POR GERSON NOGUEIRA

O estilo abertamente ofensivo imposto aos adversários nos jogos realizados na Curuzu garantiu ao PSC três importantes vitórias. Em alguns momentos, como contra Volta Redonda e o primeiro tempo diante do Botafogo-SP, a estratégia não funcionou a contento. O time se embaraçou na marcação eficiente dos adversários. Apesar disso, os triunfos aconteceram e garantiram a entrada no G4.
Contra o Ferroviário de Roberto Fonseca, suspenso, o PSC tem um desafio a vencer: repetir fora de casa a mesma atitude desassombrada, sem descuidar do setor defensivo. Até agora, disputadas oito rodadas, o time empatou duas (ABC e Mirassol) e perdeu uma (São José) jogando fora do Estado.
O ambiente criado na Curuzu, com forte presença do torcedor, beneficia e estimula a ofensividade do time, que diante do Manaus finalizou 18 vezes contra quatro do adversário. Não se espera a mesma produção do ataque em terreno inimigo, mas é legítimo esperar que não haja timidez excessiva.
Curiosamente, foi contra o Ferroviário que o PSC sofreu sua derrota mais vexatória na trôpega campanha do ano passado. Perdeu por 5 a 1. O técnico era Roberto Fonseca, que agora comanda o Ferrão.
Márcio Fernandes tem se especializado em variar peças da equipe levando em conta as virtudes e defeitos do adversário. Por isso mesmo, é provável que no confronto de hoje tenha Pipico e Robinho no ataque, abastecidos por um meio-campo formado por Mikael, José Aldo, Gabriel Davis e Marlon.
A ausência de Igor Carvalho, que vinha bem na lateral direita, é um ponto preocupante. Leandro Silva, o substituto, ainda não passa tanta confiança. Os outros vetados, Marcelo Toscano e Serginho, não fazem tanta falta.
Leão tenta estabilizar campanha
Regularidade é artigo raro na disputa da Série C 2022. Os times oscilam muito entre um jogo e outro, alternando bons e maus momentos, às vezes ao longo de uma mesma partida. O Remo é parte disso, com uma campanha satisfatória na pontuação (6º), mas longe de convencer quanto a desempenho. Nas quatro vitórias, nenhuma memorável em termos de qualidade.
Para tentar dar uma guinada na competição, no sentido de estabilizar seu jogo e ingressar no G4, o Remo recebe amanhã à noite o Campinense (16º). Será um jogo provavelmente de ataque contra defesa, como foi diante do Floresta (CE) no domingo passado.
Situações assim são desafiadoras porque exigem muito mais organização e agilidade na transição, justamente o que o time ainda não conseguiu mostrar. Furar os bloqueios adversários é outro obstáculo para o Remo, que se esmera nos passes de lado, na lentidão na saída para o ataque e nas poucas opções de jogadas para o centroavante Brenner.
Anderson Paraíba, que foi aguardado por mais de um mês, finalmente chegou e está pronto para jogar. Deve ser o homem da criação, tendo Uchoa e Marciel como parceiros de meia-cancha. Uma alternativa para que o Remo abrace o jogo verticalizado como opção preferencial, tornando-se mais agudo, principalmente na condição de mandante.
Para o ataque, Bonamigo tem Bruno Alves, Netto, Pimpão, Vanilson, Fernandinho e Tiago Mafra como opções para os lados, mas o retrospecto (não o merecimento) indica que Pimpão será confirmado como titular, restando a opção pelo lado direito a ser definida.
Pimpão é titular absoluto desde que desembarcou. Com exceção da estreia contra o Vitória, não atuou bem nas demais partidas, nem mesmo diante do São José, quando marcou seu único gol na Série C. A insistência com ele se insere no repertório de idiossincrasias do comandante azulino.
Bola na Torre
O programa vai ao ar, excepcionalmente, às 23h30 (em função das finais da NBA). Guilherme Guerreiro comanda, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os jogos das séries C e D. A edição é de Lourdes Cézar.
Gol no minuto final reacende chances de Jesus
Bateu uma preocupação quando vi Gabriel Jesus marcar o quinto gol, após bela jogada de incursão na área. O amistoso mostrou uma Seleção mais empenhada no coletivo e menos presa à ideia de jogo com Neymar. Os gols foram brotando naturalmente. Richarlison segue como um dos cotados para o papel de centroavante, mas Tite já deixou claro outras vezes o quanto aprecia o estilo atacante-que-sai-da-área de Gabriel.
Gosta tanto que, em 2018, chegou a escalar o jogador do Manchester City como um ala com responsabilidade de recompor. Como já se imaginava, a ideia não deu certo e o Brasil dançou para a esquemática Bélgica. Nesse sentido, o gol de Gabriel adquire contornos perigosos. Sem marcar pela Seleção há tempos, o lance pode dar a ele um lugar no escrete, o que definitivamente não é uma boa notícia.
Existem outros jogadores capazes de fazer o que Gabriel jamais fez pelo escrete, entre os quais o próprio Richarlison, se o esquema privilegiar um jogador de referência na área. Se Tite optar pelo uso de um falso 9, Paquetá, Raphinha e até Philippe Coutinho podem ser aproveitados.
(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 05)