Nos 80 anos de Mestre Gil, 80 canções que atestam sua grandeza

Por Mauro Ferreira

Da grandeza de Gilberto Gil, mestre da MPB que faz 80 anos neste domingo, já não há mais nada a dizer. Até porque o poeta e compositor tropicalista Torquato Neto (1944 – 1972) já disse tudo ao sentenciar que “há várias maneiras de se cantar e fazer música brasileira” e que “Gil prefere todas”. Neste domingo, 26 de junho de 2022, o Blog do Mauro Ferreira corrobora a sentença de Torquato e exemplifica a pluralidade da obra de Gilberto Gil ao listar 80 músicas do cancioneiro autoral do artista octogenário, em cena desde 1962.

em ordem cronológica, 80 músicas compostas por Gilberto Gil e lançadas entre 1965 e 2019 na voz do próprio cantor ou, em casos eventuais, em gravações de cantoras como Elis Regina (1945 – 1982), Gal Costa, Maria Bethânia e Roberta Sá:

1. Eu vim da Bahia (1965) – Samba em que Gil aponta a origem do artista, nascido no estado que lhe deu régua e compasso

2. Procissão (Gilberto Gil e Edy Star, 1965) – O olhar do artista sobre a fé do povo sertanejo.

3. Roda (Gilberto Gil e João Augusto 1965) – Preste atenção no ritmo da música

4. Amor até o fim (1966) – Samba que caiu no suingue de Elis Regina (1945 – 1982)

5. Viramundo (Gilberto Gil e José Carlos Capinan, 1966) – Um grito de guerra sobre os desatinos do sertão

6. Lunik 9 (1967) – O poeta hi-tech vislumbra a chegada do homem à lua

7. Domingo no parque (1967) – Narrativa cinematográfica da tragédia amorosa

8. Bom dia (Gilberto Gil e Nana Caymmi, 1967) – Parceria bissexta com a cantora e então esposa

9. Geleia geral (Gilberto Gil e Torquato Neto, 1968) – O poeta desfolha a bandeira da manhã tropical

10. Marginália II (Gilberto Gil e Torquato Neto, 1968) – A radiografia do fim do mundo

11. Divino maravilhoso (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1968) – Parceria com o irmão musical para o despertar tropicalista de Gal Costa

12. Aquele abraço (1969) – Um samba para se despedir do Rio de Janeiro (e do Brasil) antes da viagem para o exílio

13. Crazy pop rock (Gilberto Gil e Jorge Mautner, 1971) – Rock made in Inglaterra

14. Expresso 2222 (1972) – Começa a circular um Gil de sotaque mais universal, mas brasileiro

15. Back in Bahia (1972) – Radiografia dos sentimentos londrinos e da felicidade de voltar para a pátria na batida do rock

16. Oriente (1972) – Canção-bússola que aponta as incertezas da existência

17. Preciso aprender a só ser (1973) – Samba-canção filosófico que alude ao antecessor de 1965

18. Ladeira da preguiça (1973) – Samba sinuoso como as subidas e descidas de Salvador (BA)

19. Cálice (Gilberto Gil e Chico Buarque, 1973) – Um grito preso na garganta e abafado pela censura

20. Filhos de Gandhy (1973) – Saudação ao bloco baiano no passo do ijexá

21. Lamento sertanejo (Gilberto Gil e Dominguinhos, 1973) – Retrato do sertanejo contrariado na cidade grande

22. Barato total (1974) – Música para quando a gente está contente.

23. Copo vazio (1974) – Metáfora política na canção dada ao parceiro Chico Buarque

24. Lugar comum (Gilberto Gil e João Donato, 1974) – Gil cai no suingue de João Donato

25. Refazenda (1975) – Momento bucólico no tempo do mato

26. Retiros espirituais (1975) – Recolhimento para olhar para dentro de si

27. Pai e mãe (1975) – Um inventário de afetos e temores familiares

28. Esotérico (1976) – Joia do repertório dos Doces Bárbaros

29. O seu amor (1976) – Canção sobre a liberdade de amar

30. Sítio do pica-pau amarelo (1977) – Tema para abrir as portas da imaginação infantil

31. Refavela (1977) – O mergulho na música negra do mundo

32. De onde vem o baião (1977) – Repisando no chão de Luiz Gonzaga (1912 – 1989)

33. Babá Alapalá (1977) – Tributo aos orixás da deusa música africana

34. Sandra (1977) – Reggae na refavela

35. Realce (1979) – Quanto mais purpurina, melhor na era das discotecas

36. Toda menina baiana (1979) – Ijexá estilizado, feito por quem veio da Bahia

37. Não chore mais (No woman, no cry) (Vincent Ford, 1974, em versão de Gilberto Gil, 1979) – Bob Marley (1945 – 1981) no topo das paradas do Brasil

38. Abri a porta (Gilberto Gil e Dominguinhos, 1979) – Um xote com as cores vivas do som nordestino

39. Se eu quiser falar com Deus (1980) – Canção espiritualista feita para Roberto Carlos, mas recusada pelo Rei

40. Palco (1980) – Ode à cena em que reina a deusa música

41. Flora (1981) – Declaração de amor para a então nova companheira de vida

42. Estrela (1981) – Canção que somente ganharia a voz do autor em 1997

43. Luar (A gente precisa ver o luar) (1981) – Canção-título de um disco pop

44. Andar com fé (1982) – Outra manifestação de fé na caminhada

45. Drão (1982) – Canção de amor para a ex-mulher

46. Deixar você (1982) – Canção para fazer nascer a luz na escuridão do amor

47. A linha e o linho (1983) – Bordado em forma de canção de amor

48. Extra (1983) – Música-título de outro álbum pop

49. Tempo rei (1984) – Canção filosófica sobre a eterna transformação da vida

50. Vamos fugir (Gilberto Gil e Liminha, 1984) – Reggae que atravessou gerações

51. Pessoa nefasta (1984) – Rock em feitio de oração

52. Nos barracos da cidade (Gilberto Gil e Liminha, 1985) – Um grito contra os maus políticos

53. Seu olhar (1985) – Mais uma sedutora canção de amor

54. Só chamei porque te amo (I just called to say I love you) (Stevie Wonder em versão em português de Gilberto Gil, 1986) – Versão sensível da canção do gênio norte-americano

55. Um trem para as estrelas (1987) – Primeira e única parceria de Gil com Cazuza (1958 – 1990), ícone da geração pop da década de 1980

56. O eterno Deus Mu dança (Gilberto Gil e Celso Fonseca, 1989) – Gil no passo do pop dos anos 1980

57. Amarra o teu arado a uma estrela (1989) – Poesia em forma de canção

58. Baticum (Gilberto Gil e Chico Buarque, 1989) – Outra colaboração com o parceiro de Cálice

59. Réquiem para Mãe Menininha (1989) – Tributo a ialorixá que reinou nos terreiros da Bahia

60. Parabolicamará (1992) – Raízes e antenas ligadas na música-título do primeiro álbum do artista nos anos 1990

61. Buda Nagô (1992) – Tributo a Dorival Caymmi (1914 – 2008)

62. Haiti (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1993) – Pense numa canção-quase-rap sobre os abismos sociais do Brasil

63. Mãe da manhã (1993) – Obra-prima lançada por Gal Costa e nunca gravada pelo compositor

64. Pela internet (1996) – Samba que saúda a rede com alusão ao tema seminal de 1916

65. Quanta (1997) – Canção sobre ciência e magia que deu título a álbum duplo do artista

66. Um abraço no João (1997) – Afago no pai da bossa

67. Onde o xaxado tá (Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, 1998) – Mapa do sertão musical nordestino em disco globalizado gravado com Stroeter

68. Rep (Gilberto Gil, 1998) – Rap e repente se afinam sob o sol de Oslo

69. Ciranda (Gilberto Gil e Moacir Santos, 1998) – O encontro do mago da Bahia com o mestre pernambucano

70. Dinamarca (Gilberto Gil e Milton Nascimento, 2000) – A Bahia se encontra com Minas Gerais

71. Sebastian (Gilberto Gil e Milton Nascimento, 2000) – O destaque do álbum de Gil com Milton

72. Banda larga cordel (Gilberto Gil, 2008) – O artista religa a antena parabolicamará

73. O oco do mundo (Gilberto Gil, 2008) – O poeta expõe definições sobre o Homem em estágio sombrio e repetitivo

74. Canô (Gilberto Gil, 2008) – Um samba para a matriarca da família Veloso.

75. Não tenho medo da morte (Gilberto Gil, 2008) – Canção interiorizada que versa sobre a finitude

76. A faca e o queijo (Gilberto Gil, 2008) – Outra canção de amor (maduro) para Flora Gil

77. Sereno (Gilberto Gil, 2018) – Samba afetuoso de avô para o neto

78. Ok Ok Ok (Gilberto Gil, 2018) – Canção contundente que deu título ao álbum de 2018

79. Afogamento (Gilberto Gil, 2018) – Música que deu origem ao disco de Roberta Sá com músicas inéditas de Gil

80. Giro (Gilberto Gil, 2019) – Samba de roda feito para o álbum de Roberta Sá

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