Diante do São Raimundo, equipe mais fraca da competição até aqui, o Remo tem excelente chance neste domingo de dar a volta por cima, quebrando a sequência negativa de três jogos. Em situação normal, seria o jogo ideal para atrair a torcida e conseguir uma arrecadação de vulto.
Ocorre que as atuações pouco convincentes e os maus resultados afugentaram o torcedor, obrigando o clube a reduzir o preço dos ingressos. Mas, mesmo com valores mais acessíveis, a previsão é de público inferior a 10 mil pagantes, aquém das necessidades financeiras que o Remo tem.
As três primeiras apresentações no Parazão garantiram vitórias que, se não encheram os olhos da torcida, serviram para garantir uma confortável situação na classificação. Depois das derrotas diante de Serra-ES e PSC, porém, o panorama mudou por completo.
As deficiências da equipe vieram à nota de uma só tacada, elevando o tom das críticas a determinados jogadores e cobranças sobre o técnico João Neto. O mundo caiu sobre os ombros do jovem comandante azulino.
Neto não é o único culpado pela débâcle remista, afinal não contratou sozinho os jogadores que integram o elenco, responsabilidade que compete também ao gerente de Futebol, Luciano Mancha.
Ocorre que a formatação tática e a montagem do time são tarefas do treinador, e nesse aspecto é inegável que existem problemas. Graves, por sinal, como ficou evidente no empate diante do Paragominas, quinta-feira à noite.
O segundo tempo foi tenebroso para o Remo, que se viu cercado pelo esforçado PFC, levando um sufoco que gerou nove finalizações, sem esboçar reação inteligente e imediata. As substituições só acentuaram a indigência técnica e a falta de ordenamento em campo.
Reunião realizada na tarde de sexta-feira, envolvendo o presidente Fábio Bentes e parte da diretoria, avaliou detidamente a situação, levando em conta todos os problemas que afloraram nas últimas três partidas.
A baixa qualidade de parte expressiva do elenco talvez seja hoje um ponto tão relevante quanto a falta de inspiração do comando técnico quanto a executar as mudanças necessárias.
(Depois de reunir durante toda a sexta-feira e na manhã deste sábado, a diretoria decidiu afastar o técnico Netão e o preparador físico Wellington Vero. O técnico ainda deve dirigir o time contra o S. Raimundo neste domingo).
Independentemente disso, a dúvida que fica é se o Remo vai conseguir atravessar esse banzeiro enquanto paira uma grande preocupação quanto ao futuro imediato do time, tanto no desdobramento do Parazão como, principalmente, em relação ao Brasileiro da Série C, que começará logo em seguida.
O jogo de hoje se apresenta como preciosa oportunidade de ajustar as linhas e dar uma resposta à torcida, não apenas quanto ao resultado, mas principalmente sobre a capacidade de mostrar um nível técnico satisfatório.
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A pequena revolução de Sampaoli no Peixe
O ano futebolístico mal começou e já é patente que no universo dos técnicos, confraria onde poucos têm acesso garantido, surge uma novidade interessante. E é de fora e atende pelo nome de Jorge Sampaoli.
Ele aterrissou na Vila Belmiro cercado de incertezas depois da pífia jornada à frente da seleção da Argentina na Copa do Mundo, mas aos poucos desfez as dúvidas.
O Santos passou a mostrar uma qualidade de jogo que se diferencia da média geral de times paulistas, adotando um controle de bola que dificulta o combate adversário e cria ricas alternativas ofensivas.
Pode não obter resultados imediatos, mas sua presença já agrega significativo valor pelo exemplo de inovação em meio à mesmice que grassa no futebol brasileiro, cujos técnicos se limitam a explorar o velho Muricybol (cruzamentos incessantes sobre a área) como principal estratégia de jogo.
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Ambire e a confiança no futuro imediato do Papão
Recebi nesta semana uma cópia do pronunciamento do amigo Ambire Gluck Paul na solenidade de posse de Ricardo, seu filho, na presidência do Papão. Orgulhoso pela presença de seus filhos na vida administrativa do clube – Sérgio é conselheiro –, Ambire dirigiu-se aos associados do clube recordando os anos dedicados à instituição e citando velhos companheiros de estrada.
Fechou sua fala, depois de afirmar total confiança na gestão iniciada por Ricardo, citando William Ury, consultor de negócios e co-autor do livro “Como chegar ao sim”: “Manter o foco no presente constitui um desafio. Para nós o maior obstáculo é nossa resistência interna em dizer não à vida como ela é; ou seja, lamentarmos o insucesso do passado, recearmos o futuro e rejeitar o momento atual. (…) Ele finaliza dizendo que o segredo é: supere a resistência interna, aceite o passado, confie no futuro e abrace o presente. Isto significa dizer sim à vida pessoal, à empresa e ao clube. Confiamos no Ricardo e sua diretoria tendo a certeza de que seguirão este caminho”.
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Bola na Torre
Com apresentação de Guilherme Guerreiro, o programa vai ao ar às 21h, na RBATV, analisando a rodada de fim de semana do Parazão. Na bancada de debatedores, Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 24)