ao ponto de onde chegamos agora.

    Tudo pensado.

    Lembro que, vez por outra, recebia visitas no portão de casa de pessoas religiosas dizendo do famigerado chip da Besta, que seria implantado no cérebro de todos. Acreditavam piamente nessa história, bem como que o mundo acabaria no ano 2000. Para uma outra seita, a humanidade teria sido extinta em 11 de agosto de 2001. Sei disso porque um vizinho, colega de turma, nessa data trancou-se em casa com a família.

    Fora das igrejas, a tevê se incumbia do restante do trabalho, ao ponto de quando da morte de Gugu Liberato formar-se fila no seu velório, gente que havia dormido na fila. O que um homem como aquele fez pelo país? Na verdade, foi muito bem remunerado para cumprir o seu papel: imbecilizar o povo.
    Então, tudo isso foi inteligentemente trabalhado no sentido de a extrema-direita ascender ao poder, tudo em nome de Deus, que finalmente, ouvindo o clamor de seu povo, mandou um Messias para remir a humanidade, enfim.

    Só alguém como Lula seria capaz de vencer esse estado de loucura coletiva.

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