Sob o signo da esperança

POR GERSON NOGUEIRA

A última coluna do ano velho é também a primeira do ano que chega. Essa condição dúbia impõe um olhar sobre o que aconteceu de mais expressivo em 2022, com direito a uma projeção sobre o que 2023 pode reservar ao futebol paraense. O ano foi de parcos resultados, quase nenhum feito relevante, mas esperança é o que move, desde sempre, torcedores e clubes. Quando se imagina que as reservas de otimismo estão esgotadas, eis que janeiro chega e tudo se renova outra vez.

O título estadual da temporada ficou com o Remo, após campanha sofrida e sofrível, sem maior brilho. Com um time instável e pouco inspirado, esteve sempre atrás do maior rival quanto à produção ofensiva e o desempenho da defesa. Ainda assim, na reta final, com apoio do Fenômeno Azul, o time de Paulo Bonamigo sagrou-se campeão. E fez a festa dentro da casa do arquirrival, levando como troco um apagão dos refletores bem na hora da premiação.  

Baixarias à parte, cabe observar que o título remista – conquistado após dois jogos finais eletrizantes – veio acentuar as imperfeições do sistema de disputa do Campeonato Estadual. Com 10 clubes, número inchado desde a eclosão da pandemia, o modelo pouco criativo resultou num festival de partidas pouco interessantes e sem apelo para o torcedor.

A empolgação só chegou nos últimos jogos, quando o primeiro confronto mostrou um Remo superior, aplicando um 3 a 0 categórico dentro do estádio Evandro Almeida, empurrado pela vibrante torcida azulina. No segundo embate, o PSC reverteu de forma contundente. Devolveu o 3 a 0 ainda no primeiro tempo, com uma atuação coletiva de alto nível.

No 2º tempo, o título sorriu para os remistas por força de um chute desferido pelo lateral esquerdo Leonam, que acertou um disparo à meia altura, sem chances para o goleiro Tiago Coelho. Pelo que a equipe jogou naqueles primeiros 45 minutos, o técnico Márcio Fernandes até hoje busca explicações para a derrota. O triunfo azulino interrompeu uma sequência de duas conquistas do Papão.

Findo o Parazão, os clubes se voltaram para a disputa do Brasileiro da Série C. Ambos investiram muito, apostaram em jogadores veteranos e se deram mal. O PSC começou muito bem, superando os adversários e assumindo as primeiras colocações da competição. A caminhada empolgante empolgou a torcida e foi bem até o penúltimo jogo da fase classificatória. Na rodada derradeira, caiu diante do modestíssimo Floresta dentro da Curuzu. Era um prenúncio do desastre que viria no quadrangular.

Marlon, artilheiro do time e da competição até ali, parou de fazer gols no momento mais importante da disputa. José Aldo e os demais jogadores de meio-campo também entraram em rota descendente e o PSC, de favorito destacado, terminou na última colocação do quadrangular, para decepção de sua torcida. Uma sucessão de erros e uma acentuada queda de rendimento físico respondem pelo fiasco.

Já o Remo nem chegou ao quadrangular. Ficou pelo caminho após uma campanha recheada de equívocos. O início, sob a batuta de Bonamigo, foi confuso. Sem um time convincente, fracassou até nos jogos como mandante. Sofreu derrotas inexplicáveis para Altos-PI e Atlético Cearense. A troca de técnico tornou as coisas ainda mais atrapalhadas. Gerson Gusmão botou o time na retranca, não soube explorar as opções ofensivas e só fez irritar a massa azulina.

Os planos para 2023 mostram novidades animadoras. O PSC resolveu investir no trabalho de Márcio Fernandes, que foi o comandante em 2022. Diminui a quantidade de veteranos na lista de contratações e decidiu inovar, trazendo três estrangeiros para a campanha no Estadual. O Remo foi buscar o técnico Marcelo Cabo e formatou um time com três veteranos na zaga e um no ataque – Muriqui. As dúvidas sobre o acerto na montagem dos elencos começarão a ser dissipadas a partir de 21 de janeiro, quando a bola rola para o Parazão. A conferir.

Bola na Torre

O programa terá a presença do técnico Márcio Fernandes, do PSC, avaliando o ano bicolor e falando dos planos para as primeiras competições da próxima temporada. Guilherme Guerreiro comanda a atração a partir das 22h30, com participação deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar.

No apagar das luzes, uma conquista heroica

No apagar das luzes, depois da decepcionante campanha na Série C e da perda do Estadual, o PSC conseguiu levantar finalmente uma taça. Venceu a Copa Verde, superando na decisão o Vila Nova goiano na cobrança de penalidades. A conquista teve um toque de dramaticidade com um gol de João Vieira, cobrando falta, no último minuto do tempo normal.

Vale dizer que o Papão fez jus ao esforço dos dirigentes junto à CBF para realizar a Copa Verde a toque de caixa, situação que levou à desistência de vários clubes, incluindo o Remo, que havia desmontado o elenco logo após a eliminação na Série C. Sem o rival pelo caminho, o PSC superou o esforçado S. Raimundo-AM nas semis e derrotou os goianos na decisão.

O título, apesar de não somar pontos para o ranking da CBF (que mostra o Remo pela primeira na frente após cinco anos), garantiu aos bicolores o tricampeonato inédito da Copa regional. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 01)

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