Caso Milton Ribeiro: delegado da PF aponta “tratamento diferenciado” na investigação

O delegado federal responsável pelo pedido de prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em mensagem enviada a colegas que houve “interferência na condução da investigação”. Bruno Calandrini diz no texto que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro do governo Jair Bolsonaro.

No texto encaminhado a outras pessoas que participaram da operação deflagrada nesta quarta (22), o delegado agradece o empenho, mas diz não ter “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”. Calandrini conduz a apuração que culminou na Acesso Pago, ação que mirou os desvios no Ministério da Educação.

Na cúpula da PF, a reação foi de surpresa em relação à postura do delegado. A decisão da direção foi de abrir um inquérito para o caso dizendo que vai apurar as denúncias. Na prática, a apuração servirá para ver se Calandrini tem como provar o que está dizendo.

Como mostrou a Folha, a PF alegou risco de segurança e restrições orçamentárias para manter o ex-ministro em São Paulo em vez de transportá-lo para Brasília. Segundo ele, a ação da direção do órgão para supostamente evitar o translado demonstra a interferência e acarreta em falta de autonomia para que ele conduza a apuração com independência e segurança institucional.

“O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial deste caso com independência e segurança institucional”, diz trecho da mensagem.

No entendimento do investigador, a operação foi prejudicada por causa do suposto “tratamento diferenciado” concedido ao ex-ministro. “A investigação envolvendo corrupção no MEC foi prejudicada no dia de ontem em razão do tratamento diferenciado concedido pela PF ao investigado Milton Ribeiro.” (Com informações da Folha de SP)

Datafolha: com 53% dos votos válidos, Lula mantém chances de vitória no 1º turno

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 53% dos votos válidos aferidos pelo Datafolha em sua mais recente pesquisa, realizada em 22 e 23 de junho. Para ganhar no primeiro turno, é necessário que o candidato some 50% dos votos válidos mais um. A votação será em 2 de outubro — o segundo turno está previsto para o dia 30 do mesmo mês.

Votos válidos são aqueles que excluem, no cômputo geral, os brancos e nulos. Sob essa métrica, que é a utilizada pela Justiça Eleitoral para a contagem final do pleito, o presidente Jair Bolsonaro tem 32% das intenções de votação. Ciro Gomes, do PDT, marca 10%.

O instituto ouviu 2.556 pessoas em 181 cidades no levantamento, contratado pela Folha e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-09088/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Na pesquisa passada, feita no fim de maio, Lula tinha 54% e Bolsonaro, 30%. O cenário, pois, é de estabilidade. A contínua crise política e econômica do governo Bolsonaro, que abarca da confusão sobre preços de combustíveis à prisão do ex-ministro da Educação, tem levado atores políticos a especular acerca da chance de Lula levar a eleição no primeiro turno.

Lula tem 53% dos votos válidos no 1º turno, ante 32% de Bolsonaro. Petistas, por óbvio, são otimistas, mas evitam falar sobre o tema em público para não denotar salto alto. Já aliados do presidente reconhecem as dificuldades, mas acreditam que a proximidade do pleito e a repetida exposição de críticas ao petista mudarão o quadro.

O petista tem aberto flancos que são explorados junto ao eleitorado mais conservador, como em seu contínuo apoio à ditadura cubana ou na lembrança que ele mesmo resgatou de seu pleito para a libertação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.

Até aqui, contudo, nada disso tirou Lula da dianteira. Na pesquisa do Datafolha, incluindo aí os votos nulos e brancos, Lula marcou 47% de intenções de voto. O presidente, 28%, mantendo os números aferidos em maio no mesmo patamar.

(Transcrito da Folha de SP)