Dia: 10 de junho de 2022
Exército confirma a perda de 83 mil comprimidos de cloroquina em estoques vencidos

O Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) confirmou nesta sexta-feira (10) que os 83 mil comprimidos de cloroquina 150 mg em estoque e que foram fabricados pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx), no Rio de Janeiro, não poderão ser utilizados. Os medicamentos tinham vencimento para junho deste ano.
Em nota, o Exército explica que o LQFEx é um órgão executor e que, por isso, não trata sobre a eficácia do medicamento e também a respeito da ampliação ou redução de sua produção – que nesse caso foi demandada pelos Ministérios da Saúde e da Defesa.
Segundo o órgão, é atribuição das pastas a definição das quantidades e locais de distribuição, conforme seus levantamentos e necessidades. Por isso, dizem que nesse contexto, foram produzidos um total de 3.229.910 de comprimidos de cloroquina 150 mg no LQFEx – com custo aproximado de R$ 0,35 centavos por comprimido -, sendo utilizados, até maio deste ano, 3.146.800 de comprimidos, perfazendo 97,4% do total.
Como justificativa da não utilização dos 83.110 comprimidos restantes em estoque, o que corresponde a 2,6% do total produzido, o Exército disse considerar que o “gerenciamento dos estoques de cloroquina 150mg no LQFEx atendeu plenamente às práticas de boa gestão”.
“Cabe destacar que a literatura (levantamento sobre legislações ou trabalhos científicos) considera que entre 2 e 5% de perdas de medicamentos são valores aceitáveis”, explica. O órgão não esclareceu se o descarte dos medicamentos já foi ou se será realizado.
Em divulgação nas redes sociais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), em março de 2020, era explicado que o medicamento estava aprovado para combater casos graves da Covid-19 e que o Ministério da Defesa anunciava o aumento da produção do medicamento nos três laboratórios das Forças Armadas.
No mesmo período, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendia o uso em reunião do G-20. Após meses de estudo, foi constatado que os medicamentos não são eficazes contra o novo coronavírus.
Rota da cloroquina
Entre abril e agosto de 2020, o Ministério da Saúde solicitou aos militares 1,5 milhão de comprimidos de cloroquina para serem distribuídos às Secretarias Estaduais de Saúde, de acordo com documentos obtidos pela CNN por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A justificativa seria “para combater a pandemia Covid-19” com base no número de casos suspeitos em cada estado.
Em setembro do mesmo ano, a CNN mostrou que o Exército pagou preços superfaturados em insumos para a fabricação da cloroquina. Um contrato a que a reportagem teve acesso mostra que o LQFEX gastou R$ 782,4 mil com a matéria-prima necessária para a produção da cloroquina, pagando 167% acima do valor de mercado — uma compra que foi sinalizada como suspeita pelo Escritório de Contabilidade Geral Federal.
O Exército não contestou formalmente esse aumento do valor da compra, na época. Apenas depois da negociação já finalizada ter virado alvo de uma investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), que o órgão cobrou explicações por escrito. A justificativa dada foi de que os preços subiram por causa das oscilações da taxa de câmbio e do aumento da demanda internacional.
(Com informações da CNN)
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POR GERSON NOGUEIRA

O cenário é dos mais favoráveis às pretensões de PSC e Remo no Campeonato Brasileiro da Série C. Nas outras edições, a possibilidade de sucesso era relativa. Desta vez, até pelo nível geral dos competidores, os representantes do Pará desfrutam de condição privilegiada para conquistar classificação (à próxima fase) e acesso.
Finda a 9ª rodada, o Mirassol lidera com 20 pontos, seguido do PSC com 18, ABC e Botafogo-PB com 17, Remo e Figueirense com 16, Volta Redonda e São José com 13, fechando o G8 da competição.
Pelo andar da carruagem, restando ainda 30 pontos em disputa, a dupla paraense pode se garantir na próxima fase apenas com os resultados de seus jogos em Belém. O retrospecto confirma isso. Remo e PSC estão entre os times com melhor aproveitamento dentro de casa, com quatro vitórias e um empate.
Somente o Mirassol teve um desempenho tão positivo. Outras equipes até se mantêm invictas como mandantes – ABC, Manaus, Botafogo-PB e São José –, mas sem alcançar o mesmo quantitativo de pontos.
O líder Mirassol, o vice-líder PSC e o quinto colocado Remo ostentam melhor performance como mandantes – 86.7%. Não por acaso, os que têm mandado mal seus jogos amargam as últimas posições, casos de Campinense e Brasil-RS (41.7%), Vitória (40%), Floresta e Aparecidense (33.3%) e Atlético-CE (8.3%).
Como o modelo de disputa da Série C prevê apenas jogos de ida na primeira fase, alguns clubes fazem mais partidas em casa do que outros. PSC e Remo têm 10 jogos como mandantes e 9 como visitantes. Os bicolores ainda farão um jogo a mais em Belém, pois disputarão o clássico Re-Pa (3 de julho) na condição de visitantes.

Tradicionalmente, competições nacionais favorecem times de melhor aproveitamento em casa. A Série C atual amplia essa vantagem. Quem conseguir mostrar força dentro de seus domínios e ao lado de suas torcidas tende a se beneficiar na pontuação final.
A dupla Re-Pa dispõe ainda de um combustível extra: a imensa força de suas torcidas, reconhecidas como das mais vibrantes do país. Tanto no Baenão quanto na Curuzu, os visitantes têm sempre o desafio extra de superar o barulho dos torcedores nas arquibancadas.
Quando a esse entusiasmo da massa torcedora vem se juntar um futebol eficiente e ofensivo, a combinação é praticamente imbatível. Os jogos recentes demonstram isso. O PSC derrotou o Manaus (2 a 0) em seu último confronto na Curuzu com o apoio de mais de 10 mil pagantes.
O Remo recebeu o Campinense no Baenão, em noite de temporal em Belém, e colocou mais de 11 mil torcedores nas arquibancadas, com uma vibração que contribuiu para a goleada de 4 a 0.
As próximas rodadas irão mostrar se – conforme indicam sites de projeções – a dupla Re-Pa conseguirá atingir os 30 pontos mínimos necessários para se habilitar aos quadrangulares que definem o acesso.
CBF deixa o pão-durismo de lado e ajuda clubes
Famosa pela parcimônia com que abre o cofre para ajudar os clubes, a CBF surpreendeu ontem com a informação de que vai destinar R$ 8 milhões para os 20 clubes da Série C. Cada clube vai receber uma bonificação de R$ 400 mil. No começo da competição, a entidade havia liberado R$ 250 mil. O aporte chega em hora das mais apropriadas, com as dificuldades financeiras geradas pelos problemas econômicos que assolam a tudo e todos no Brasil.
No caso de PSC e Remo, a grana soma-se ao repasse de R$ 1,5 milhão que cada um irá receber do governo do Estado, a título de ajuda para suportar as dificuldades que uma competição deficitária (e sem transmissão de TV) amplifica bastante. Detalhe: o Pará é o único Estado que disponibiliza esse tipo de suporte aos seus representantes no Campeonato Brasileiro.
Um jogo disputado em ritmo de futebol grandioso
Foi a melhor partida do insosso Campeonato Brasileiro deste ano. Não que tenha sido um primor de técnica ou jogadas cerebrais, longe disso, mas valeu pela intensidade do jogo, disputado em ritmo frenético. Não havia tempo para embromação ou catimba. Fluminense e Atlético-MG jogaram nos moldes do que foi o futebol brasileiro até a década de 1980.
Os times não tinham medo de ir ao ataque. Se tinham, disfarçavam muito bem. Eram quase irresponsáveis nesse esforço ofensivo. Nem sempre as coisas eram resolvidas no talento, mas sempre havia entrega e busca pelo gol. Isso encantava as torcidas e fazia lotar os estádios.
Foram oito gols. Arias, Samuel Xavier, Luiz Henrique e Cano (duas vezes) marcaram para o Flu. Hulk, Jair e Sasha fizeram os gols do Galo. O primeiro tempo terminou 3 a 2 para os tricolores, o Atlético empatou logo no início da etapa final. Depois, Cano e Luiz Henrique se encarregaram de liquidar a fatura.
”Agradecer muito o (Fernando) Diniz, me falou muitas coisas, me botou muito pra cima, me elogiou muito! Falou pra eu jogar solto, que sou um garoto que joga com alegria e tenho sempre que jogar assim”, disse o garoto Luiz Henrique, explicando em grande parte a motivação para que ele e seus companheiros atuassem com tanta volúpia ofensiva.
Todos, de alguma forma, temos saudade desse jeito de praticar futebol. Os europeus, sortudos, praticam isso com mais assiduidade. Aqui, décadas de retranca e medo deixaram o jogo feio, entregue a esquemas pensados para emperrar as jogadas. Diniz, com seu carrossel improvisado, mostrou por 90 minutos que de vez em quando é possível jogar com fúria e deleite.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 10)