As expectativas renovadas

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo não pode nem sonhar em tropeçar no Ferroviário, amanhã à noite, no Baenão. É uma decisão de campeonato, como serão os jogos com a Aparecidense e Botafogo-SP nas rodadas seguintes. A conta é simples: com 22 pontos, precisa fazer pelo menos mais sete para se garantir no G8 final. A tarefa é difícil naturalmente, mas se torna mais indigesta para um time que parece não confiar nas próprias forças.

As partidas do Remo, principalmente a partir da 10ª rodada, mostram uma equipe oscilante, insegura e previsível. Passa a impressão de que não parece capaz de acreditar no sonho do acesso. O aspecto mais desconcertante é que o clube tem a folha salarial mais robusta da competição – ou é uma das duas mais altas.

O elenco é numeroso, mas curto em qualidade. A defesa experimentou uma evolução positiva com Gerson Gusmão. Aliás, foi o único setor que revela influência firme do novo técnico. Os demais setores, porém, sofrem com as indefinições do modelo de jogo.

Jogar com três atacantes é ilusório – como foi na Série B 2021. Ter três jogadores isolados na frente não permite dizer que o time é ofensivo. Na verdade, é um time confuso e meia-boca. Não há ataque que funcione sem jogadas elaboradas a partir do meio-campo e das laterais.

O Remo não tem isso em seu repertório. Até mesmo as jogadas que Leonan costumava fazer, avançando em velocidade pela esquerda e cruzando sob medida, se tornaram raridade nas últimas rodadas. Celsinho, na direita, dá segurança defensiva, mas avança com parcimônia.

Bruno Alves, Brenner e Leandro Carvalho, o trio que deve iniciar o jogo de amanhã, precisa se virar lá na frente, pois o meio-campo não produz absolutamente nada. O jogo com o Botafogo-PB evidenciou isso. O Remo tinha a bola, mas se perdia em passes improdutivos. Nenhuma tentativa de romper marcação ou surpreender a zaga adversária.

Qualidade não falta ao trio. Bruno Alves recuperou a forma e tem sido peça importante quando lançado em velocidade. Finaliza bem, embora arrisque pouco. Brenner é um dos melhores atacantes da competição, mas a impressão é de que vive abandonado entre os zagueiros. Leandro ainda não deslanchou, mas tem habilidade e ímpeto para ser um diferencial do time.

Nos treinos da semana, o técnico Gerson Gusmão trabalhou a ideia de um meio-campo com Uchoa, Paulinho Curuá e Marciel, este com funções mais criativas. Embora não tenha se saído bem quando foi improvisado ali por Paulo Bonamigo, Marciel é o volante mais habilidoso do elenco e pode ser útil na aproximação com o ataque.

De toda sorte, o Remo vive da esperança de se reencontrar na competição. Não é fácil alcançar isso na fase de afunilamento, quando todos os times estão dando tudo em nível máximo, mas as esperanças precisam ser renovadas. Se não for possível avançar na técnica, que seja na valentia.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 21h30, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A rodada da Série C para os clubes paraenses é a pauta principal. A edição é de Lourdes Cézar. O programa é transmitido também pela Rádio Clube.

Ricardinho: um senhor reforço para a fase de grupos

São fortes os rumores de que o volante/meia Ricardinho pode voltar a jogar ainda nesta Série C. Seria uma das surpresas do PSC para a fase de grupos, quando o acesso é definido. Sim, o time pode se considerar virtualmente classificado, dependendo de apenas dois pontos em três jogos – no sábado, derrotou (3 a 1) o Campinense e garantiu a vaga por antecipação.

O veterano Ricardinho passou por uma cirurgia logo depois do Campeonato Estadual e ficou afastado todo esse tempo, cuidando da recuperação. Caso o retorno se confirme, será um reforço considerável para um setor do time que começa a dar sinais de crise criativa.

Por exaustão (e também pelo monitoramento dos times adversários), jogadores como José Aldo e Marlon deixaram de se destacar nas últimas sete rodadas. No começo do campeonato, foram fundamentais para impulsionar o PSC rumo à classificação que lhe garantiu a condição privilegiada de agora.

Por enquanto, não há confirmação da volta, mas é preciso considerar as condições de Ricardinho para ser reintegrado em meio à fase mais aguda da competição, com óbvios riscos para um atleta recém-saído de longo afastamento. Outro ponto a ser levado em conta é o posicionamento. Com ele no meio-campo, o PSC terá que jogar com mais jogadores de marcação.

Além de Mikael no primeiro combate, José Aldo pode funcionar como um escudeiro de Ricardinho. João Vieira pode se juntar ao esforço coletivo para garantir segurança à defesa. Tudo isso por uma razão simples: Ricardinho não marca. Joga à vontade, conduzindo a bola e fazendo lançamentos, mas não tem capacidade de combate.

As eventuais mudanças no formato do time seriam largamente compensadas pela qualidade de jogo que Ricardinho entregaria ao time. A bola parada, quase sempre mortal, pode ser arma importantíssima no quadrangular do acesso.

Com Ricardinho de volta, o PSC só iria precisar buscar reforços para a zaga e o centro do ataque. A parte criativa estaria suprida. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 31)

Papão bate Campinense e antecipa a classificação

O PSC quebrou a sequência ruim fora de casa e derrotou o Campinense, em Campina Grande, neste sábado à noite, por 3 a 1. O resultado deixa a equipe virtualmente classificada à próxima fase, com 30 pontos. Jogando sempre no contra-ataque, os bicolores foram frios e cirúrgicos. Marlon marcou dois gols (um de pênalti, sofrido por ele) ainda no primeiro tempo. Ele estava sem marcar há seis rodadas. A Raposa amargou mais uma derrota na Série C e pode terminar a rodada na lanterna, correndo sério risco de rebaixamento.