Os mais de 14 mil azulinos que lotaram o Baenão fizeram tudo o que podiam, incentivando e tentando empurrar o time a uma vitória que praticamente garantiria a classificação. O esforço foi em vão, pois o Remo não conseguiu se impor ao longo de toda a partida sobre um Aparecidense organizado e bem distribuído em campo.
Brenner duas chances logo no começo da partida, mas depois perdeu espaço para a forte marcação do visitante. O meio-campo, com Erick Flores como armador, não funcionou na criação de jogadas e chegou a ser dominado pelo adversário nos primeiros minutos do segundo tempo.
Somente com a entrada de Soares no meio e Pablo Roberto na marcação, a equipe reequilibrou as ações e viveu seu melhor momento no jogo. O problema é que quando o Remo mais impunha pressão, o jogo teve que ser paralisado porque alguns torcedores soltaram sinalizadores.
A partida parou por quase 5 minutos. No recomeço, já com Neto no lugar de Bruno Alves, o Remo esteve perto de fazer o gol. Brenner cabeceou no canto direito, mas a zaga botou para escanteio. Neto acertou um chute forte de fora da área, fazendo o goleiro desviar a córner. Em seguida, o próprio Neto tocou de cabeça um lançamento alto de Renan Castro e quase abriu o placar.
O empate deixa o Remo dependente de outros resultados para garantir classificzação.
Da mesma forma que a partida contra o Ferroviário foi uma autêntica decisão, o confronto de hoje diante da Aparecidense é também um jogo de altíssima importância para o Remo. Vale a passagem à fase de grupos da Série C, pois, dependendo da combinação de outros resultados, uma vitória pode garantir a classificação antecipada.
A mais recente referência que o torcedor tem do Remo não é das mais encorajadoras. Contra o Ferroviário, na segunda-feira passada, o time chegou a ser ameaçado pelo apenas esforçado ataque do adversário.
Ao invés do domínio que todos esperavam ver, o Remo chegou a ser dominado em vários momentos da partida, aumentando as desconfianças quanto às chances de classificação. A vitória só veio nos minutos finais, mais por esforço e raça do que por talento ou inspiração.
Apesar disso, a maneira como o time conseguiu alcançar o resultado empolgou a torcida. É daqueles triunfos que trazem a marca da determinação, virtude tão importante e decisiva numa competição que é marcada muito mais pela transpiração. Com o Baenão lotado, o clima será de caldeirão para empurrar o Remo à vitória.
Por outro lado, um lance do jogo simboliza as limitações criativas do time. O centroavante Brenner teve que sair da área para armar a manobra que resultou no gol de Marco Antônio, o primeiro do Remo na partida. Curiosamente, fazia tempo que a equipe não fazia uma jogada minimamente elaborada.
Sinal evidente da falta que um meia-armador faz. Para o confronto diante da Aparecidense, o técnico Gerson Gusmão tem duas alternativas para injetar qualidade ao time. Soares e Pablo Roberto, que chegaram nesta semana, são opções naturais para ajustar o setor que é o mais problemático desde o começo do campeonato.
Pelo que deu a entender nos treinos, Soares deve ser o escolhido para armar o jogo e municiar o ataque formado por Bruno Alves, Brenner e Leandro Carvalho. Um ataque não consegue se estabelecer ofensivamente porque não é abastecido com jogadas de aproximação e nem apoio dos laterais.
Por falta de suporte do meio-campo, os atacantes precisam se virar, tanto que Bruno Alves acumula 14 participações em gols em 29 jogos na temporada. Brenner, goleador do time, é o segundo que mais deu contribuições, marcando 11 gols e dando uma assistência.
A defesa apresenta a estreia da dupla Everton Sena-Wendel. Os titulares Marlon e Daniel Felipe estão suspensos. Na lateral esquerda, Renan Castro substitui Leonam, lesionado. A zaga inédita tem o desafio de conter um dos artilheiros da Série C, Alex Henrique (9 gols). (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa neste domingo, a partir das 21h, na RBATV, com participações de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em pauta, durante 1h15, a repercussão da 18ª rodada da Série C. A edição é de Lourdes Cézar.
Futebol do Pará representado na Libertadores
Observação do amigo Domingos Sávio depois do jogo Atlético-MG x Palmeiras, pela Libertadores: “Se o Roni tivesse jogado hoje, teríamos quatro profissionais que trabalharam aqui no Pará, três deles no Remo. O goleiro do Palmeiras, Weverton, o técnico Cuca e Roni, no Remo, e Keno, no Águia”. Na próxima semana, os quatro estarão em ação, pois Roni tem presença confirmada no segundo jogo das quartas de final.
Mas, acima do orgulho pela coincidência, a situação estimula reflexões.
Estilo português ameaça conflitar com velhos hábitos
A onda de técnicos portugueses que assola o país desde Jorge Jesus no Flamengo em 2019 começa a abrir flancos, principalmente quanto aos métodos de treinamento e atitudes nas entrevistas. A bola da vez é Vítor Pereira, que levou o Corinthians à posição de destaque no Brasileiro e vivo na disputa da Libertadores e da Copa do Brasil.
As razões de estremecimento vêm dos hábitos incomuns entre os técnicos brasileiros. A divulgação da escalação aos atletas somente no dia dos jogos chamou atenção no começo. Depois, Pereira inovou com treinos táticos substituindo aos habituais coletivos ou rachões de véspera. Não contribui também a franqueza que exibe nas entrevistas pós-jogo.
Sobre a escalação, ele explica que a ideia é deixar o grupo motivado sempre, sem saber quem vai entrar em campo. Os boleiros não gostam do sistema, pois sentem-se inseguros e prejudica a preparação.
É claro que ninguém fala publicamente a respeito, mas como a história vazou para a trepidante mídia esportiva paulista está claro que logo a confusão vai se estabelecer.
Orgulhoso da condição de “treinador de treinos”, Pereira enfatiza sempre a necessidade de exercícios técnicos em meio campo um dia antes dos jogos. Os coletivos saíram de cena, para insatisfação da boleirada, que encara os treinos de 11 contra 11 como forma de relaxamento.
Na mesma linha do palmeirense Abel Ferreira, Pereira não tem papas na língua. Parece pouco se incomodar em ferir suscetibilidades ao criticar pontualmente os jogadores. O primeiro alvo de sua observação pública foi Roger Guedes, que se recusava a recuar para marcar.
Pode ser que Pereira, por conta de tudo isso, não tenha longevidade no Corinthians, mas sem dúvida vem contribuindo para sacudir a roseira e modificar alguns hábitos enraizados no futebol daqui.
(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 07)