
Dia: 5 de setembro de 2022
Simbiose direitista
Falha bizarra derruba o Papão
POR GERSON NOGUEIRA
Esperava-se um jogo difícil, de forte marcação e pressão dos donos da casa, que estavam motivados pelo importante triunfo sobre o Vitória na 2ª rodada, mas o desenho inicial do confronto favoreceu o PSC. O Figueirense tentou impor um abafa no começo, mas, aos poucos, foi cedendo espaços para o contra-ataque. Depois de duas chances desperdiçadas, o gol paraense saiu aos 23 minutos, através de José Aldo. O problema é que, apenas cinco minutos depois, uma falha do goleiro permitiu o empate e o início da reação catarinense.
A jogada que deu origem ao empate começou despretensiosa, meio sem querer. Um balãozinho na área do PSC, a bola quicou na linha da pequena área, encobriu o goleiro Tiago Coelho e se ofereceu para Léo Artur empurrar para as redes. Fácil, extremamente fácil. Tiago perdeu o tempo da bola e não conseguiu nem pular para interceptar.
Um lance capital no jogo e tão inesperado que o técnico Márcio Fernandes admitiu que, ao longo de toda a carreira no futebol, jamais tinha visto um gol tão esquisito. Tiago admitiu a falha, explicou que foi traído pela direção da bola e pediu desculpas ao torcedor alviceleste nas redes sociais.
No segundo tempo, o Papão mostrou que estava pronto para seguir buscando a vitória. Começou melhor, trocando passes e explorando os lados do campo, com avanços de Robinho e Marlon. Aos 22 minutos, surgiu uma chance preciosa: Mikael lançou Pipico na área do Figueirense e o atacante desperdiçou o que seria o gol do desempate. Ao invés de bater de esquerda, chapando a bola, ele tocou de direita e o chute saiu torto.
Cabe ressaltar que, no 1º tempo, Pipico quase marcou chutando de fora da área. A bola foi no ângulo, forçando o goleiro Wilson a uma grande defesa.
Para infortúnio do Papão, um minuto depois do gol perdido, o Figueirense foi ao ataque e abriu vantagem. A jogada rápida começou pela direita, o centroavante Gustavo Henrique foi lançado na área e bateu por cobertura, aproveitando que o goleiro Tiago Coelho ficou no meio do caminho. A bola ainda tocou no travessão antes de entrar.
Depois de estabelecer a virada, o Figueirense se preocupou em controlar o meio-campo e explorar os contra-ataques. Quase chegou ao terceiro gol com Gustavo Ramos, ex-azulino, que disparou um chute cruzado acertando a rede pelo lado de fora.
No desespero, o técnico Márcio Fernandes fez várias mudanças, desfigurando o meio-campo e o ataque. Entraram Serginho, Marcelinho, Alessandro Vinícius e Wesley. Nem assim o time esboçou reação. Pelo contrário, o que já não estava bem acabou ficando pior.
O desgaste físico e mental tornou José Aldo improdutivo, reduzindo seu campo de atuação e tornando a meia-cancha completamente improdutiva. Apesar de insistir em cruzar bolas na área, o PSC não levou mais perigo e ficou exposto à velocidade do ataque do Figueirense.
A vitória deixa o Figueirense bem posicionado na luta pelo acesso, enquanto o PSC se complica ainda mais, precisando agora encontrar forças para vencer os três jogos que restam e ainda torcer por outros resultados.
Na lanterna, sem pontuar, o time de Márcio Fernandes tem hoje como maior adversário seus próprios fantasmas. Fica claro que os erros individuais – contra o Vitória, ABC e Figueirense – explicam os resultados ruins, mas não dizem tudo sobre a vertiginosa queda de rendimento da equipe.
Nem mesmo quando conseguem encaixar bem o jogo, como no início da partida em Florianópolis, os jogadores conseguem manter a estabilidade. Como as cobranças são constantes, o time reage da pior forma possível quando sofre um gol.
É neste cenário que a semana começa, com preparativos para o jogo com o Figueirense no domingo e a obrigação de vencer a qualquer custo. A entrevista de Márcio Fernandes após o jogo é reveladora do clima de abatimento que tomou conta do grupo. Sem ter como explicar mais um tropeço, ele buscou argumentos no imponderável. Abatido, disse que o futuro a Deus pertence.
Leãozinho sofre, mas garante bicampeonato sub-20
Parecia que tudo estava preparado para um novo triunfo remista e a festa pela conquista do título estadual da categoria sub-20. O Pinheirense, porém, mudou o script e endureceu a parada. Venceu o jogo por 3 a 1, forçando a decisão na cobrança de penalidades.
Aí brilhou o goleiro Juan, responsável por três defesas que garantiram a taça para o Leão. Tirando a reviravolta emocionante no desfecho do campeonato, a final serviu para colocar em ação jogadores promissores nos dois times.
O Remo teve Solano e Henrique como destaques, além do goleiro Juan, enquanto o Pinheirense mostrou o atacante Mateuzinho, habilidoso e bom finalizador. São nomes, como outros que estiveram em ação, que podem vir a reforçar equipes profissionais em 2023.
Desde que os clubes levem a sério a valorização da prata da casa, coisa que nos últimos anos se tornou uma novela de final sempre ruim. Os jogadores até surgem nos times de base, mas não encontram espaço para jogar.
O crônico problema mereceu um comentário do jornalista Nildo Lima, repórter do Bola, a propósito da coluna de ontem, chamando atenção para a responsabilidade que a imprensa esportiva tem em relação a isso.
“Que os dirigentes de nossos principais clubes não dão a mínima para a base, isso é fato. Mas é necessário que a imprensa, da qual fazemos parte, também assuma sua fatia desse bolo sem cor e sem sabor do desprezo à garotada. A imprensa só abre espaço a garotada na entre safra do futebol local. Traduzindo: o futebol de base do Pará é, para a imprensa local, uma espécie de estepe”, diz.
“Agora mesmo os times de Clube Remo e Pinheirense entraram em cena pelo fato de o primeiro estar sem atividade profissional, e só por isso. Para não me alongar mais, o que acontece é que cobramos muito dos dirigentes, e isso é correto, mas esquecemos de olhar para os nossos próprios erros”, observa Nildo, com boa dose de razão.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 05)
Lula lidera a corrida presidencial em 15 Estados; Bolsonaro em 5, mais DF

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida presidencial em 15 das 27 unidades da federação; enquanto o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) está à frente em outros 5 Estados, mais o Distrito Federal. O g1 compilou as pesquisas Ipec concluídas na última semana em todos os Estados da federação, mais o Distrito Federal. Os levantamentos foram divulgados entre 22 de agosto e 3 de setembro e contratados pela TV Globo ou suas afiliadas. Em seis Estados, há empate técnico entre os dois candidatos; a margem de erro foi de três pontos percentuais.

Na divisão por região do Brasil, Lula lidera:
- em todos os 9 estados do Nordeste
- em 3 dos 7 estados do Norte
- em 2 dos 4 estados do Sudeste
- em 1 dos 3 estados da região Sul
O candidato vai melhor no Piauí, onde está à frente de Bolsonaro por 69% a 15%.
Bolsonaro lidera:
- em 3 dos 7 estados do Norte
- em 2 das 4 unidades da federação do Centro-Oeste
- em 1 dos 3 estados da região Sul
O candidato vai melhor em Roraima, onde está à frente de Lula por 66% a 16%.
Estados onde Lula está à frente:
- Alagoas: Lula 50% x 29% Bolsonaro
- Amazonas: Lula 48% x 35% Bolsonaro
- Bahia: Lula 61% x 20% Bolsonaro
- Ceará: Lula 58% x 19% Bolsonaro
- Maranhão: Lula 66% x 18% Bolsonaro
- Minas Gerais: Lula 45% x 30% Bolsonaro
- Pará: Lula 44% x 35% Bolsonaro
- Paraíba: Lula 58% x 24% Bolsonaro
- Pernambuco: Lula 60% x 22% Bolsonaro
- Piauí: Lula 69% x 15% Bolsonaro
- Rio Grande do Norte: Lula 59% x 25% Bolsonaro
- Rio Grande do Sul: Lula 42% x 34% Bolsonaro
- São Paulo: Lula 40% x 31% Bolsonaro
- Sergipe: Lula 54% x 26% Bolsonaro
- Tocantins: Lula 46% x 39% Bolsonaro
Estados onde Bolsonaro está à frente:
- Acre: Bolsonaro 53% x 30% Lula
- Distrito Federal: Bolsonaro 38% x 31% Lula
- Mato Grosso: Bolsonaro 49% x 31% Lula
- Rondônia: Bolsonaro 54% x 27% Lula
- Roraima: Bolsonaro 66% x 16% Lula
- Santa Catarina: Bolsonaro 50% x 25% Lula
Estados onde há empate técnico:
- Amapá: Lula 39% x 39% Bolsonaro
- Espírito Santo: Lula 42% x 39% Bolsonaro
- Goiás: Bolsonaro 39% x 34% Lula
- Mato Grosso do Sul: Bolsonaro 39% x 37% Lula
- Paraná: Bolsonaro 41% x 35% Lula
- Rio de Janeiro: Lula 39% x 36% Bolsonaro
* A margem de erro foi de três pontos percentuais para cima ou para baixo em cada uma dessas pesquisas
Sobre o pai da mentira
Rock na madrugada – Neil Young, “Powderfinger”
Power memórias ATIVAR!
Por André Forastieri

Demorou muitos anos para eu entender porque gosto tanto dos Power Rangers. Eu já tinha duas boas razões para ser fã do time de super-heróis, uma interesseira, outra afetiva. Mas a verdade verdadeira me escapava.
A razão prática porque eu comecei a curtir os Power Rangers foi financeira. Quando a gente começou a revista Herói, lá em dezembro de 1994, sabíamos que os Power Rangers eram um grande sucesso nos EUA e estava para estrear nas manhãs da Globo.
A Herói era uma revista de jornalismo para moleque, cobria desenho animado, gibi, videogame, filmes recheados de efeitos especiais, nostalgia e tudo que desse na nossa telha. Foi o maior fenômeno editorial de 1995 e seguiu firme e forte até 2003, quando a molecada trocou as revistas pela internet.
Então vira e mexe a Herói dava capas sobre os Power Rangers, e sempre vendeu bem. Só perdia para Cavaleiros do Zodíaco (também aí era covardia). Por isso eu assisti bastante daquela primeira fase. E me diverti de verdade, além de curtir o dindin entrando no bolso. Cresci com Ultraman e os Vingadores do Espaço. Robô gigante lutando com monstro usando roupa de borracha é comigo mesmo.
Curtia também o descaramento dos produtores, que simplesmente compravam as séries originais japonesas e editavam toscamente com cenas rodadas com atores americanos. A diferença das imagens era gritante, mas a molecada nem aí. Estavam apaixonados pelas naves em formato de dinossauro, os Zords, que se juntavam para formar o MegaZord e o SuperMegazord.
A razão do coração é quando tive meu próprio moleque apresentei os Power Rangers para ele. Logo Tomás também estava viciadinho da silva. Todo dia, dez horas da noite, víamos Power Rangers no canal Jetix. Ele tinha uns quatro, cinco anos. Assistimos juntos Dino Trovão, Ninja Storm, Wild Force e SPD.
Uma vez o garoto não parava de chorar em um aeroporto, entediado e faminto, e subornei ele com um boneco do Ranger Sombra. Que na verdade era um cachorrão, esse da foto aí acima. Mas o focinho sumia quando ele punha a armadura. Totalmente normal.
O menino virou homem e sobrou essa memória terna de ficar jogado no sofá com meu filho, curtindo com monstros malucos e kung fu pastelão. Um tempo atrás trombamos Power Rangers na TV e de repente estávamos assistindo o episódio inteiro. Explicação do marmanjo: “pai, Power Rangers é nostalgia total.”
Quando pintou esse último filme dos Power Rangers para o cinema é que me caiu a ficha. Eu adoro as estrepolias deles porque me lembram o… Batman.
O Batman da minha infância, da abilolada série dos anos 60. Que era engraçada, esperta, rápida, pop. Podia e pode ser curtida em dois níveis completamente diferentes. Como aventura emocionante pela criançada e como uma gozação com os chavões do gênero pelos adultos. Tudo junto, misturado, liquidificado, turbinado.
Os Power Rangers são exatamente assim. A Herói, uia, era assim. E foi um grande negócio. Mesmo que não tão grande nem eterna quanto o Batman e os Power Rangers, que tão sempre por aí. Mas a Herói também está, de uma outra maneira.
Aprendi um bocado fazendo o livro sobre a Herói com a amiga Arianne Brogini. Por exemplo:
– se você criar uma coisa muito legal, décadas depois as pessoas vão lembrar
– e mais que lembrar, elas vão comemorar e ajudar a financiar
– e te inspirar e te cobrar e te impulsionar!
E mais:
– a Herói foi sucesso porque não tinha fórmula
– era impossível de imitar mas imitaram mesmo assim
– e fez mais sucesso que as cópias porque nós reagimos batendo forte de volta
– mas também porque a gente media, media, media tudo o tempo todo
– e agia rápido com base nos números
– só fizemos isso porque éramos vários sócios, e com expertises e jeitos bem diferentes
– valorizávamos essas diferenças, o que fez toda a diferença
– mas o sucesso é tão difícil de administrar quanto o fracasso, como diz o provérbio
– e é enorme, quase inevitável a chance do sucesso levar seus criadores a se acharem gênios infalíveis. Nesse caminho mora a loucura (e o fracasso).
E digo mais:
– para fazer negócios use a razão. Depois da razão, a força. Se você insistir, insistir, insistir, a faca cede aos murros (às vezes)
– quando você tem uma pequena empresa, ter independência na gestão é tudo (mas às vezes não é o suficiente)
– negócio não é gestão, é gestão das oportunidades
– negócio não é gestão, é gestão das marés baixas (e elas virão, prepare-se)
E digo mais:
– se você foi um colega ou um chefe ou um sócio legal, quem trabalhou com você vai lembrar pro resto da vida
– mais que lembrar, essas pessoas vão perdoar quando você não foi tão legal assim
– mas, que bom, sempre é hora de fazer as pazes com o que passou
– e de celebrar as vitórias do passado como inspiração para novas, improváveis aventuras no presente!