POR GERSON NOGUEIRA
Foi uma das mais emocionantes decisões da história do futebol paraense. O Papão, que havia perdido o primeiro jogo por 2 a 1 no Mangueirão, teve fibra e futebol para virar uma partida duríssima contra o Cruzeiro na finalíssima disputada no Castelão, em Fortaleza.
O placar final de 4 a 3 dá bem a dimensão dos tons épicos do jogo, que se completaria com o triunfo de 3 a 0 na série de penalidades, na tarde/noite de 4 de agosto de 2002. Uma festa indescritível da torcida alviceleste no Pará, consciente da imensa importância da conquista.
Não que a Copa dos Campeões fosse levada a sério pelos grandes clubes brasileiros. A questão é que valia mesmo por garantir o sonhado acesso direto à Libertadores da América, principal torneio do continente.
Palmeiras e Flamengo ganharam as duas primeiras edições e a terceira (e última) coube ao PSC, que jogou como nunca e exibiu a vocação copeira, com excelente performance nos confrontos decisivos.
Depois de superar a fase inicial – contra Fluminense, Corinthians e Náutico – na condição de azarão, o Papão foi avançando. Bateu o Bahia nas quartas de final e meteu 3 a 1 no Palmeiras do pentacampeão Marcos no Mangueirão lotado.
Vandick, Sandro, Jobson, Albertinho, Rogerinho, Gino, Velber e Luís Fernando eram alguns dos destaques da equipe dirigida por Givanildo Oliveira. O PSC chegou à Copa dos Campeões por ter vencido a Copa Norte daquele ano numa disputa ferrenha com o maior rival.
O artilheiro Vandick foi decisivo na final. Marcou três vezes contra o Cruzeiro de Fábio Jr., Jefferson, Cris, Joãozinho, Luizão e Augusto Recife. Jogo complicado. O Cruzeiro saiu na frente. Fábio Jr. marcou logo aos 9 minutos. Vandick empatou dois minutos depois e virou aos 22’.
Ainda no primeiro tempo, Cris empatou aos 39’. No minuto seguinte, Vandick foi lá e desempatou outra vez. O jogo foi para o intervalo com a Fiel bicolor empolgada, acreditando na conquista. Logo aos 3’ do segundo tempo veio a ducha de água fria. Fábio Jr. empatou. O resultado dava o título ao Cruzeiro.
Ocorre que o PSC seguiu acreditando. Jobson fez o quarto gol aos 12’ e forçou a decisão em tiros livres da marca do pênalti. Aí só deu Papão. Luís Fernando fechou a série balançando as redes de Jefferson.
Foi o maior título ganho pelo PSC, com a importância extra de ter garantido a participação histórica e digna na Libertadores do ano seguinte. Até hoje é o único clube da Amazônia a ter participado do maior torneio da América do Sul. É para comemorar sempre.
Givanildo Oliveira tem os méritos pelos resultados de campo. E Artur Tourinho, presidente do clube à época, foi fundamental para que o time chegasse tão longe.
Centroavante quase pronto para entrar no time
Ao lado de Marlon, Danrlei é a grande esperança do PSC para o quadrangular da Série C. O clube até tentou contratar mais um centroavante. Foi ao mercado, mas não encontrou um jogador no perfil que lhe interessava. Diante disso, preferiu apostar suas fichas na recuperação do atacante de Baião.
Quase inteiramente recuperado dos problemas físicos que comprometem sua participação na primeira fase da Série C, Danrlei deve reaparecer no jogo de amanhã contra o Altos-PI. Ao contrário de outras partidas, quando ficou em campo por menos de 30 minutos, desta vez ele deve atuar por pelo menos 45 minutos.
É o ensaio para voltar ao time no momento certo, na disputa que realmente importa. Para os seis jogos do quadrangular, o PSC deve finalmente contar com Danrlei, Marlon e Dalberto no ataque. Seria a formação ofensiva dos sonhos da torcida, com potencial para garantir os gols necessários ao acesso.
Clássico se define na bola e no emocional
Atlético-MG x Palmeiras são duas das três melhores equipes do país no momento. A outra é o Flamengo. Têm os melhores elencos e praticamente não têm adversários à altura no continente. Curiosamente, não jogam o futebol mais bonito de ver. O surpreendente Fluminense de Fernando Diniz detém esse galardão valioso.
Na disputa das quartas de final da Taça Libertadores, quis o destino que palmeirenses e atleticanos ficassem frente a frente de novo – no ano passado, o Verdão levou a melhor, mas o Galo saiu invicto da disputa.
Desta vez, a invencibilidade é palmeirense. O fato se justifica pela organização que o time mostra em campo e um incrível equilíbrio anímico, que não se esfarela nem mesmo diante das piores adversidades.
No jogo de anteontem, no Mineirão, o Galo começou melhor e mais envolvente, apesar da discreta participação de Hulk, seu principal jogador. Rondou a área, botou bola na trave e conseguiu um pênalti ainda no primeiro tempo.
Voltou ainda superior no 2º tempo, ampliou para 2 a 0 em excelente jogada de Keno. De repente, o Palmeiras encolhido começou a dar vazão a um time desassombrado, que entendeu a necessidade de buscar o gol.
Conseguiu seu intento após uma bola que estourou na trave do Atlético. Nos acréscimos, chegou ao empate em lance que teve o carimbo do talento de Scarpa e do arrojo de Dudu.
É claro que a batalha não se decidiu. Semana que vem tem mais, em São Paulo, mas é inegável que o Palmeiras está em vantagem emocional. E deverá ter de volta seu melhor atacante, o paraense Roni.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 05)