Papão ganha de virada e assume liderança da Série C

O jogo só fez sentido para o público que lotava a Curuzu na reta final do segundo tempo, quando o PSC chegou ao empate e virou, logo em seguida, garantindo a importante vitória de 2 a 1 sobre o Botafogo. O triunfo deste domingo à noite garante a liderança geral da Série C. Marlon, autor dos dois gols, é agora o artilheiro isolado da competição, com sete gols.

Os primeiros 45 minutos foram de muito equilíbrio. O time paraibano reagia aos ataques do Papão com estocadas perigosas, puxadas principalmente por Leilson, seu mais agudo atacante. A posse de bola era quase toda bicolor, mas foi o Belo que chegou ao gol, aos 46 minutos, aproveitando cruzamento perfeito vindo do lado esquerdo.

Com Danrlei no ataque e cinco homens no meio, o Papão não conseguiu construir jogadas elaboradas para o centroavante e, na etapa final, o técnico Márcio Fernandes colocou Pipico em campo e depois substituiu o volante José Aldo, que não jogava bem. Marcelo Toscano entrou na função de articulador e funcionou bem, dando mais movimentação às ações ofensivas.

O empate nasceu no momento em que o PSC, pressionado pela torcida, já começava a entrar em desespero. Em bela jogada de Robinho pelo lado direito, aos 33 minutos, a bola foi cruzada na área. Marlon entrava livre e bateu de primeira, sem defesa para o goleiro Luiz Carlos.

Dois minutos depois, Patrick Brey fez um preciso lançamento para Pipico na área. O atacante tenta o drible e cai ao se chocar com o goleiro. No lance, como já tinha amarelo, Luiz Carlos recebeu o segundo amarelo e foi expulso. O pênalti só foi cobrado aos 41′, por Marlon, que chutou alto e sem defesa para o goleiro reserva, Victor. Papão 2 a 1, assumindo a ponta, com 21 pontos, pois o Mirassol foi derrotado pelo ABC, em Natal.

Enquanto a torcida vibrava com a mudança no placar, o Botafogo ainda perdeu mais um jogador. Anderson Rosa deu um pisão em Marlon e levou o vermelho direto. O atacante Danrlei, que estava no banco de reservas, também foi expulso nos acréscimos, por reclamação.

Na próxima rodada, o PSC vai enfrentar o Aparecidense, fora de casa.

Réquiem duplo

Por Dorrit Harazim (O Globo, 12/6/2022)

Alessandra Sampaio tinha a angústia do não saber estampada no rosto e na voz quando surgiu pela primeira vez no telão da GloboNews, em entrevista a André Trigueiro. Seu marido, Dom Phillips, jornalista britânico radicado no Brasil, desaparecera havia dias na Amazônia, junto ao indigenista Bruno Pereira, e tudo eram incógnitas. Havia um blackout total de notícias, nenhum vestígio ou pista de ambos, e as primeiras buscas oficiais se arrastavam anêmicas. Apesar do desamparo, Alessandra conseguiu retratar de forma indelével o companheiro de vida:
— Eu sou espiritualizada, [o Dom], mais reservado, me dizia: “Alê, para mim Deus é a natureza” — contou, tomando fôlego.
Quem a ouviu murmurar frase tão absoluta entendeu tudo. Entendeu sobretudo o motivo oculto de a frase seguinte começar no condicional e prosseguir com o verbo no pretérito:
— Se ele partiu ali [naquela imensidão amazônica], foi no meio do Deus no qual acreditava.
Foi quase um réquiem — belo, profundo, (e)terno. Vale para dois seres humanos raros. Ao contrário das outras criaturas que habitam a Terra, desaprendemos a andar por ela com a leveza e o cuidado de um Dom Phillips e um Bruno Pereira.
Phillips, como o mundo inteiro agora sabe, fez do compromisso com a selva brasileira e da proteção aos povos indígenas uma razão de vida. Anos a fio, de caneta na mão e caderno de repórter sobre os joelhos, ouvia e escrevia, ouvia e fazia amigos, ouvia e anotava. Conquistou respeito e admiração por seu jornalismo rigoroso em região coalhada de predadores humanos. Bruno Araújo Pereira, por seu lado, tido como o maior indigenista em atividade no Brasil e há décadas referência internacional sobre nossos povos indígenas, deveria ser motivo de orgulho irrestrito por parte da Fundação Nacional do Índio, certo? Errado. Não para a Funai desossada com fúria pelo desmatador em chefe Jair Bolsonaro. Apesar de Pereira ser o servidor público de maior prestígio da Funai, a primeiríssima manifestação sobre o desaparecimento do indigenista por parte do presidente da entidade, delegado da PM Marcelo Xavier, foi frisar que Pereira estava afastado do órgão. Sim, estava de licença não remunerada, trabalhando com a paixão de sempre para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) —havia sido ejetado de importante função na Funai na esteira da “porteira aberta” ao ilícito, implantada como política no Ministério do Meio Ambiente de Ricardo Salles.
A realidade amazônica sempre foi crua — pelo isolamento, pela geografia inóspita, pelas riquezas cobiçadas e pela bandidagem à solta. Segundo dados do coletivo jornalístico Tierra de Resistentes, 139 ativistas dedicados à defesa ambiental da região foram assassinados entre 2009 e 2020 —pequena parte visível na imensidão submersa de criminalidade, ausência deliberada do Estado, falência gritante das Forças Armadas, abandono do território nacional e de sua gente à própria sorte.
É possível que a ruidosa pressão internacional — uma das maiores sofridas por um governo brasileiro desde os tempos da ditadura militar —, somada à repentinamente intensa cobrança das instituições nacionais, traga respostas confiáveis ao clamor geral. Se assim for, a crônica do que terá acontecido na manhã do domingo dia 5 — quando Bruno e Dom navegavam pelo Rio Itaquaí sem nunca chegar ao destino — pode servir de retrato deste triste Brasil à deriva em 2022. Tudo cheira horrendamente mal nesta causa que entrementes se tornou célebre. Para a escritora Ursula K. Le Guin, uma das grandes dádivas da vida é conhecer o abismo da escuridão para deixar de temê-la. Pode ser. Também não são poucos os que proclamam ser a noite mais verdadeira que o dia. A esperança mais urgente é haver claridade e verdade — até porque, se isso ocorrer, não é de descartar a escavação em série da podridão política atual.
Se nossas origens estão na terra, na terra também está nossa humanidade.

Mistério na Amazônia: as possíveis causas do desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips

Trecho do programa Almoço do MyNews , no qual Myrian Clark entrevista o jornalista Rubens Valente sobre o desaparecimento do também jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira na Amazônia. Valente é amigo pessoal de Pereira e já visitou a região do Vale do Javari diversas vezes. A partir de sua experiência na cobertura da questão indígena, com profundo conhecimento sobre os conflitos de interesses na região, ele fala sobre as possíveis causas do desaparecimento de Pereira e Phillips.

Apelo de Bolsonaro a Biden contra Lula é caso de impeachment, afirma Randolfe

Por Chico Alves, no UOL

A informação veiculada pela agência de notícias americana Bloomberg de que no encontro recente o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a seu colega americano Joe Biden para agir contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição brasileira motivou reação dos aliados do petista. “Seja na legislação norte-americana ou na legislação brasileira, ele devia ser afastado do cargo imediatamente e responder por traição à pátria”, criticou à coluna o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O senador diz que isso só não acontecerá porque Bolsonaro é aliado de outros dois “traidores da nação”, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Augusto Aras, procurador-geral da República. Ele garante, porém, que fará o que deve ser feito. “Darei entrada em notícia-crime sobre isso, pedindo investigação ao Supremo tribunal Federal (STF), e ao mesmo tempo cabe mais um pedido de impeachment”, adianta Randolfe.

O senador amapaense avalia que nesse caso fica patente que temos algo além de um traidor e vendilhão da pátria. “É um personagem que não é digno de ocupar o cargo que ocupa, nem de falar em nenhum lugar em nome do Brasil”, protesta.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), diz que é humilhante para o Brasil ter um presidente assim. “Despreza a soberania popular. O que está negociando o vadio Bolsonaro em troca desse apoio?”, questiona ela. “É a síndrome de vira-lata elevada à enésima potência, uma vergonha ter um presidente que suplica aos americanos por um golpe”.

Outro aliado de Lula, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) diz que essa iniciativa de Bolsonaro é sinal de desespero. “É algo nunca visto, esse instinto golpista”, diz Renan.

De acordo com a notícia da Bloomberg, Bolsonaro pediu ajuda ao presidente americano “em sua candidatura à reeleição durante uma reunião privada à margem de uma cúpula regional”, descrevendo Lula como “um perigo para os interesses dos Estados Unidos”. Segundo pessoas que assistiram à reunião, Biden mudou de assunto.

Procurados pela agência de notícias americana, nem o governo brasileiro e nem o americano comentaram a informação.

Pelo sonho da liderança

POR GERSON NOGUEIRA

Derrotar o Botafogo-PB neste domingo dos namorados, às 19h, na Curuzu, pode dar ao PSC a liderança do Brasileiro da Série C. Isso se confirmará se o Mirassol perder, jogando fora de casa, contra o ABC-RN. Com o melhor ataque da competição (18) e maior saldo de gols (10), o Papão pode virar líder até se os paulistas ficarem no empate em Natal. 

É uma situação extremamente favorável ao time de Márcio Fernandes, e a torcida sabe disso. Por essa razão, o jogo deve marcar novo recorde de público do Papão no campeonato, superando a partida diante do Manaus, que levou quase 11 mil pagantes à Curuzu.

A lua-de-mel entre time e torcida é um dos pontos determinantes da boa caminhada do PSC na Série C. Ao contrário de anos recentes, o torcedor demonstra confiança. Acredita na classificação e aposta no acesso.

No ano passado, sob o comando de Vinícius Eutropio e Roberto Fonseca, o time teve trajetória caótica, quase sempre jogando muito mal e sem passar a menor confiabilidade. Desta vez, as coisas estão diferentes. O time vai bem até quando precisa improvisar ou substituir jogadores importantes.

É um sinal óbvio de que tudo está bem ajustado. Márcio Fernandes teve lá seus momentos de invencionice – como a preferência por Henan e por Bruno Leonardo na zaga –, mas, aos poucos, foi refazendo conceitos e hoje está inteiramente consciente sobre as melhores escolhas.

Como possibilidade de evolução, ainda é possível esperar que Marlon seja posicionado como atacante, sem obrigações de recompor ou articular jogadas. Mais hábil jogador da equipe, é também um dos principais finalizadores, mas seu aproveitamento é maior quando joga próximo à área adversária.

Até o final do campeonato talvez seja utilizado dessa forma, dando ao time muito mais do que já contribui. O meio-campo mais produtivo precisa ter sempre Mikael, Wesley e José Aldo, com Serginho ou João Vieira ou Gabriel Davis no suporte.

No confronto de hoje, será fundamental evitar as armadilhas do Botafogo nos contra-ataques. Não se trata de um adversário que abre mão do jogo ofensivo, ao contrário do Manaus, que veio exclusivamente para não perder. O Belo deve ser mais reativo, como foi o Volta Redonda.

É preciso estar atento a essas possibilidades e ao perigo representado pela inconstância da lateral direita, onde Leandro Silva substitui o titular Igor Carvalho. Do lado esquerdo, Patrick Brey (cujo acordo contratual expira no próximo dia 30 de junho) é garantia de qualidade no apoio ao ataque.

O ataque, como de hábito, depende imensamente do que a meia-cancha produzir. José Aldo, Marlon e Serginho são mais agudos que Pipico e finalizam melhor que Robinho. Não há, no sistema praticado pelo PSC, jogo ofensivo sem a presença dos meias mais habilidosos. É através deles que as vitórias têm sido construídas.

Bola na Torre

O programa vai ao ar às 21h30, na RBATV, sob o comando de Guilherme Guerreiro e participações de Giuseppe Tommaso e Laís Santos, do DOL. Em pauta, as rodadas das séries C e D do Brasileiro. A edição é de Lourdes Cézar.

Novo Mangueirão passa pelo primeiro teste

O longo imbróglio em torno da eleição do novo presidente da FPF pode atrapalhar a escolha de Belém como sede do último jogo das Eliminatórias Sul-Americanas, o clássico Brasil x Argentina, suspenso no ano passado e até hoje sem local definido. A CBF já sinalizou que o jogo será no dia 22 de setembro, por coincidência a data prevista para inauguração do novo Mangueirão (estádio estadual Jornalista Edgar Proença).

Além do jogo com a Argentina, a Seleção fará ainda um amistoso, previsto para 25 de setembro – última data Fifa antes da Copa do Catar. Para designar Belém como sede do clássico, a CBF levará em conta a situação institucional do futebol no Pará, apesar de ter assumido um compromisso com o governador Helder Barbalho ainda em 2020.

A novela do confronto adiado de setembro do ano passado pode ter desdobramentos no tapetão. CBF e Associação de Futebol da Argentina (AFA) pleiteiam os pontos da partida, protestando contra a partida às vésperas do mundial. O tribunal da Fifa julgará os recursos apresentados, mas é improvável que a partida seja simplesmente esquecida.

Como o local precisa ser anunciado, a CBF providenciou uma vistoria técnica, que acontece na quarta-feira (15), sob coordenação de Juninho Paulista, um de seus diretores. Do relatório dele vai depender a confirmação, sendo que o anúncio terá de ser feito até dia 22 de junho.  

Com mais de 70% das obras já concluídas, o Mangueirão renascerá na forma de uma arena moderna. Curiosamente, a última vez que a Seleção jogou em Belém, em 2011, o adversário foi a Argentina no Superclássico das Américas. Triunfo brasileiro por 2 a 0, com direito a um show especial da plateia no Mangueirão cantando o hino nacional à capela.

Para o jogo, se for confirmado, o estádio terá como principal novidade a capacidade ampliada, passando a receber 53.645 espectadores (35 mil anteriormente). O gramado também será inteiramente refeito e a iluminação estará à altura dos padrões da Fifa.

Até breve

A coluna entra em recesso de 20 dias para férias do escriba baionense e folga dos 27 baluartes. Até a volta.

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 12)