
Esposa do policial municipal Marcelo Arruda, assassinado na noite de ontem por um bolsonarista, Pamela Suellen Silva falou com a coluna sobre tragédia que vivenciou ao ver o marido ser alvejado durante sua própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu (PR). Extremamente emocionada, Pamela, que é investigadora da Polícia Civil, relatou que o assassino José da Rocha Guaranho entrou no local com o objetivo de “matar as pessoas da festa” e que isso fez seu companheiro revidar os tiros. Nenhum dos dois sobreviveu. Marcelo deixa dois filhos com Pâmela, Pedro, com apenas 40 dias, e Helena, de seis anos.
No fim da festa essa pessoa que ninguém conhecia apareceu num carro branco. Ele abriu o vidro e gritou: ‘Fora PT, Lula ladrão, Bolsonaro mito’. Marcelo foi até ele pedir que fosse embora e ele sacou uma arma e apontou para o Marcelo. A mulher dele estava dentro do carro com uma criança e pediu pelo amor de Deus para ele ir embora. Ele foi, mas disse que voltaria — contou.
Pamela relata que achou que Guaranho não voltaria. Por isso, ela não foi buscar a arma que tinha no carro, por ser policial. Já Marcelo levou a ameaça mais a sério e trouxe a arma que usava como policial municipal.
Quando ele retornou eu disse: ‘Vai embora cara, polícia’, mostrando que somo policiais. Mas ele começou a atirar a esmo, foi com intuito de matar as pessoas da festa. Aí Marcelo revidou. Um tiro atingiu a perna do Marcelo e o assassino chegou muito perto para executá-lo. Marcelo estava caído no chão. Foi horrível, horrível, uma cena de horror. Corri no carro para pegar minha arma e quando cheguei, Marcelo já estava no chão e o homem, também. Ele atirou no salão de festas onde tinham crianças, bebê. A bala quebrou o vidro do salão de festas e um pai se jogou pra proteger seu bebê — conta.
Pamela conta que a temática do PT para a festa de 50 ano foi uma brincadeira feita por amigos e familiares a pedido do marido, que era militante do partido, foi candidato a vereador pela legenda e também a vice-prefeito de Foz em 2020.
A esposa descreve Marcelo como “excelente pai, prestativo, atencioso, alegre e sempre de bom humor”, além de “politicamente ativo”, tanto em relação ao PT quanto sobre questões sindicais, já que ele integrava a executiva do Sindicado dos Servidores Municiais de Foz de Iguaçu.
Pamela relata que a violência política vinha chamando cada vez mais a atenção do companheiro, que falava que o cenário estava ficando mais perigoso.
— Ele sempre foi atento a isso, ainda mais nos últimos anos. Estava preocupado. A gente conversava em casa e ele falava a gente tínhamos que cuidar muito disso, que estava ficando cada vez pior — relatou. (Por Bela Megale, em O Globo)

O boletim de ocorrências informa que Guaranho chegou no local de carro e que no veículo estavam também uma mulher e um bebê. Segundo o documento, ele desceu do carro, armado, gritando: “Aqui é Bolsonaro!”. De acordo com o boletim, o policial penal não era conhecido de ninguém na festa nem foi convidado.
O documento cita que o policial deixou o local, mas voltou cerca de vinte minutos depois, sozinho e armado. O boletim de ocorrência cita que Guaranho atirou duas vezes contra o guarda municipal, que revidou e baleou o policial penal.
NOTA DE PESAR
Leia abaixo a nota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, na madrugada deste domingo, 10:
“Nosso companheiro Marcelo Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos com sua família e amigos, em paz, em Foz do Iguaçu. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, sua festa de aniversário tinha como tema o PT e a esperança no futuro; com a alegria de um pai que acabou de ter mais uma filha.
Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia ainda maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor.
Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda.
Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável. Pelos relatos que tenho, ele não ouviu os apelos de sua família para que seguisse com a sua vida.
Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz.”
Muito triste em que o Nosso Pais se transformou com esse FASCISTA na Gestão do Brasil
MEU comentário político anterior tem sua razão de ser, não pelo achismo mas sobretudo pelos fatos concretos, que se exteriorizaram em 17 de abril de 2016, principalmente quando um certo deputado homenageou um torturador e não recebeu voz de prisão. Isso foi uma autorização para que todo sujeito fascista botasse à cara pra fora e externasse a violência que era obrigado a reprimir.
Em 2018, véspera de eleição, estava eu com meu carro adesivado (Haddad presidente) na fila de espera quando alguém passou por mim buzinando e gritando palavras de ordem. Estava claramente incomodado com o meu posicionamento político. Por ironia, essa pessoa morreu na pandemia por Covid, certamente convicta de que seu “mito” estava certo ao dizer que era só uma “gripezinha”.
Isso foi em 2018, quando o PT era apenas um cachorro morto.
Hoje, com um milhão e meio de armas nas ruas, haverá ainda muitos Marcelos Arrudas, Marieles, Brunos e Dom, Genivaldo, Moa… Porque eles vão fazer de tudo (atirar, matar, bater, hostilizar…) para que seu “mito” vença as eleições, muito provável que invadirão zonas eleitorais criando o pânico.
Não conseguindo, não se conformarão pacificamente. Irão às ruas para barbarizar e manter seu “mito” na cadeira que, de forma golpista, vem ocupando.
A “solução” será chamar o Exército em nome da defesa nacional, e assim a ditadura estará instalada.
Quem disse que chegamos ao fundo do poço?
Eu hoje não tenho coragem de pôr adesivo no carro.
Palavras certeiras, amigo Valentim. Nenhuma dúvida quanto às reais intenções por trás da cruzada armamentista incentivada pelo insano que governa (??) o país.