Veja abaixo o que está em jogo na partida desta quarta (23), entre Flamengo e Grêmio, no Maracanã, além da vaga na final da Libertadores, na opinião deste blogueiro.
1 – Fôlego para técnicos brasileiros
Em pouco menos de cinco meses de trabalho no Brasil, Jorge Jesus caiu nas graças de boa parte da imprensa e até de uma parcela dos torcedores de outros times. O estilo ofensivo, o discurso contra a prática de poupar jogadores e a busca pela vitória também fora de casa colocaram em xeque a maioria dos treinadores brasileiros que anda na direção oposta.
Com a larga vantagem do Flamengo no Brasileirão, Renato Gaúcho surge praticamente como o único treinador brasileiro com chances de desbancar o português. A eventual ida do rubro-negro à final da Liberadores provavelmente reforçará o discurso a favor de mais estrangeiros treinando os times nacionais e de defasagem dos nossos técnicos.
Por outro lado, se o Grêmio passar pelo estrelado elenco flamenguista, Renato terá seu trabalho exaltado, vai se valorizar e uma ponderação deve surgir na onda de indignação com os técnicos brasileiros.
2 – Ofensividade
Com Jesus e o santista Jorge Sampaoli, o futebol ofensivo voltou a ficar em alta no Brasil depois de longo tempo esquecido nos porões. A maneira como o finalista brasileiro na Libertadores vai se classificar pode aquecer ou amornar esse movimento. Se o classificado, seja Flamengo ou Grêmio, alcançar a vaga se agarrando a uma vantagem tímida, priorizando a defesa e saindo só nos contra-ataques, trará à tona a surrada discussão sobre futebol de resultado. Agora, se a classificação for conquistada com busca incessante pelo gol, independentemente da situação da partida, ganhará pontos a tese de que dá para jogar bonito sem perder competitividade.
3 – VAR
Por causa de demoras, confusões e falhas parte significativa do torcedor brasileiro já perdeu a paciência com o árbitro de vídeo. Tudo que a moderna ferramenta não precisa é que o finalista brasileiro no torneio continental seja definido com a ajuda de um erro cometido por ela. Se isso acontecer, será imperdoável.
4 – Segurança
A capacidade das autoridades de segurança de garantirem a ordem no entorno e no interior do Maracanã em jogos decisivos será desmoralizada se acontecerem tumultos nesta quarta. Isso porque em 2017 houve invasão e muita confusão na final da Sul-Americana entre Flamengo e Independiente. A repetição de tais atos seria um vexame.
Um bom sinal dado pelas autoridades foi a identificação e detenção de suspeitos de prepararem uma nova invasão na partida desta quarta. Se nada acontecer, será dada uma demonstração de evolução e aprendizado com os problemas anteriores.
Pelé, o Rei do futebol, está aniversariando hoje. Completa 79 anos com amplo reconhecimento pela carreira gloriosa. No auge da fama e do prestígio, o Rei passou por Belém e no amistoso com o Remo, no estádio Evandro Almeida, vestiu a camisa azulina.
O jogo aconteceu na noite de 19 de abril de 1965, marcando a inauguração do sistema de refletores do estádio remista. Pelé foi muito aplaudido pela torcida que lotava o estádio. O Rei foi homenageado e recebeu um ramalhete de flores das mãos do atacante Jaster.
Em campo, uma chuva de gols: Santos 9 x 4 Remo. Depois de começar perdendo por 2 a 1, o Peixe virou e partiu para uma vitória arrasadora, com direito a cinco gols de Pelé
O amigo Edgar Augusto, colunista mais longevo do DIÁRIO e crítico musical dos bons, dá nome ao estádio Mangueirão. Pode parecer brincadeira, mas é verdade. Afinal, quem lê a placa oficial fica sabendo que o nome é “Estádio Edgar Augusto Proença”. Óbvio que há uma incorreção, uma tremenda barbeiragem, pois o homem que recebeu de verade a homenagem é Edgar Proença, que vem a ser avô do beatlemaníaco Edgar Augusto.
Nas românticas redações de antigamente, esse carrinho
por trás na informação era chamado de lomba. Nos dias de hoje, com o adendo de
envolver um logradouro público estadual, o erro é apenas a comprovação (e perpetuação)
da boçalidade própria dos poderosos de plantão.
A tal placa, que só está ali pela premissa de informar
corretamente o nome do homenageado, jornalista Edgar Proença, foi afixada pomposamente
durante o governo de Almir Gabriel. Estranho é que o erro tenha se perpetuado
por tantos anos, sem que ninguém se importasse.
Indiferente ao erro no tributo prestado a um dos pioneiros
da comunicação no Brasil, o governo de então bancou a malsinada placa. Em papo recente
com o escritor e dramaturgo Edyr Augusto Proença, também neto do velho Edgar,
ouvi dele a denúncia sobre o absurdo equívoco.
Quando a praça de esportes foi reformada no governo
de Almir circulava com insistência a história de que o tucano queria a todo
custo eternizar seu nome no estádio. O plano travou no impedimento legal de
batizar prédios e logradouros públicos com o nome de pessoas vivas.
Talvez pela pretensão não atendida, alguém teve a
infeliz e aloprada ideia de renomear o Mangueirão como “estádio olímpico”, designação
que passou a vigorar sem qualquer sentido lógico, pois a pista de atletismo foi
usada em raras oportunidades, nem sempre para apresentação de atletas.
De certa feita, o próprio Almir teve a pachorra de
correr pela pista, com a camisa empapada de suor, acenando demagogicamente para
bate-paus e cabos eleitorais que se acotovelavam nas cadeiras e tribunas.
É legítimo especular que erro tão grosseiro no texto
da placa tenha sido proposital, visto que a vontade tucana era que o Mangueirão
ficasse apenas como Estádio Olímpico – na impossibilidade de botar o nome do
governador do período.
Aliás, com placa errada e tudo, os governos seguintes
mantiveram a denominação “Estádio Olímpico Estadual”, descumprindo a decisão da
Assembleia Legislativa, que batizou oficialmente o Mangueirão como Estádio
Jornalista Edgar Proença.
Não se pode obrigar ninguém a chamar o estádio pelo
nome certo, mas a administração do estádio tem a obrigação de corrigir a placa à
entrada do estádio. Antes tarde do que nunca. Uma questão de respeito com o
velho Edgar, um gigante do rádio no Pará e na Amazônia.
Ecos do mundo (consciente) do futebol
Claudio Bravo,
goleiro do Manchester City e da seleção chilena, se manifestou sobre a revolta
popular no Chile, causada pela desastrada política econômica do governo
conservador. “Eles venderam nossa água, eletricidade, gás, educação, saúde,
aposentadoria, remédios, estradas, florestas, geleiras e transportes. Enfim,
algo mais? Não queremos um Chile para poucos. Queremos um Chile para todos”.
Vidal, volante do
Barcelona, acompanhou o tom crítico de Bravo. “Resista, meu Chile querido! Os
políticos têm que escutar o povo quando nos fazemos sentir. As pessoas estão
passando muitas necessidades e estamos dizendo: basta! Sigamos nos manifestando
pacificamente, sem violência, sem saques. Sem nos machucarmos”.
Gary Medel,
defensor do Bologna, foi na mesma direção. “Uma guerra necessita de dois lados
e aqui somos um só povo, que quer igualdade. Não desejamos mais violência.
Necessitamos que as autoridades digam que vão mudar para resolver os problemas sociais.
Elas falam de delitos, e não de soluções sobre como resolver o problema”.
Se tudo isso estivesse
ocorrendo no Brasil, o mundo do futebol se recolheria ao mais absoluto silêncio
covarde de sempre.
A noite da decisão mais esperada da temporada
Na véspera do
confronto do ano entre clubes brasileiros, o Grêmio de Renato Gaúcho se apoia
no retrospecto das últimas três temporadas para manter esperanças de derrotar o
invicto Flamengo no Maracanã. Com campanha fulgurante no Brasileiro, o time
rubro-negro é apontado como favoritíssimo para chegar à grande decisão
continental.
As entrevistas de
Renato têm mostrado um tom meio sorumbático. Normalmente boquirroto e
provocador, ele tem dosado as alfinetadas em Jorge Jesus, a quem já chamou de treinador
mediano, com poucos títulos na carreira. O reconhecimento da superioridade
técnica do Flamengo é sempre enfatizado, até para diminuir a responsabilidade
gremista.
Ainda assim, o velho
estilo brotou ao projetar que somente rubro-negros e colorados (do
Internacional) estarão na torcida por um triunfo do líder do Brasileiro amanhã.
O resto do país, cutucou Renato, estará com o Grêmio onde o Grêmio estiver, como
diz o belíssimo hino composto por Lupicínio Rodrigues.
O fato é que, ao
contrário do empate no Olímpico, o confronto desta noite será marcado pela ofensividade,
o que é garantia de uma partida emocionante. O Flamengo, que tem a
significativa vantagem do empate em 0 a 0, conta com um conjunto forte, com cinco
ou seis jogadores em nível de Seleção e praticando um futebol eficiente e
vistoso.
Caso supere o Grêmio, o time de Jesus entra em pé de igualdade na decisão contra o River Plate de Gallardo, que se classificou com derrota (0 a 1) em La Bombonera, ontem à noite. Já os gaúchos têm no embate de hoje, pelo fator casa, um desafio até maior do que o de superar o River na final.