
Dia: 11 de dezembro de 2022
Fifa apresenta Al Hilm, a bola oficial das duas últimas fases da Copa do Mundo

- Al Hilm, que significa “o sonho” em árabe, conta com um desenho gráfico único, que a diferencia da bola Al Rihla, usada até o momento no torneio
- Al Hilm será a bola oficial das semifinais e da final
- Assim como Al Rihla, Al Hilm contará com a tecnologia “Connected Ball”, que se mostrou um sucesso ao tornar as decisões semiautomatizadas sobre o impedimento mais rápidas e precisas
A Fifa apresentou hoje a Al Hilm, a bola oficial do jogo para as semifinais e a final da Copa do Mundo do Catar. Al Hilm, que significa “o sonho” em árabe, sucede a bola oficial da fase de grupos, Al Rihla, ou “a travessia”. Utilizando os mais recentes avanços tecnológicos no design, Al Hilm também conta com a inédita tecnologia da bola conectada (“Connected Ball”) da Adidas, que se mostrou importante para ajudar a arbitragem a tomar decisões mais rápidas e precisas durante a Copa.
Combinada com dados sobre a posição dos jogadores, a inovação proporciona dados instantâneos à equipe de arbitragem de vídeo, ajudando a otimizar a tomada de decisões para que a experiência dos torcedores seja plena. Ao combinar os dados da bola, capturados por sensores IMU localizados em seu interior, e aplicar a inteligência artificial, a nova tecnologia serve de apoio para o sistema semiautomatizado de impedimento, principalmente ao indicar o exato momento em que a bola é tocada em situações difíceis de observação.
“Com o desenvolvimento da tecnologia da bola conectada, a adidas possibilitou que uma importante camada adicional de informações esteja disponível para a equipe de arbitragem de vídeo. Os dados da bola abrem as portas para novas perspectivas de narrativa para momentos únicos em campo nesta Copa”, disse Johannes Holzmüller, diretor de Tecnologia do Futebol e Inovação da Fifa.
A bola também foi projetada colocando o meio ambiente como prioridade. Todos os componentes foram cuidadosamente considerados e Al Hilm é a primeira bola das semifinais e da final de uma Copa do Mundo feita somente com tintas e colas à base de água.
O design, por sua vez, foi aplicado sobre uma base texturizada de cor dourada que apresenta um sutil padrão triangular, inspirado nos cintilantes desertos da região que rodeia Doha, na cor do troféu da Copa e no padrão da bandeira do Catar.

A dívida de uma geração
POR GERSON NOGUEIRA

A Copa acabou para o Brasil e também para uma geração inteira de jogadores, Neymar à frente de todos. É claro que em 2026 o camisa 10 pode vir a ser convocado ainda e até disputar o Mundial, mas seguramente não será mais protagonista ou candidato a isso.
Talvez chegue à Copa como um Cristiano Ronaldo, mas dificilmente conseguirá repetir a trajetória admirável de Lionel Messi, que se preparou para fazer de sua última Copa (esta) um acontecimento único, e está conseguindo.
Há cinco Copas, o Brasil não consegue chegar às semifinais dos mundiais. Coincidência ou não, é sempre eliminado por uma seleção europeia. Em 2006, na Alemanha, caiu diante da França. Na África do Sul, em 2010, não resistiu à Holanda. Em 2014, foi humilhado pela Alemanha. Na Rússia, em 2018, perdeu para a Bélgica.
Desses mundiais, Neymar participou dos últimos três. Saiu lesionado no meio da Copa de 2014, chegou fora da melhor forma em 2018 na Rússia e agora, finalmente, parecia pronto para disputar sua grande Copa.
Tudo conspirava nesse sentido. O Brasil pegou um chaveamento favorável e a chegada às semifinais era líquida e certa. Faltou avisar a Croácia.
Neymar sofreu uma entorse no tornozelo que o tirou de dois jogos, mas voltou bem contra a Coreia do Sul. Diante da Croácia, na sexta-feira, a expectativa era de que seria a consagração dele. O bonito gol, de pura habilidade, na reta final do jogo deu essa falsa impressão.
O problema é que a Seleção fracassou como conjunto e levou junto seu principal jogador. Neymar não fez uma partida primorosa, mas buscou o jogo o tempo todo e acabou achando o caminho do gol no momento mais difícil do confronto. Um erro bobo pôs tudo a perder.
Não apenas Neymar deve lamentar o desfecho ruim na Copa do Qatar. Outros jogadores da sua geração, como Daniel Alves, Casemiro, Marquinhos (foto acima), Danilo, Fred e Tiago Silva, saem perdendo. Com as mudanças que forçosamente irão ocorrer na Seleção esse grupo dificilmente terá novas oportunidades.
Os mais jovens saem ligeiramente chamuscados, mas não descartados. Rodrygo, Vinicius Jr., Richarlison, Eder Militão, Alex Sandro, Gabriel Martinelli (que deveria ter entrado contra a Croácia), Raphinha, Antony e Paquetá estarão em condições de jogar daqui a quatro anos.
A dívida que fica junto à torcida é mesmo a da geração de Neymar, incluindo o grupo da fatídica Copa de 2014 no Brasil. Prometia muito, mas não conseguiu vencer nenhuma competição importante, a não ser disputas limitadas à América do Sul.
Bola na Torre
O programa começa às 19h30, na RBATV, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião, direto do Qatar. Em pauta, as eleições no PSC e os preparativos do Remo para o Parazão. A edição é de Mariana Malato.
Uma voz discordante e incômoda, ainda bem
De postura militante como jogador, Casagrande não mudou um milímetro depois que deixou os gramados. Renunciou ao papel de ex-atleta conformado e domesticado. Ao longo do tempo, tem disparado corajosamente contra os reacionários que formam a imensa legião de atletas e ex-atletas, viciados em apoiar a estrutura ultraconservadora que controla o esporte mais popular do país.
Exceção por não se calar diante das patuscadas dos milionários que o futebol produz, Casão paga um preço alto. É frequentemente agredido de maneira sórdida, não com os mesmos argumentos que usa, mas sob a forma de condenação moralista e cruel à doença contra a qual segue lutando.
A pobreza de raciocínio de seus desafetos só evidencia o acerto do posicionamento do ex-atacante corintiano. Tem sido voz quase solitária na cruzada contra bizarrices como o jantar do bife de ouro, que Ronaldo Nazário e mais quatro jogadores da Seleção degustaram aqui em Doha.
Não fosse por ele o episódio certamente se perderia nas brumas da normalização, fenômeno típico de períodos de Copa, quando o país fica particularmente condescendente em relação aos “meninos da Seleção”. Casão não amaciou e deu ao fato o nome adequado: uma vergonhosa ostentação de meninos ricos, indiferentes ao drama da fome no Brasil.
Levou paulada de todo lado. Os últimos embates têm sido travados com Tiago Leifert, que representa o extremo oposto em termos de visão de mundo. O importante disso tudo é que Casagrande dá a cara a tapa, não foge dos debates e diz sempre o que pensa. É um personagem raro na pasmaceira do jornalismo esportivo brasileiro.
Aos poucos, uma fatia considerável do público começa a despertar para os alertas que ele faz. O novo fiasco da Seleção, que ele chegou a projetar, talvez faça com que seja ouvido e lido com mais atenção.

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 11)