Um Parazão metropolitano?

POR GERSON NOGUEIRA

A situação se repete a cada nova temporada desde que o Campeonato Paraense passou a ter um caráter estadual. Problemas com o atendimento a itens de segurança, higiene e estrutura física dos estádios do interior são frequentes. Desde que o Parazão ampliou possibilidades para os times interioranos, não passa um ano sem que jogos tenham os mandos alterados, com remanejamento para Belém.

O que parecia excepcionalidade virou rotina até atingir o nível máximo nesta temporada. Nem mesmo um Termo de Ajustamento de Conduta celebrado entre a Federação Paraense de Futebol e o Ministério Público do Estado deu jeito nos atrasos de providências exigidas para os estádios.

O absurdo se escancarou com a notícia de que dos 11 estádios previstos para o campeonato, somente cinco estavam em condições de uso na primeira rodada, há duas semanas. Com a liberação do Parque do Bacurau na véspera do jogo de abertura, entre Independente e Castanhal, o número de praças esportivas habilitadas subiu para meia dúzia.

É importante notar que o Independente adotou Cametá como sede porque o estádio Navegantão, em Tucuruí, está com obras atrasadas e não deve ficar pronto para o campeonato. Contra o Remo, neste sábado (01), porém, o Independente já oficializou a troca de local, optando pelo Mangueirão.

O Carajás mandou sua partida com o Remo também no estádio estadual. O estádio Mamazão só tem capacidade para 3 mil espectadores e ainda não teve laudos liberados. Mesma providência foi tomada pelo Castanhal para o confronto com o PSC no próximo domingo (2), pois o Maximino Porpino Filho só foi liberado anteontem.

Acontece que clubes como Carajás, Castanhal, Independente e o próprio Águia de Marabá, cujo estádio segue em obras, farão a maior parte de suas partidas da primeira fase no Mangueirão, em Belém.

Ontem, a diretoria do Águia confirmou que vai solicitar a transferência de seu jogo com o Remo, no dia 15 de fevereiro, para o estádio Jornalista Edgar Proença. Chegou a programar o jogo para o Rosenão, em Parauapebas, mas a lotação (3.840 lugares) não atende a exigência mínima de 5 mil lugares para jogos contra Remo e PSC.

Como os clubes não têm sustentação financeira para manter seus próprios estádios, não podem contar com ajuda da FPF e dependem da municipalidade para receber jogos em suas cidades, fator que enfraquece qualquer cobrança por melhorias, o destino do Parazão é virar uma competição de feições metropolitanas, como ocorria até 20 anos atrás. As exceções, por ora, são Bragança e Paragominas.

Cotas da TV ajudam a acelerar fim dos estaduais

Fica abaixo de R$ 400 Milhões (€85 milhões) o valor conjunto das cotas de transmissões dos oito principais campeonatos estaduais do país, competições que reúnem mais de 100 clubes, concentram os principais clube e ocupam quase 40% do calendário do futebol nacional. Os especialistas e consultores de marketing usam essas informações financeiras para justificar a defesa da extinção dos certames estaduais.

É claro que os maiores interessados no fim dos regionais são os grandes clubes, mais endinheirados, que prefeririam dispor das 16 datas iniciais da temporada para torneios mais lucrativos. Apesar disso, não criam coragem para romper abertamente com a tradição dos estaduais, receando deagradar o próprio torcedor.

Ocorre que a lei do tal “deu mercado” são implacáveis. Caso a receita continue insuficiente, os estaduais acabarão morrendo por inanição.

Meia japonês bota banca para jogar no Fogão

Sinal dos tempos. Keisuke Honda, cujo grande momento no futebol foi defendendo o Milan há alguns anos, está negociando há semanas com dirigentes do Botafogo, mas a demora em definir um acerto já começa a gerar memes e muita impaciência entre os torcedores. Botafogo que é o clube de meias históricos, como Gerson, Didi, Mendonça, Paulo Cézar Caju, Afonsinho e tantos outros.

Há uma explicação para tanta parcimônia. O jogador sseue à risca a tradição oriental de reflexão antes de firmar contratos. É tido como “certinho demais”, exigente e minucioso. Não se pode culpá-lo de agir assim no futebol de hoje, cheio de área movediça.

Honda teria exigido até mesmo um carro blindado. Não se sabe se o clube concordou com tal pedido. O fato é que o japonês já analisa os documentos para assinar acordo até o fim de dezembro. Ganhará por produtividade e, mesmo que atinja todas as metas, terá salário dentro da dura realidade do Botafogo.

A conferir.

Clubes tentam sacramentar os últimos reforços

O PSC anunciou ontem a contratação de Netinho, 26 anos, lateral-direito que vinha jogando no futebol sueco. Revelado pelo Paraná Clube, é um atleta conhecido e recomendado pelo auxiliar técnico Leandro Niehues, que integra a comissão chefiada por Hélio dos Anjos. Sua contratação visa suprir a carência do lado direito da zaga bicolor, que só conta com Tony.

Do lado remista, Nininho foi confirmado e o clube finalmente conseguiu fechar com o volante Gelson. São aquisições consideradas de baixo risco. Nininho passou (bem) pelo clube em 2018 ocupando a lateral direita. Gelson enfrentou o Remo jogando pelo Volta Redonda em 2019. Fez duas grandes partidas e, caso mantenha o nível, tem tudo para ser o titular do meio-campo.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 31)

2 comentários em “Um Parazão metropolitano?

  1. Esse conchavo de inversão de mandos de campo, agora reforçado pela oportunista idéia de apelidar o Mangueirão de campo “neutro”, tem uma única e imoral finalidade: beneficiar a dupla RExPA.
    Com esse explícito objetivo é devido que se mude o nome do campeonato, de Parazão para Belemzão.
    É oportuno que o Governo do Estado reveja o patrocínio da competição, posto que a premissa de termos a crescente interiorização do futebol, está sendo desviada. Clube que não apresente estádio em condições e capacidade mínima, para seus jogos, na cidade de origem, deveria ser impedido de participar, antes do começo da competição.
    Por outro, às populações das cidades rejeitadas caberia protestar, sugerindo a FPF que o campeonato se torne um play-off de jogos entre os dois “privilegiados” e ex-titãs do futebol paraense.

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