Uma chance para os meninos

POR GERSON NOGUEIRA

A atuação do Remo contra o Independente, na quarta-feira, pela Copa Verde, além de garantir a vitória, marcou uma inflexão na estratégia do quanto ao aproveitamento de atletas oriundos da base. Desde os faiscantes anos 90, quando o “time cabano” foi usado – e conquistou o tricampeonato estadual 1989/1990/1991 – para fazer frente à falta de recursos que permitissem importar jogadores mais badalados, o clube não recorria com tanta ênfase à chamada prata da casa.

Por força da necessidade, o Remo ficou temporariamente desfalcado de 14 atletas do elenco que disputou a Série C e conquistou o acesso à Série B. Os contratos, firmados com prazo de validade até o fim do Brasileiro, não foram renovados e os jogadores precisaram ser liberados, deixando um vazio no grupo que disputa a Copa Verde 2020.  

O clube só não sentiu as perdas porque recorreu ao quase sempre esquecido almoxarifado da base, promovendo ao grupo profissional um total de 14 atletas. Lucas Mozart e Ruan, goleiros; Eli e Luiz Fernando, laterais; Davi e Fábio, zagueiros; Solano, Ramires (foto) e Henrique, volantes; Tiago Miranda e Rafa, meias; Adilson, Pepê e David Lima, atacantes.  

Caso se amplie o leque para incluir remanescentes da base já profissionalizados há mais tempo, o elenco conta com mais seis atletas crias da casa: Keven, Lailson, Pingo, Hélio, Ronald e Wallace.

Contra o Independente, o auxiliar técnico Netão escalou um time mesclado, que teve maioria de jogadores nativos. Keven foi improvisado na lateral esquerda, mas já é quase titular com Bonamigo. Warley entrou na partida e Pingo, um “veterano” da base, voltou a atuar no meio-campo ao lado de Lucas.

Wallace reapareceu em alto nível e foi um dos destaques da apresentação. Lailson marcou o segundo gol aproveitando um cruzamento perfeito de Ronald, que entrou nos minutos finais, embora tenha qualidades para ser utilizado como alternativa ofensiva.

Pepê, que entrou também contra o Vila Nova na primeira partida da final, também foi lançado no segundo tempo. Ficou faltando dar uma chance a David Lima, um dos mais talentosos jogadores revelados no clube nos últimos anos.

Com Netão e Paulo Bonamigo, que são declaradamente simpáticos à ideia de prestigiar a base, as chances da garotada crescem bastante, mesmo que para uma solução temporária. Toda essa movimentação tem a ver também com o diretor Paulo Wilson, um antigo colaborador das divisões de base que está novamente na coordenação da categoria.  

Gol bizarro força Papão a abrir nova frente de batalha

A bizarra marcação do gol de Jackie Chan para o Manaus, no jogo de anteontem pela Copa Verde, força a diretoria do PSC a dedicar tempo e atenção a um problema que deveria de exclusiva responsabilidade da CBF e de sua desgastada Comissão de Arbitragem.

Como os erros do árbitro Tomás de Aquino e do auxiliar Paulo César de Almeida foram mantidos na súmula da partida, só resta ao clube recorrer ao STJD buscando a anulação do jogo baseado nas imagens de TV, suficientemente esclarecedoras, mesmo sem o suporte do VAR.

Uma reunião providenciada às pressas juntou ontem o presidente do clube, Maurício Ettinger, o secretário-geral da CBF Walter Feldman e o chefe de Arbitragem Leonardo Gaciba. O presidente da FPF, Adélcio Torres, também participou.

Ettinger cobrou providências da entidade e, como previsível, tanto Feldman como Gaciba fizeram apenas lamentar protocolarmente o ocorrido em Brasília, reconheceram o erro absurdo, mas não manifestaram em nenhum momento a intenção de mudar o resultado ou anunciar pelo menos punição para árbitro e bandeirinha.

Na prática, a CBF não irá nem mesmo admitir publicamente o erro da arbitragem. A entidade jamais faz esse tipo de manifestação, receosa de que o fato gere batalhas judiciais e argumentos para os reclamantes.

De qualquer modo, o PSC vai ao STJD. O recurso já foi oficializado. As chances de sucesso são mínimas, quase inexpressivas. Nos últimos 20 anos, o tribunal só mudou um resultado de campo uma vez.

O aspecto mais expressivo e prático da ação do PSC é contribuir para a redução de falhas grotescas que prejudicam clubes paraenses em competições nacionais. O trauma da marcação equivocada de Leandro Vuaden contra o Náutico, em 2019, ainda está muito vivo na memória dos bicolores, o que torna mais revoltante a falha acintosa ocorrida em Brasília.

A FPF entra como parte auxiliar na reivindicação judicial em apoio ao clube. Que a batalha seja travada dentro das possibilidades concretas de uma reversão, sem que se criem falsas ilusões para o torcedor, como no caso do pênalti que beneficiou o Náutico.

Ao mesmo tempo, o time precisa se preparar para vencer o jogo de volta, domingo, em Belém. Até porque, por ora, pelo menos, o gol fantasmagórico de Jackie Chan está valendo.

Parazão seguirá com 12 participantes até 2022

A fórmula de disputa do Parazão 2021 foi tema da coluna de terça-feira, 2. Alguns dados ficaram imprecisos. Depois de muitas discussões entre os clubes, ficou definido que o campeonato utilizará 14 datas, com 64 jogos programados. Quase a mesma quantidade de partidas do ano passado, apesar do aumento de times participantes (12 desta vez).

Outra decisão importante é quanto ao rebaixamento. Serão rebaixadas duas equipes, mantendo a fórmula com 12 clubes até 2022. Apesar de alguns exageros quanto a jogos em ida e volta, ficou bem melhor do que o formato inicialmente previsto.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 05)

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