POR GERSON NOGUEIRA
O Remo voltou a apresentar erros que caracterizavam o time durante a passagem do técnico Ney da Matta pelo Evandro Almeida. Contra o São Raimundo, na quinta-feira, a apresentação pecou pela saída excessivamente lenta, a falta de criatividade no meio e a inoperância no comando do ataque. Hoje, no Mangueirão, o time de Givanildo Oliveira precisará de muita concentração e disciplina para tentar reverter a situação.
Perdeu o jogo apenas por 1 a 0 porque o alvinegro santareno se acomodou depois de marcar seu gol. Com um a menos (Cleiton foi expulso), o SR limitou-se a bloquear a entrada da área, tarefa facilitada porque meias, laterais e centroavante do Remo pareciam desplugados.
Desde que Givanildo desembarcou no Baenão, o Remo não tinha feito partida tão apática. Mesmo contra um time limitado e com apenas 10 atletas em boa parte do tempo, os remistas foram inofensivos e não souberam – como adoram falar os técnicos – propor o jogo. A posse de bola era toda azulina, sem que isso resultasse em vantagem efetiva.
Para superar o SR no Mangueirão, amanhã, será necessário ao Remo mostrar um plano de jogo mais ágil e capaz de surpreender a previsível força de marcação do visitante. Caso Isac permaneça sem mobilidade, o time terá sérias dificuldades para construir o placar que garante a classificação – vitória por dois gols de diferença.
Depois que perdeu o penal contra o Manaus, Isac nunca mais foi o mesmo. Apesar de esforçado e lutador, falta-lhe a confiança necessária para aproveitar as oportunidades que surgem. Outro sério problema existente no time, desde a era Da Matta, é o vazio de ideias no setor de meio-campo. Nenhum dos meias tem dado conta do recado.
Para o comando do ataque, a alternativa seria Marcelo, que também não deslanchou. Jayme ainda está fora. A improvisação de Adenilson no setor poderia ser uma opção interessante, pois permitiria mudar a dinâmica de jogo ofensivo do Remo, tendo Elielton e Felipe Marques alguém com quem tabelar às proximidades da área.
O incentivo dado pela apaixonada torcida santarena no Barbalho deve ser proporcionado pela galera azulina no Mangueirão, mas as desconfianças crescentes quanto à qualidade do time inibem o torcedor. Ocorre que o campeonato alcançou a reta final e este é o momento de manifestar apoio num jogo que vai exigir dos remistas paciência e força mental.
Do lado santareno, o técnico Vladimir de Jesus – uma das boas surpresas deste campeonato – não projeta esquema cauteloso, mas obviamente vem pronto para explorar a ansiedade dos azulinos. Jefferson Monte Alegre é o ponto de equilíbrio da equipe, mas o grande trunfo está na combatividade do setor de meia-cancha. Remo tem um leve favoritismo, mas o jogo se desenha difícil e brigado.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, com as participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em análise, a definição dos finalistas do Parazão 2018, com os gols das semifinais.
Começa às 21h, na RBATV.
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Vinícius Jr.: exemplo clássico dos poderes do marketing
Vinícius Jr., jovem atacante do Flamengo, é um caso a ser estudado à luz das mais modernas técnicas do marketing esportivo pela ousadia e sucesso do empreendimento. Com direitos vendidos ao Real Madri por algo em torno de 40 milhões de euros, o garoto surgiu do nada, com reportagens laudatórias na TV a valorizar um histórico igualmente inexiste.
Matérias insistentes na imprensa carioca clamam agora por sua presença no grupo de jogadores relacionados por Tite para a Copa do Mundo. De brilho razoável em alguns jogos, mostra-se apagado em outros, como tantos outros boleiros de sua idade. Nenhuma excepcionalidade.
Há quem o compare com Neymar e Ganso na Copa de 2010, rechaçados pela teimosia de Dunga. Ora, nem há margem de comparação possível. Os dois jogadores voavam baixo, eram figuras centrais daquele time do Santos, encantando o Brasil e tornando-se unanimidade. Vinícius não é unanimidade nem entre os rubro-negros.
A turbinar ainda mais a campanha “Vinícius Jr. é Seleção”, eis que um ranking tabajara da revista World Soccer põe o rubro-negro entre os 500 jogadores mais importantes do mundo. Paulinho, do Vasco, tem jogado muito mais e nem é citado na tal lista.
O oba-oba em torno de VJr. só confirma que a influência da mídia rubro-negra é capaz de mover o mundo.
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Sob a marca da irresponsabilidade
O Mangueirão não foi cedido para o jogo Papão x Bragantino, como recomendou a Polícia Militar, por um motivo singelo: foi alugado para jogos de futebol americano. Nada contra o esporte da bola oval, mas o principal estádio da cidade deve ter como prioridade o Campeonato Estadual, ainda mais quando a competição entra em sua fase decisiva.
Seel e FPF seguem ensinando ao mundo como avacalhar futebol e frustrar o torcedor que sonha com bons espetáculos. E, como se sabe, bom futebol depende de praças esportivas adequadas.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 25)