Em um palco de estrelas, brilhou a de um brasileiro. Com gol de Vinícius Júnior, o Real Madrid venceu o Liverpool por 1 a 0 neste sábado (28), no Stade de France, em Paris, e conquistou o título da Liga dos Campeões da Europa pela 14ª vez na história.
Os espanhóis enfrentaram dificuldades desde o início. Recuado, o Real Madrid viu o Liverpool crescer, pressionar e criar grandes oportunidades durante toda a partida. A trave, a sorte e os vários ‘milagres’ de Courtois – outro herói da decisão – impediram o gol dos Reds.
As estatísticas mostram. O Liverpool finalizou 24 vezes contra apenas três do Real Madrid. Mas os espanhóis foram mais precisos. Após bela jogada de Valverde, Vini Jr. apareceu nas costas da marcação e só empurrou para as redes aos 14 minutos do segundo tempo.
Daí em diante, o Liverpool foi com tudo para o ataque e chegou a criar boas oportunidades. Empurrado para trás, o Real tentou contragolpes, mas nada mudou no placar. No fim das contas, a taça voltou para Madri.
A final da Liga dos Campeões foi marcada por muitas confusões em Madri e em Paris. Na capital francesa, torcedores invadiram o estádio, e o jogo precisou ser atrasado em mais de meia hora.
Há anos este blog chama a atenção para o fato de que a política de Jair Bolsonaro, desde antes de sua posse, sempre foi a de ser o “imperador da direita”, usando de todo e qualquer artifício para isso: armas, invocações a Deus e manipulação da fé, corrupção orgânica das bancadas parlamentares, demolição das instituições e o seu oferecimento às adormecidas, mas não extintas, ambições militares dobre o controle do país. Não menos importante: o mercado viu do ambicioso candidato e presidente, não sem razão, o caminho para os ganhos imediatos à custa do retrocesso social.
Não que todas estas áreas não o tenham percebido o risco de desastre, mas, escancaradamente, buscavam surfar a onda bolsonarista acreditando, cada um, que iria sair lucrando disso também politicamente, tornando-se mais poderosas.
O resultado está aí e dispensa descrições. o Brasil milicianizado, o Congresso prostituído, o Judiciário metido em brigas de rua, os militares excitados (perdão pela ironia) e o país – que Paulo Giedes diz, de novo, estar “decolando” – cheio de armadilhas fiscais e inflacionárias cuja única dúvida é se vão disparar antes ou depois das eleições.
Fixo-me, porém, nas estruturas políticas. Mal ou bem – e com os incríveis sacrifícios pessoais de Lula – a esquerda sobreviveu, mas a direita que não fosse a do fanatismo bolsonarista, não.
É incrivelmente verdadeiro o que diz hoje a historiadora Carla Teixeira, no UOL:
Sem Sergio Moro, João Doria ou qualquer outro nome com condições de fazer a disputa, a terceira via está declaradamente morta. O bolsonarismo, ao contrário, segue mais vivo do que nunca, alimentando-se como um verme dos restos apodrecidos de qualquer projeto político pretendido pela direita brasileira. A ânsia por implantar a agenda econômica neoliberal — que paralisa os investimentos públicos e entrega as riquezas do Brasil para o capital privado — levou ao golpe de 2016. A necessidade de sua manutenção fez toda a burguesia, incluindo PSDB, MDB, DEM et caterva, a apoiar Bolsonaro em 2018. Na prática, os partidos da direita liberal abriram as portas da República para o bolsonarismo, perdendo força eleitoral e política no país. Cavaram a própria cova.
De fato, é difícil não ver outra situação, com os partidos de (vá lá) centro-direita arruinados e escolhendo de candidatos apenas para que sirvam de biombo a sua adesão a Bolsonaro e se prestem as disputas pelo controle cartorial das siglas.
Curiosamente, está nas mãos de Lula salvá-la do seu algoz – que não entendem ser seu destruidor – e oferecer, por razões mais políticas que eleitorais, um lugar para que Geraldo Alckmin figure, num novo governo, como facilitador de uma reorganização destas forças, num inevitável reagrupamento de partidos pós-eleitoral.
É o preço a pagar pela normalização da vida brasileira. Não só estabelecer um novo governo, mas também uma nova oposição.
Teodorico Rodrigues, Agripino Furtado, Carlos Castilho, Claudio Guimarães, Edyr Proença e Carlos Estácio. Equipe da Rádio Clube pronta para viajar, em abril de 1986. Cobertura do amistoso Brasil 4 x 0 Peru, no Rio.
Quem é você pra julgar a minha história Quem é você pra vetar nossa memória
Seu veto não me veta Seu veto não me afeta Sou mulher do mundo inteiro Sou do povo brasileiro
Você veta hoje, eu voto amanhã Você veta hoje, eu voto amanhã
De Alagoas, nordestina Em Salvador fiz medicina Psiquiatra feminina
Fui no coração da loucura Amei animais, cholinhas e bichanos Amei o bicho, humano, insano Enfrentei desventura e ditadura
Nasci de heróis e heroínas Sabe aquela rosa do fuzil Sabe a coragem das meninas Estou no florescer desse Brasil
Vivo em tanta gente Na poesia ou na imagem Que brota lá do inconsciente Com flor de Rosário na bagagem
Arte liberta indigente Arte derruba prepotente Arte levanta uma nação Arte cura o cidadão
E já que sua caneta é miúda e sua ignorância é graúda
Agradeço a homenagem E para a tal sacanagem Faço agora como meu gato Levanto o rabo e nem dou papo
(*) Produtor artístico e terapeuta junguiano em defesa de Nise da Silveira, psiquiatra brasileira, pioneira no estudo e tratamento através da arte e das pesquisas do inconsciente, divertida e destemida senhora. Uma das maiores heroínas da saúde mental desse país).