POR GERSON NOGUEIRA
Nos últimos dias da temporada 2016, a coluna aproveita o recesso futebolístico para abrir espaço à opinião de alguns leitores ilustres a respeito do futebol paraense – realidade e projeções para 2017. Logo de cara, os comentários de Aldo Valente e Adil Bahia.
Aldo Valente, pesquisador do Instituto Evandro Chagas e desportista em tempo integral, concentra inicialmente suas baterias na situação do Remo. “Por todos os lugares que viajo o grito é o mesmo: quando o Clube do Remo vai acordar? A rivalidade entre Paysandu e Remo foi a alavanca para a formação de gerações de torcedores apaixonados nos dois lados, principalmente da região nordeste do Pará. Exemplos de rivalidade que fizeram os grandes clubes crescer estão sempre à vista, como nos Estados do Sudeste e, aqui mais perto, Pernambuco, Ceará e Bahia, e ao sul como o Paraná. O fenômeno mais recente é Santa Catarina, onde a rivalidade foi forjada com uma belíssima estrutura administrativa, financeira e logística dos clubes como Avaí, Joinville, Figueirense e a Chapecoense”.
Quanto ao futebol paraense, Aldo indaga: “Então por que não eu? O que falta para o futebol paraense caminhe sem ilhas de exceções, mas de maneira sóbria, homogênea e duradoura num crescimento de aprimoramento e aproveitamento daquilo que ele tem de melhor que é a paixão de sua torcida¿ O que se esperar de um futebol que cronicamente não incentiva, prestigia e não utiliza sua categoria de base? Aponte-me um único jogador dos clubes intermediários que tenha sido revelado nos últimos 10 anos! Só um já me consolaria”.
Quanto ao Papão, louva o trabalho do grupo político que preside o clube, mas faz ressalvas. “Eu tenho convicção que o novo presidente do PSC dará continuidade às metas estabelecidas pela Novos Rumos. O presidente Maia fez um ótimo trabalho, e enumerar os feitos aqui seria uma redundância. Mas poderia ter feito melhor e começaria reconhecendo que as excessivas contratações de jogadores pernas de pau que aqui vieram para o bem bom de salários em dias foram a sua grande falha. Que esses erros não se repitam hoje e que o presidente Serra acerte mais tenha o devido (e difícil) equilíbrio de respeitar a liturgia do cargo e se desprender da vaidade, reconhecer que pode (e vai) cometer erros e tenha postura de receber as boas e a críticas mais ácidas”.
Aos interioranos, Aldo pede que “os clubes da minha Santarém e dos demais municípios do Pará não entrem neste vicioso ciclo de contratações dos mesmos e insossos jogadores de temporadas passadas. Valorizem o intermunicipal, dos campeonatos das ligas do interior”. Volta ao Remo para um lembrete final: “Desejo que seus novos dirigentes se deem respeito. Que dirijam o Leão como se dirigissem o orçamento de sua casa, com austeridade e responsabilidade. Somente assim, terão o respeito da Nação Azulina e dos simpatizantes do glorioso e combalido Clube do Remo”.
O segundo comentário é do jornalista Adil Bahia, chefe de Redação da RBATV, também convidado a fazer uma análise sobre o futebol do Pará:
“A cada ano, os clubes paraenses pecam desde as contratações de atletas que beiram à mediocridade até as rescisões que somam novas e astronômicas dividas. Em 2016, nada foi diferente. Por isso o fiasco a cada nova competição. Quem já viu grandes nomes vestirem as camisas de Remo, Paysandu e Tuna, por exemplo, não pode se contentar em assistir em campo clones mal acabados de ‘Imperadores’ e ‘Ronaldinhos’ que, de uns tempos pra cá, não vêm sendo exemplos de profissionalismo em lugar algum. Uma dica para os dirigentes que assumem agora. Invistam, invistam bem, pois as torcidas garantem estádios lotados e ótimas receitas. Estamos sendo ‘engolidos’ por centros de menor tradição, mas enorme dose de ousadia e marketing esportivo”.
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Bélgica, um fenômeno bancado pela Fifa
Sai a atualização anual do ranking da Fifa e a polêmica começa logo pelo topo. A Argentina lidera, embora tenha atravessado um ano cheio de turbulências. Não se sabe como conseguiu ficar em primeiro lugar. O Brasil, graças ao trabalho impecável de Tite, surge em segundo lugar, com a Alemanha em terceiro. O Chile é o quarto colocado e, em quinto, a surpreendente Bélgica, que não vence torneios internacionais e não tem qualquer tradição de conquistas em mundiais. O fato é que todo ano, faça chuva ou granizo, os belgas estão bem posicionados no ranking, como se fossem filhos queridos de dona Fifa. Vá entender.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 26)
Gerson, dê uma olhada na última pesquisa da Paraná Pesquisas sobre as torcidas de futebol, divulgada hoje em sua página. Nela, nenhum time paraense aparece entre as 20 maiores torcidas no total geral, porém consultando por região os dois do Pará aparecem entre os maiores das regiões Norte e Centro-Oeste (divulgadas como uma só):
1º Flamengo 24,3%
2º Corinthians 13,3%
3º São Paulo 7,2%
4º Palmeiras 5,7%
5º Vasco 5,3%
6º Remo 3,8%
7º Santos 3,2%
8º Paysandu 2,2%
Apesar do percentual baixo, Remo e Paysandu aparecem na frente de Goiás e Vila Nova, o restante dos citados são os grandes do sul e sudeste.
Fonte: http://www.paranapesquisas.com.br/wp-content/uploads/2016/12/BrasilDez16_Futebol.pdf
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