“É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra injustiças que recebo pela 3ª vez o diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo. Muito obrigado”.
“Quero pedir desculpas pela emoção. Quem passou o que eu passei nesses últimos anos, e estar aqui agora, é a certeza que Deus existe. Eu sei o quanto custou, não apenas a mim, mas ao povo brasileiro a espera para reconquistarmos a democracia”.
Apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o prédio da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília, no começo da noite desta segunda-feira (12). Eles atiraram pedras e vários carros foram danificados no local. Depois, atearam fogo em ônibus. Vias foram interditadas pela polícia.
Pedaços de pau também foram usados. A Polícia Militar do Distrito Federal foi chamada e houve confronto. O governador Ibaneis Rocha (MDB) ainda não se manifestou. Tiros de borracha e bombas de efeito moral foram lançadas. Até a publicação desta reportagem a Polícia Federal não havia se manifestado.
O futuro ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino (PSB) disse por meio de uma rede social que repudia os atos.
INDÍGENA PRESO
Os atos começaram após um indígena identificado como José Acácio Tserere Xavante ter sido preso por participação em atos antidemocráticos nesta segunda. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão temporária, por 10 dias, do indígena. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e baseada, segundo o STF, na “suposta prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos”.
No pedido de prisão, segundo trechos divulgados pelo Supremo, a PGR afirma que o indígena vem usando de sua posição como líder do povo Xavante para arregimentar pessoas para o cometimento de crimes.
Não há nada mais forte nesta Copa do Qatar do que a arrancada de Marrocos rumo às semifinais, com detalhes e incidentes que tornam esse feito ainda mais comovente. É o caso do encontro entre mãe e filho dentro do gramado, logo depois da grande vitória sobre Portugal nas quartas de final. A cena viralizou e chamou atenção para hábitos de um país tão bonito quanto desconhecido pela maioria.
Nem bem o árbitro apitou o fim do jogo, o atacante Sofiane Boufal convidou a mãe dele para dentro do campo e dançou com ela festejando a classificação. As imagens correram o mundo pelo caráter inusitado do episódio dentro de uma Copa do Mundo, quando raras são as demonstrações públicas de afeto entre parentes.
Há tempos que a Fifa tornou a Copa um desfile de regras e exigências que devem formar um compêndio alentado. No Qatar não é diferente. Em nome do rigor da organização do evento, para onde se anda há um bloqueio ou uma placa indicando que não se pode cruzar alguns limites. Coisas chatas e, muitas vezes, desnecessárias.
Boufal rompeu as amarras burocráticas e colocou a mãe na festa. Gesto bonito, humano e que fez mais pela Copa do que as dezenas de mensagens edificantes que a Fifa veicula antes e depois dos jogos nos estádios.
Na internet, ele postou a foto com a legenda, em francês, “C’est dieu qui donne” –Deus é o responsável por todos os momentos. Escreveu um termo árabe, “hamdoullah”, algo semelhante a “louvado seja Alá”.
O atacante nem foi o primeiro jogador a comemorar uma vitória ao lado da mãe. No triunfo sobre a Bélgica na fase de grupos, Hakimi foi fotografado beijando a genitora nas arquibancadas. O técnico Regragui também foi lá abraçar a mãe, na arquibancada.
Marrocos tem motivos de sobra para se esbaldar nas comemorações. A Copa não terminou, mas a seleção africana já é a vencedora moral da competição. Fez uma campanha irretocável até aqui e conseguiu, além de cumprir sua melhor campanha na história das Copas, levar a África pela primeira vez a uma semifinal.
Rompe com isso uma barreira que parecia impossível de transpor. O futebol africano sempre foi visto com certa condescendência pelo primeiro mundo da bola. São times alegres e habilidosos, mas vistos quase sempre como pouco competitivos. Marrocos mudou essa história.
A trajetória inclui façanhas admiráveis. Na primeira fase, Marrocos derrotou Canadá e a Bélgica e empatou com a Croácia. No mata-mata, passou a régua na Península Ibérica: despachou a Espanha, nas penalidades, e eliminou Portugal em confronto dramático. Sofreu apenas um gol e tem a melhor defesa do torneio.
Os marroquinos e demais simpatizantes que saem pelas ruas de Doha cantando homenagens à seleção, embandeirados e felizes, irão novamente lotar as arquibancadas na semifinal contra a França. Cantam muito alto, interferem no jogo, infernizam o adversário – como faz uma torcida de verdade. E não estarão sozinhos. O mundo também está com eles.
Vexame brasileiro na Copa se estende à arbitragem
Wilton Pereira Sampaio, árbitro do Brasil na Copa, teve uma atuação desastrosa no clássico Inglaterra x França, sábado. Fez tudo errado, e mais um pouco. Deixou de dar um penal claro em Harry Kane no primeiro tempo e quase deixou de marcar o segundo pênalti para os ingleses no final da partida.
Foi salvo pelo VAR, que recomendou a revisão do lance. Relutou em advertir o francês faltoso e foi obrigado a isso pelos ingleses. Nas arquibancadas dava para ouvir os xingamentos da torcida, com justificada razão. Nos programas esportivos pós-jogo, o pau cantou. Deu até pena.
Desconfio que Wilton não será mais chamado nem para apitar aquelas peladas de fim de ano na Fifa. Infelizmente, um retrato da despreparada arbitragem brasileira. Bons tempos aqueles de Romualdo e Arnaldo.
CBF vai responder pelo tratamento abusivo com gato
Era inevitável. Um grupo de ONGs de proteção animal e o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal estão ajuizando uma ação cobrando retratação pública e pagamento de multa de R$ 1 milhão por parte da CBF por causa do rompante agressivo do assessor Vinícius Rodrigues, ao retirar um gato da bancada onde Vinícius Jr. dava entrevista, na quinta-feira, véspera do fatídico jogo com a Croácia.
O episódio aconteceu na sala de entrevistas do estádio Hamad. O gatinho circulava pela sala e foi atraído pela fala de Vinícius ao microfone. De um salto, se acomodou na frente do jogador despertando risos entre os jornalistas presentes, entre os quais o escriba aqui. De repente, o assessor pegou o gato pelo pescoço e atirou no chão. A cena espantou todo mundo.
Um milhão de reais é troco para a CBF, que deveria contratar gente mais preparada para sua assessoria. Aliás, há quem diga que o safanão no bichano atraiu a zica para o jogo que o Brasil perderia no dia seguinte.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 12)