México da Europa, Inglaterra joga como nunca e perde como sempre; França avança

Era o jogo mais esperado das quartas de final da Copa do Mundo. Deu França. Fiel ao seu estilo de contra-ataques fulminantes, o time de Didier Deschamps encontrou pela frente um adversário aplicado e muito bem posicionado no meio-de-campo. A vantagem francesa se estabeleceu no aproveitamento das chances criadas. Mesmo com menos posse de bola (43% x 57%), os franceses foram mais objetivos. O volante Tchouaméni abriu o placar logo aos 17 minutos de jogo, em disparo certeiro, após jogada iniciada por Mbappé.

Com o estádio Al Bayt (na cidade de Al Khor) lotado, a Inglaterra pressionou de todas as formas, usando o arisco Saka para romper a marcação, mas só conseguiu o empate aos 9 minutos do 2º tempo. O próprio Saka sofreu pênalti e Harry Kane converteu. O jogo seguiu equilibrado, com o astro Mbappé discreto, mas Giroud surgiu entre os beques ingleses, aos 33 minutos, para testar firme e desempatar. A bola ainda tocou no ombro de McGuire.

A batalha prosseguiu encarniçada. e o árbitro brasileiro po, perdeu depois um pênalti aos 39 minutos. Explorando mais os contra-ataques, a seleção francesa acabou sendo bastante pressionada pela Inglaterra. Segundo as estatísticas do SofaScore, a seleção inglesa teve mais posse de bola (57% x 43%) e finalizou mais (15 x 8), sendo oito certas da equipe de Garath Southgate contra apenas cinco da seleção de Deschamps.

Griezmann, dinâmico no meio, ajudou a compensar o baixo rendimento francês nas jogadas pelos lados. Outra boa figura foi o zagueiro Upamecano, implacável na marcação a Kane. Aliás, a única chance inglesa no fim do jogo foi desperdiçada justamente por Kane. Mount foi derrubado na área, e o árbitro brasileiro Wilton Pereira Sampaio deu o penal com auxílio do VAR. Na cobrança, o camisa 9 mandou a bola por cima do travessão de Lloris, aos 39 minutos.

A vitória da França foi a primeira sobre a Inglaterra em Copas. Nos embates anteriores, em 1966 e em 1982, na fase de grupos, o English Team. O problema é que desde 1966 os ingleses não chegam a uma final de Mundial, confirmando a piada de que são os mexicanos da Europa – jogam como nunca, perdem como sempre.

Na semifinal, a França terá pela frente a surpreendente e vibrante seleção de Marrocos, que eliminou Portugal por 1 a 0 nas quartas de final deste sábado, 10. Sem jogar na retranca, criando oportunidades de gol (chutou sete vezes a gol), a equipe marroquina parou a seleção lusa, com nova grande atuação do goleiro Bono, o melhor da Copa até agora.

FAÇANHA MARROQUINA

Desacreditada, a seleção de Marrocos fez história mais uma vez. No estádio Al Thumama lotado de marroquinos, o time venceu Portugal por 1 a 0, gol de En-Nesyri em falha dupla do goleiro Diogo Costa e do zagueiro Ruben Dias. Com a classificação para a semifinal da Copa do Qatar, Marrocos já tem a melhor campanha de um país africano em todos os tempos.

Antes de Marrocos, a melhor campanha africana em Copas do Mundo tinha sido chegar às quartas de final. Foi assim com Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010). Agora, os marroquinos continuam o sonho e tentam, quem sabe, chegar à final. Dá para duvidar?

A semifinal será mais um confronto entre marroquinos e seleções apontadas como favoritas. Marrocos avançou em primeiro num grupo que tinha Croácia e Bélgica. No mata-mata, superou Portugal, depois de ter eliminado a Espanha nas oitavas. Na semifinal, terá pela frente a campeã mundial França.

Marrocos despacha Portugal e faz Cristiano Ronaldo chorar

Aos 37 anos, Cristiano Ronaldo se despediu neste sábado (10) das Copas do Mundo. O craque deixou o gramado do Estádio Al Thumama chorando após a eliminação de Portugal para Marrocos nas quartas de final do Mundial de 2022, no Catar. Os africanos venceram por 1 a 0, fizeram história com a classificação à semifinal e mandaram os lusitanos de volta para casa.

Assim como na goleada de Portugal sobre a Suíça, por 6 a 1, Cristiano Ronaldo começou no banco de reservas diante de Marrocos. O ex-melhor do mundo só entrou em campo aos sete minutos do segundo tempo, no lugar de Ruben Neves. Desde então, lutou muito, teve algumas oportunidades na grande área, mas não conseguiu vencer o goleiro marroquinno Bounou.

Na saída de campo e no caminho do vestiário, Cristiano Ronaldo foi visto aos prantos por saber que esta foi sua última Copa do Mundo – na edição de 2026, terá 41 anos.

O craque português ainda disputou as edições de 2006, 2010, 2014 e 2018. Ao todo, Cristiano jogou 22 partidas de Copa do Mundo e marcou oito gols. O astro marcou gols em todas as suas participações em Mundiais.

CR7 EM COPAS DO MUNDO

  • 2022 – 5 jogos e 1 gol
  • 2018 – 4 jogos e 4 gols
  • 2014 – 3 jogos e 1 gol
  • 2010 – 4 jogos e 1 gol
  • 2006 – 6 jogos e 1 gol

Revoltado com a eliminação do Brasil, Neto culpa Tite pelo fiasco

A derrota do Brasil para a Croácia levou o apresentador Neto à loucura. O ídolo corintiano se revoltou com o fato de Tite ter colocado Neymar como o último cobrador – o atacante não chegou a fazer sua cobrança – e xingou o treinador da Seleção durante o programa “Os Donos da Bola”, da TV Band. Claramente irritado com a situação, Neto avaliou que a culpa da eliminação recai sobre Tite, dizendo que o treinador não merecia estar no comando da Seleção.

“Acabou! Tite, filho de uma p*ta! Desgraçado. Eu falei que era o Neymar para bater. A culpa é do Tite. O Neymar deixou de bater o pênalti. O maior batedor de pênalti do mundo. Seu sem vergonha! Você não merece estar aí. Você deveria deixar o Neymar bater o pênalti. Se o Neymar faz o gol, ainda teria chance de o Alisson pegar, e depois o Marquinhos fazer. Seu burro! Burro!”, disparou Neto.

Com a voz falhando em alguns momentos de seu desabafo, Neto continuou a criticar Tite, dizendo que o técnico ‘acabou com o país’, testando o sofrimento do povo brasileiro. O apresentador ainda disse que esta era a Copa do Mundo ‘mais fácil’. “Seu idiota! Acaba com o país! Um país sofredor, em que as pessoas pagam R$ 300 por uma camisa. Você levou a sua família. Você não pensa no povo, nas pessoas que estão na rua. Seu idiota! Você perdeu a Copa do Mundo mais fácil. É só pensar: primeiro pênalti, deixa o Neymar. Não deixou – erramos”, complementou.

Pouco depois de explodir com Tite, Neto foi às redes sociais e criticou o bife de ouro dos jogadores da seleção e voltou a criticar o treinador da seleção no Qatar. “Por que vocês não comem pepita de ouro agora? Vai lá jantar com o Ronaldo, né? Come pepita de ouro, carne de R$ 9 mil reais. Aí, Tite, leva todo mundo lá”, iniciou.

“Legal o que vocês fizeram com o povo brasileiro, mais uma vez, né? Neymar não tem culpa de nada, Rodrygo não tem culpa de nada. Vai liberar para os caras tudo. Troca fraldinha, cocozinho, beijinho na boca. Faz tudo isso, Essa camisa, do Pelé, me representa. Vocês acabaram com a gente, o povo todo chorando. Vai todo mundo tomar no c*”, disparou.

Esta é a quarta vez nas últimas cinco Copas do Mundo que o Brasil cai nas quartas de final (também foi assim em 2006, 2010 e 2018). Além disso, as cinco eliminações desde o título de 2002 foram diante de seleções europeias (França, Holanda, Alemanha, Bélgica e Croácia). Classificada, a Croácia aguarda o vencedor do confronto entre Holanda e Argentina, hoje, às 16h (de Brasília), para conhecer o adversário na semifinal do Mundial.

O desabafo de Juca

Por Juca Kfouri, na Folha de SP

Não digam a rara leitora e o raro leitor que não avisei. Porque antes de embarcar para Doha contei, com todas as letras, que das Copas que cobri só numa deu Brasil, em 1994, nos Estados Unidos. E vamos combinar que foi a menos empolgante das cinco conquistas porque nos pênaltis e depois de horrorosos 120 minutos de 0 a 0 em Los Angeles, sob sol de rachar mamona.

A primeira cobertura in loco aconteceu na Espanha, em 1982, e consagrou a inesquecível Tragédia de Sarriá, quando um time de sonhos viveu o pesadelo de enfrentar a Itália em tarde primorosa e acabou derrotado por 3 a 2.

Sob o comando de Telê Santana, jogadores dos quais você queria ser amigo como Sócrates, Falcão, Leandro, Cerezo, Zico, foram derrotados e imaginaram ter segunda chance, no México, quatro anos depois.

E lá fomos nós amargar a derrota para a França nos pênaltis, depois da melhor apresentação brasileira e empate em 1 a 1.

Como drama pouco é bobagem, no mesmo jogo, Zico e Sócrates erraram cobranças, o Galinho durante o jogo e o Doutor no desempate.

Verdade que do time de 1990 não se esperava muito, mas, enfim, fomos para a Itália especular.

E, de novo, na melhor atuação brasileira, derrota para a Argentina, 1 a 0, em lance genial de Diego Maradona para Caniggia concluir.

Estava um pouco demais para quem havia crescido ouvindo no rádio e vendo pela TV a seleção só se dar bem.

Campeão mundial aos 8 anos, bicampeão aos 12 e tricampeão, já profissional da imprensa, aos 20.

Impossível não identificar os próprios pés como frios a ponto de causar tantos embaraços e constrangimentos.

Mas veio 1994 e deu uma atenuada.

Talvez porque o excepcional fotógrafo Pedro Martinelli tenha me obrigado a jogar fora a bolsa que eu trazia a tiracolo desde 1982 e trocá-la por elegante colete, com um bolso para cada função, comprado em Stanford. Era a bolsa!

Nem o colete funcionou em 1998, na França, diante da convulsão de Ronaldo Fenômeno e a sapecada de 3 a 0 imposta pelos franceses chegou a ser humilhante.

Então, em 2002, Copa na Coreia do Sul e no Japão, 24 horas dentro de avião, escolhi ver a Copa no Brasil.

Havia já 20 anos que não vivia o país na grande festa do futebol e seria divertido vê-lo ao curtir jogos de madrugada.

O Brasil foi pentacampeão…

Fala sério! Qualquer cidadão com um mínimo de responsabilidade social há de se convencer de suas responsabilidades e declinar de novas coberturas.

OK, OK, OK, para tirar a cisma, não custa tentar mais uma vez e lá fomos nós para Alemanha, em 2006, quando o francês Zidane nos despachou nas quartas de final, o que se repetiu com o holandês Sneijder, em 2010, na África do Sul, e com o belga De Bruyne, em 2018, na Rússia, para não falar dos estranhos episódios acontecidos no próprio Brasil, em 2014, nas cercanias germânicas do Mineirão.

Daí não haver surpresa alguma com a peça pregada pelos “croacianos” que inspiram estas linhas, especialmente o feiticeiro Modric, mais um europeu a nos mandar para casa mais cedo, este com a cumplicidade do goleiro Livakovic e, é claro, de Neymar e companhia, incapazes de jogar futebol à altura das gerações que os antecederam, mesmo aquelas que não venceram.

Como Tite encerrou seu ciclo antes mesmo de saber que resultado obteria no Qatar, seria ótima notícia se Neymar também resolvesse encerrar o dele.

Porque o meu, em Copas do Mundo, tranquilizem-se rara e raro, chegou ao fim.

Abalado pela eliminação, Neymar admite repensar ideia de deixar a Seleção

Apesar das indicações de que a Copa do Qatar foi a última de Neymar na Seleção, o jogador deixou no ar que pode mudar de ideia. Abalado após a derrota para a Croácia nesta sexta-feira (9), nos pênaltis, o camisa 10 disse que precisa pensar sobre seu futuro. “Não fecho as portas para a seleção, mas também não digo 100% que vou voltar. Por isso que eu quero pensar um pouco mais sobre tudo isso”, disse o jogador após a eliminação nas quartas de final.

A declaração destoa do que o próprio Neymar disse em entrevista em outubro de 2021, para o documentário “Neymar Jr & The Line of Kings”. Na ocasião, falou que “acho que 2022 é a minha última Copa do Mundo. Encaro como a última porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol.”

O tudo isso engloba todo o ciclo de quatro anos até a próximo Mundial, em 2026, quando o atacante terá 34 anos. “Muita coisa para pensar agora, para raciocinar. Não quero falar nada de cabeça quente”, afirmou para os jornalistas na zona mista.

“Eu não sei. Após o jogo, passei muito mal também. É difícil assimilar o que esta acontecendo. Parece um pesadelo. Mas agora é pegar a família, abraçar as pessoas mais próximas, de onde a gente vai tirar conforto. Essa derrota vai doer por muito tempo”, ponderou.

Não é azar; apenas despreparo

POR GERSON NOGUEIRA

A Seleção Brasileira sai da Copa depois de ser derrotada pela Croácia na série de penalidades. O jogo chegou a isso porque o Brasil, ganhando por 1 a 0 e com o jogo controlado, cedeu um inacreditável contra-ataque quando tinha a posse de bola e permitiu o empate a três minutos do fim.

Um olhar mais apressado pode gerar a avaliação de que o resultado final foi injusto, levando em conta as chances que o Brasil teve ao longo dos 120 minutos. Pressionou, levou mais perigo e criou os lances mais agudos no ataque, mas abusou do desperdício, o que é sinal de incompetência.

O problema é avaliar o quanto a Croácia tolerou a pressão meio caótica da Seleção e o quanto ela se armou para criar esse cenário. Desde os primeiros minutos, era visível a tranquilidade do time, sempre optando pelas soluções certas na saída de bola e nas tentativas de chegar ao ataque.

Aliás, raramente a Croácia passava da linha do meio-campo. O projeto era conduzir o jogo para a prorrogação e, se possível, para os penais. Em termos de execução, a estratégia foi perfeita, mas só deu certo porque o Brasil contribuiu infantilmente para isso.

Dispersivos, os atacantes da Seleção erraram praticamente todas as estocadas pelos lados no 1º tempo. Ponto forte da equipe, essa agressividade demanda esforço e precisa ter resultado prático.

No 2º tempo, a Seleção aumentou o ritmo, mas as chances iam surgindo e não eram aproveitadas. Vinícius e Raphinha foram substituídos por Rodrigo e Antony, mas o problema crônico da finalização persistiu, parando sempre nas mãos do bom goleiro Livakovic.

Sabiamente, a Croácia cuidava de proteger a linha de zaga e esbanjava categoria na meia-cancha, liderada por Modric. Não lhe interessava sair no desespero em busca do gol. Já a Seleção não acompanhava a movimentação do adversário, pressionava pouco e marcava mal.

Com isso, o experiente meio-campo croata teve todo o espaço para atuar confortavelmente. E, no momento de maior desconforto para eles, no segundo tempo da prorrogação, o Brasil achou de colaborar entregando a bola para o contragolpe fatal.

São detalhes que fazem a diferença no futebol. O jogo podia ter outro desfecho se o time não jogasse tão afoitamente quando ia à frente. Havia tempo para construir jogadas, mas a Seleção se perdia na afobação.

Em certo momento, olhando lá do alto da tribuna do luxuoso estádio Education City, me ocorreu que a torcida brasileira acreditou numa ilusão: a de que tínhamos um time suficientemente preparado para as adversidades e desafios de uma Copa. Vimos ontem que não tinha.

Costumamos atribuir à sorte ou azar resultados que contrariam as previsões. No caso da Seleção, só houve despreparo.

Um comandante que não deixa saudades

Há quem destaque as duas campanhas do Brasil nas Eliminatórias de 2018 e 2022 como um feito magistral de Tite. É um equívoco. Eliminatórias são etapas de classificação. O que vale mesmo é a Copa. E é preciso avivar a memória das pessoas. Tite foi o único treinador brasileiro a perder uma Copa América em casa – para os argentinos.

Foi também o único a ser derrotado por uma seleção africana em Copa do Mundo, ao escalar o fatídico time B contra Camarões. E igualou uma marca negativa que não rolava desde 1998, a de ser derrotado na fase de grupos.

Para agravar ainda mais as coisas, Tite convocou Daniel Alves (39 anos) para a Copa. Queria homenagear o lateral pelos seus bons serviços, coisa que nenhum técnico tem o direito de fazer numa competição tão importante, o que diz muito do estilo confraria que implantou na Seleção.

Seria difícil dar certo, como não deu. Em 2018, a derrota para a Bélgica aconteceu também nas quartas de final. A diferença ali é que os belgas tinham um belo time. Não se pode dizer o mesmo da atual Croácia.

A lição daquele jogo fatídico diante dos belgas parece não foi assimilada por Tite. A Seleção deixou o adversário, mesmo inferior tecnicamente, tomar conta de boa parte dos 90 minutos. Reagiu tarde, na prorrogação, mas entregou a rapadura a 4 minutos do fim.

Sem esquecer que o elenco tinha inéditos nove atacantes e, apesar disso, foi incapaz de fazer um gol em Camarões e ontem perdeu um caminhão de chances, consagrando o goleiro croata. A boa notícia é que a Copa do Qatar é a última de Tite e seu empolado dialeto particular.

Argentina supera desafios e vai à semifinal

Na finalização dos trabalhos aqui no Centro de Imprensa Fifa, ouço os gritos da torcida argentina, mostrada nos telões do Centro de Imprensa. Comemoração justa pela classificação à semifinal.

A seleção deles jogou com a tradicional valentia. Meteu dois, sofreu o empate, mas teve força mental para triunfar nas penalidades. E a torcida mais festiva da Copa não merecia mesmo ser despachada para casa mais cedo. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado, 10)