
POR GERSON NOGUEIRA
O PSC jogou exatamente como previsto pelo técnico João Brigatti. Atento, intenso e compactado. Arrancou o ponto buscado correndo poucos riscos contra um Londrina mais atrapalhado do que empenhado em atacar. A primeira parte do jogo foi de total controle pelo campeão paraense, que marcou com perfeição e não deu chances ao time da casa. Na segunda etapa, o 0 a 0 permaneceu no placar, mas a sólida proteção defensiva do PSC apresentou falhas não exibidas na parte inicial da partida. Carlos Henrique quase fez o gol londrinense.
De toda sorte, foi uma atuação taticamente quase perfeita. Tinha-se a impressão de que os jogadores reproduziam o que havia sido ensaiado e treinado ao longo da semana. O perigo representado pela bola aérea do Londrina foi neutralizado por forte marcação nos lados do campo.
Tony e Feijão se desdobravam para fechar o lado direito. Diego Matos, impecável, cuidou da esquerda. A utilização dos três zagueiros resolveu dois graves problemas que o PSC tem tido nesta 2ª fase da Série C: a fragilidade à frente da defesa desde que Uchôa se lesionou e a distância entre o meio e os homens de frente.
A primeira questão foi resolvida com louvor. A zaga ficou muito mais protegida, até porque Wesley Matos saía muitas vezes para o primeiro combate aos homens de frente do Londrina. O afrouxamento no meio foi disfarçado pela quantidade de jogadores que Brigatti colocou naquela faixa do campo.
Wellington Reis, que acabou exaurido e com câimbras, foi um atento acompanhante de Adenilson, o meia-armador do Londrina. Dos pés dele saem as principais jogadas da equipe e ontem isso só ocorreu já na segunda etapa, quando teve mais liberdade para jogar. Ainda assim, teve que cair pela esquerda para fugir ao forte bloqueio na zona central.
Na única escapada de Adenilson, saiu o chute mais perigoso do Londrina no primeiro tempo. A bola passou muito perto do poste direito de Paulo Ricardo. O Papão, porém, deu resposta à altura: em disparo longo de PH, o goleiro Daltou espalmou e Vítor Feijão quase mandou para as redes.
Vigiado o tempo todo, Nicolas acabou sacrificado pelo próprio esquema do PSC, permanecendo muito isolado na frente e agindo como o primeiro homem do combate à saída de bola do Londrina. Não teve também nenhum momento livre para tentar o cabeceio.
O segundo tempo mostrou um PSC mais cansado pelo esforço de marcação dos primeiros 45 minutos e, naturalmente, mais relaxado nas linhas de marcação. Apesar disso, o Londrina só criou duas jogadas agudas. Carlos Henrique lançado por Celsinho invadiu e bateu rasteiro para uma grande intervenção de Paulo Ricardo com os pés. No minuto final, Adenilson cobrou falta e botou a bola rente ao travessão. O goleiro voltou a aparecer bem.

As substituições não funcionaram positivamente. Marlon, Mateus Anderson e Uilliam Barros não conseguiram manter o ritmo que o time vinha praticando. Willyam foi o mais regular dos que entraram na etapa final, mas foi visível a queda geral de rendimento nos últimos 20 minutos.
Um ponto negativo do bom jogo de ontem foi a atuação tortuosa do árbitro, que distribuiu 8 cartões só no primeiro tempo e interrompeu seguidamente a partida. Ainda deu cartão vermelho para Tony, que já estava no banco.
Com o empate, o PSC manteve intactas as chances de acesso. Juntou-se ao Remo no topo da tabela e segurou o Londrina, que agora terá que fazer um jogo de vida ou morte com o Ypiranga na próxima rodada. (Fotos: Gustavo Oliveira/Londrina)
Dupla Re-Pa mantém amplas possibilidades de acesso
Depois da derrota para o Ypiranga, o Remo terá que cumprir dois jogos sem tropeços, para se classificar sem sobressaltos. O PSC, após empatar em Londrina, também não pode perder nas últimas rodadas. O clássico de domingo volta a ser um divisor de águas, pois o vencedor chega a 10 pontos e garante virtualmente o acesso. Um empate pode ajudar a caminhada de ambos, desde que Londrina e Ypiranga também empatem no outro confronto.
Paulo Bonamigo, cujo time não foi capaz de segurar a vantagem inicial e suportar a pressão imposta pelo desesperado Ypiranga, terá que enfrentar o PSC com a consciência de que a partida pode até garantir o acesso. O mesmo vale para João Brigatti.
O empate do PSC ontem deixa a chave mais embolada, embora a dupla paraense tenha ainda as maiores possibilidades de classificação, visto que assegura o acesso até sem vencer os próximos jogos. Para isso, todos os quatro confrontos das últimas rodadas teriam que terminar empatados.
Estas são apenas algumas das muitas variáveis matemáticas, que irão povoar a cabeça das duas imensas torcidas nos próximos dias. Até a hora do clássico, as contas estarão sendo feitas ao sabor das paixões e aspirações de cada lado.
Pelo que mostrou diante do PSC, o Londrina deixou a impressão de que terá sérios problemas diante do Ypiranga, que venceu o Remo e demonstrou ter mais capacidade de propor o jogo e de chegar ao gol adversário, mesmo fora de casa.
Caso o Ypiranga chegue à segunda vitória, a má notícia é que o embate com o PSC em Erechim será uma partida extremamente difícil. Daí a importância de um grande resultado no clássico, tanto para remistas quanto para bicolores.
Como o jogo entre Londrina e Ypiranga será logo depois do Re-Pa, no domingo à noite, derruba a hipótese de um jogo mais ameno entre os rivais paraenses. O clássico será um dos mais renhidos dos últimos tempos por tudo o que estará em jogo.
Sem torcida presente, a partida vai colocar em xeque a consistência tática das equipes e a qualidade do banco de reservas. Para remistas e bicolores, mesmo que o projeto de subida seja comum, não há mais espaço para colaborações. A partir de agora, mais do que nunca, é cada um por si.