As voltas que a bola dá

POR GERSON NOGUEIRA

A excelente campanha do Ceará Sporting tem sido usada como forte argumento pelos críticos da caminhada trôpega do Papão na Série B. A comparação é motivada pela presença de dois ex-bicolores na equipe alvinegra: o técnico Marcelo Chamusca, que dirigiu o time alviceleste nas primeiras rodadas do campeonato, e Leandro Carvalho, peça destacada do PSC no Parazão e na Copa Verde, mas sem brilho no Brasileiro.

O sucesso de Chamusca no Ceará surpreende em função do desempenho negativo do Papão sob seu comando na Série B. Depois de início promissor, quando chegou a ocupar a primeira colocação por duas rodadas, o time mergulhou em fase declinante. A campanha desandou e Chamusca, sentindo o desgaste, preferiu pedir o boné.

Vale lembrar que antes da Série B a torcida já pegava no pé do técnico, reclamando de sua insistência em utilizar três volantes e das exibições tecnicamente fracas no Campeonato Paraense e na Copa Verde.

A conquista do título estadual atenuou a intensidade das cobranças, mas na Copa Verde a situação engrossou. O treinador poupou titulares no jogo de ida da decisão contra o Luverdense. A estratégia fracassou, pois o Papão perdeu e não conseguiu tirar a diferença no confronto no Mangueirão.

Apesar do desgaste, Chamusca foi mantido e começou bem a caminhada na Série B, obtendo bons resultados nas quatro primeiras rodadas, culminando com a inédita liderança. Ironicamente, o início surpreendente voltou-se contra o técnico, pois o torcedor passou a alimentar uma expectativa exagerada em relação às possibilidades do time no torneio.

Chamusca trocou o Papão pelo Vozão, que fazia campanha errática até então. Depois que assumiu, o time subiu de produção e hoje ocupa o terceiro lugar na classificação, cotado para obter o acesso à Série A.

E Leandro Carvalho, que sob a direção de Chamusca não conseguiu se estabilizar como titular do Papão na Série B, encontrou paz e confiança para jogar em alto nível no Ceará. Prestigiado pelo técnico, encaixou no time e suplantou pelo menos quatro apostas trazidas pelos dirigentes.

É bom lembrar que, na Curuzu, Leandro ficou marcado por problemas extracampo, acusado de indisciplina e de falta de profissionalismo. Chamusca, sempre que era indagado sobre o jogador, desconversava. Dizia que o problema era da alçada dos dirigentes. Mas, se não concordava com a opinião da cúpula, deixou de sair em defesa do jogador.

O sucesso da dupla descartada pelo Papão provoca certo incômodo, mas é absolutamente normal na verdadeira gangorra do futebol. São incontáveis os casos de profissionais que fracassam num clube e se consagram na defesa de outra bandeira.

Não há explicação lógica para tais fenômenos, mas, no caso bicolor, fica evidente que o problema do time na Série B não pode ser atribuído aos técnicos, Chamusca no começo e Marquinhos Santos agora. É legítimo concluir que a razão maior da campanha insatisfatória está na equivocada política de contratações, exatamente como ocorreu em 2016.

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Direto do blog

“É com muita preocupação e tristeza que assisto jogos do Paysandu. Preocupação, pois não vejo nem sequer um arremedo de esquema tático, a não ser o de não perder. Tristeza, pois não é possível que o Luverdense tenha dois meias de ligação, Sérgio Mota e Marco Aurélio, e o PSC não consiga contratar um que preste”.

Por Reginaldo Nonato Lobato, angustiado com a caminhada do Papão na Série B.

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Indefinições atrapalham a agenda azulina

Sem conseguir estabelecer um processo pacífico para a gestão do futebol, a partir da resistência do presidente Manoel Ribeiro em conceder autonomia aos novos diretores, o Remo desperdiçou tempo demais (quase um mês) desde o fim da Série C em discussões cansativas, que em nada contribuíram para a vida da agremiação.

Por ora, a própria permanência de Ribeiro no cargo está sob risco, dependendo das decisões do Conselho Deliberativo sobre a prestação de contas que ele ficou de apresentar. Para piorar, a indefinição gerou um atropelo na agenda, com a saída do vice Ricardo Ribeiro e a longa novela em torno da posse dos dirigentes do futebol profissional.

Diante da pressão por medidas práticas, o presidente concordou parcialmente com as reivindicações dos diretores, à frente Milton Campos, e o trabalho deve finalmente começar, mas já no sufoco, pois o Remo ainda terá que contratar técnico e montar elenco para o Campeonato Paraense 2018, cuja abertura será no dia 17 de janeiro.

Sem esquecer que o clube encara tudo isso sem recursos e sob uma pesada série de pendências no campo trabalhista.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 20)

13 comentários em “As voltas que a bola dá

  1. Marcelo Chamusca é só mais um dos técnicos que passaram por aqui e não conseguiram desempenhar seus trabalhos, mas que, fora daqui, conseguem ter sucesso… Vale lembrar que Mazola, sequer é lembrado por dirigentes daqui e é ídolo em AL… Givanildo,há pelo menos 15 anos foi dado como ultrapassado e brilhou lá fora…e outros… precisamos pensar se não tá na hora de rever nossos conceitos, na hora de avaliar o trabalho dos técnicos, até para não queimar eles junto aos torcedores, e depois ficar observando o sucesso deles lá fora, sem se ter uma explicação convincente para tal fato…Penso eu, nesse caso, que precisamos observar mais as condições de trabalho que dão a eles, aqui em Belém e aprender a culpar mais os dirigentes que, na minha opinião, são os principais culpados por tudo isso, quando se trata de queimar BONS(falo dos bons) técnicos… Nenhum conseguirá resistir a tanto amadorismo.

    É a minha opinião

    Abraço a todos do blog

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  2. “Não se faz omelete sem ovos”. A surrada frade de Otto Glória, técnico das décadas de 60 e 70, continua atual quando nos referimos a situação do Paysandú. A diretoria errou feio nas contratações, tendo como exemplo maior o Atleta Diogo Oliveira que, talvez, seja o jogador mais caro do elenco e, até o presente momento, não justificou o investimento e, pior, não pode ser dispensado porque a multa rescisória deve ser altíssima, sem falar de outros “bondes”.

    Se erraram nas contratações, foram piores nas dispensas, abrindo mão dos Leandros (Cearense e Carvalho), pois ambos têm tido brilho em seus clubes atuais.

    Finalizo citando o filósofo e técnico “Litle Artur”, referindo-se ao elenco do Paysandú em 2013, após ser dispensado: – “nem Pepe Guardiola levaria o clube à parte superior da tabela”.

    Quatro anos depois, a frase de Arturzinho continua atual….Pior!!!

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  3. Registro com alegria a presença no blog do grande analista Cláudio Colúmbia,com quem tive o privilégio de jogar no poderoso time do Banco Nacional na década de 80.
    Nosso Colúmbia era o líder e maestro do time, justificando a camisa 10 e, conhecido por todos como “Cláudio Bacuri”, fazendo alusão ao estilo parecido com o famoso Roberto Bacuri, com direito a paradinha no meio campo com a mão na cintura.
    Um forte abraço Cláudio!!

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  4. Nada de muito espantoso no caso do Leandro Car……… hoje no Ceará. Não temo em afirmar que O caso desse jogadpr problemático é igual ao caso de infindáveis jogadores difíceis de lidar no futebol Brasileiro e até mundial. Leandro Car…. está bem agora porque o Ceará vai bem na competição, e assim permanecerá se o Vozão continuar bem. Porem digo que no primeiro grande revés do vozão, a bola da vez para a descarga dos problemas será quem??? ele . Leandro Car……..Podem crer. Os exemplos do que falo são imensos nesses casos de jogadores problemáticos : So para citar alguns pequenos exemplos: A nível mundial temos Felipe Melo. A nível nacional temos o ex botafoguense Jobson. e Aqui nas terras tupiniquins temos vários Alcino, Bira, Andrei( suicida) Landualdo, e Eduardo Ramo ainda em atividade. Lembramos que todos esses problemáticos tinham até um bom futebol e chegaram a ser ídolos em seus clubes, quando o clube estava bem. Mas depois que seus times sofreram o revés, eles encabeçaram a lista dos que caíram na ira de suas torcidas. Como diz o ditado: JOGADOR PROBLEMÁTICO NÃO PARÁ. APENAS DÁ UM TEMPO.

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  5. Amigo Cláudio, que bom sua volta ao blog campeão, seus comentários enriquecem bastante esse espaço virtual, todos os amigos sabem disso. Grande abraço!

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