Um golaço salva o Re-Pa

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POR GERSON NOGUEIRA

Todos os ingredientes habituais da tradição do Re-Pa estiveram presentes no jogo de ontem. Luta, transpiração, garra, superação, festa nas arquibancadas e erros de arbitragem. Isso não impediu, porém, que fosse o pior dos três clássicos da temporada. A emoção ficou por conta dos pênaltis (inexistentes) marcados pelo árbitro Rafael Clauss e do golaço decisivo de Rodriguinho, aos 34 minutos do 2º tempo, após rebote de Perema.

Apesar da pobreza técnica, do festival de passes errados, o confronto teve momentos de emoção, com direito a reviravoltas e surpresas. Opção de Givanildo Oliveira para dar combustível ao combalido meio-campo azulino, Rodriguinho saiu do banco de suplentes diretamente para decidir o Re-Pa com um tiro perfeito, sem defesa para Marcão, justamente quando o PSC era mais agressivo e rondava a área do Remo.

Pode-se dizer que o resultado coroou a estratégia obreira de Givanildo, que colocou um Remo disposto a marcar principalmente em seu campo, correndo alguns riscos na primeira etapa, pois a saída defeituosa deu a Walter e Cassiano seguidas chances dentro da área. Reflexo disso é que Vinícius teve mais trabalho que Marcão àquela altura do jogo.

Antes do penal que só Rafael Clauss viu sobre Elielton, aos 29’, a única jogada realmente interessante havia sido um drible sensacional aplicado pelo próprio Elielton em Mateus Miller aos 18’. A interpretação equivocada da arbitragem no lance capital deu ao Remo, aos 30’, a vantagem parcial (com Isac) num jogo que era igual.

Treze minutos depois, Clauss compensaria o erro inventando outro pênalti, desta feita sobre Perema, em lance normal na área remista. Cassiano cobrou, empatou o jogo e criou boas expectativas para o último período. No intervalo, o atacante sentiu uma lesão e foi substituído por William.

Com a troca, o PSC perdeu em sustança ofensiva, mas ganhou em intensidade no meio. William entrou tão bem que suscitou uma dúvida: se podia jogar, por que não entrou logo de cara¿ O fato é que logo em seguida, também devido a contusões, Dado seria forçado ainda a trocar Cáceres por Fábio Matos e Maicon Silva por Mateus.

O que poderia ter sido ruim para a equipe, deu novo gás ao Papão, que passou a ter Mike e Miller pela esquerda e Walter e Moisés mais próximos à área do Remo, com William e Fábio dando suporte. Por cerca de 30 minutos, o jogo pendeu para os bicolores, que tiveram chances com Walter (duas vezes) e Moisés. Foi o melhor período do PSC nos três clássicos.

Quis o destino, porém, que a estrela de Givanildo brilhasse com mais intensidade. Ao substituir o improdutivo Adenilson, lançando Rodriguinho, ele ganhou em capacidade de finalização, pois o meia é um especialista em chutes de média e longa distância.

Depois do gol, Rodriguinho meteu ainda uma bola de curva em cobrança de escanteio, cruzou com muito perigo para defesa de Marcão e quase ajudou Jefferson Recife a finalizar para as redes uma investida de pura habilidade, que só foi contida por Perema já na pequena área.

A vitória dá a vantagem (do empate) ao Remo para o próximo confronto, mas a decisão segue em aberto. A incerteza, sempre tão viva no confronto entre os rivais, continua a pairar sobre esta final de campeonato. (Foto: Fábio Will/Ascom Remo)

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Times refletem estilos e visões de seus técnicos

Givanildo Oliveira, curto e grosso, sem teorizações estéreis e com o discurso de raiz, pontificou no clássico e depois também, ao argumentar sobre o que conduziu o Remo à terceira vitória na temporada. Disse o básico: que cada jogo é um jogo, que tinha ficado com o banco mais reduzido sem Levy e o “outro baixinho lá” (Felipe Marques). Giva simplifica as coisas, adiciona clareza onde muitos preferem fabricar conceitos e artificialismos.

Mais reflexivo, Dado destacou o papel de Perema e considerou que as três substituições forçadas afetaram o desempenho do PSC. O time criou, segundo ele, mas pecou nas finalizações. Lamentou as lesões e perdas de atletas importantes, mas evitou valorizar o peso das três derrotas seguidas.

Ao ouvir os técnicos, fica claro que o Remo está bem consciente de seus limites, fato que o leva a ser mais perigoso num confronto tão equilibrado. No outro extremo, o PSC reluta em abrir mão da ilusão de que tem um grande time, coisa que na prática não se materializou até aqui.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 02)

9 comentários em “Um golaço salva o Re-Pa

  1. Reforço o que venho afirmando nos meus comentários enquanto os jogadores do time azulino estão encarando o Parazão com fome de bola e vontade de vencer, o Paysandu e sua comissão técnica continua delirando num sonho tipo Alice no país das maravilhas!
    Acorda Papão!!!!!

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  2. No segundo tempo a vitória estava pendendo de fato para o Paysandú.
    Prevaleceu a estrela do velho Givanildo.

    Título em aberto, apesar de três vitórias seguidas do Remo sobre seu arquirrival.

    A última vez em que uma sequência como essa ocorreu foi em 2008 a favor do Remo: 02mar., 11maio e 22junho; 2 a 1, 2 a 0 e 3 a 2. A favor do Paysandú foi em 2000: todas de 2 a 1; 16jan, 28maio e 1jun.

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  3. O melhor de tudo é que o paysandu ainda pensa desde o começo do ano que tem uma grande equipe. A queda vai ser bonita para o Remo no próximo jogo novamente. Que se cuidem contra o Manaus também.

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  4. A nível de Parazão o título está em aberto porém conhecedor do trabalho de Givanildo posso falar que o Paysandu deu adeus ao tricampeonato.
    Mas, o que me preocupo é com a baixa qualidade técnica das equipes que estão às vésperas da principal competição do ano série B para o Paysandu e a C para o rival.

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    1. Comentei sobre isso na coluna de domingo, amigo Miguel. Dado está na Curuzu há um mês e meio, Giva chegou há um mês pro Remo. Pouquíssimo tempo para a formatação de times.

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  5. Remo construiu uma pequena vantagem que não lhe garante favoritismo. Aliás, quem assevera esta verdade é aquele que, na atualidade, é quem melhor conhece o potencial do elenco azulino: Givanildo Oliveira.

    Aquele clima que vigorava no início do ano acabou sendo quebrado. Mas, tudo o que temos, até agora, são 3 vitórias a mais na história do clássico.

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  6. Passadas as encarnações de praxe, todo cuidado é pouco num campeonato em que um time que venceu 3 vezes o adversário, pode perder o título com uma única derrota para o tri-derrotado. Máxime quando passou a ter o empate como vantagem.

    Afinal, como vai ser muito difícil é preciso ficar atento, pois caso a oportunidade se apresente, não se pode deixar que ela escape, como aconteceu no ano passado, quando um minuto de desconcentração acabou impedindo que o título ficasse no Baenão.

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    1. Da parte do velho Giva, nota-se o cuidado em relação a esse risco. Terminado o jogo, já saiu avisando que nada está decidido e que não dá pra comemorar. Experiência é tudo.

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