POR GERSON NOGUEIRA
Waldemar Lemos foi apresentado ontem como novo técnico do Remo. É o terceiro comandante em seis meses. Média preocupante, que revela erros nos critérios de contratação e expõe os desacertos que rondam o futebol azulino neste primeiro semestre. Os dois antecessores, Leston Junior e Marcelo Veiga, não conseguiram acertar a mão, embora o segundo tenha sofrido a rebordosa deixada pelo primeiro.
Em meio a tudo isso, um aspecto positivo: Lemos herda um cenário bastante favorável para iniciar trabalho. Com 9 pontos ganhos, o Remo é o quarto colocado no grupo, apesar de três tropeços inexplicáveis (derrota para o ASA e empates com Botafogo-PB e ABC) dentro de casa.
Veiga deixou para o sucessor uma situação oposta à que recebeu de Leston Junior e a chance real de conduzir o time à classificação, com boas chances de brigar pelo acesso à Série B.
Para que isso se concretize, com Lemos correspondendo à expectativa da diretoria e às exigências da massa azulina, o time precisa mostrar regularidade na competição. Acima de tudo, caberá ao novo técnico dar um perfil vencedor e mais determinado ao grupo de jogadores.
Os problemas mais evidentes estão na defesa, onde o miolo de zaga não passa confiabilidade, errando muito no jogo aéreo e sofrendo gols em quase todas as partidas.
Lemos terá, ainda, que dar um jeito na instabilidade do meio-de-campo, onde nenhum volante transmite segurança e não há um meia-armador que garanta uma transição correta. Sem isso, o ataque continuará órfão e dependente de uma única jogada: cruzamentos sobre a área.
Com Veiga, o Remo não conseguiu vencer em Belém e só se impôs jogando longe de seus domínios. As vitórias fora de casa garantem a boa colocação atual, mas precisam ser vistas com realismo: os dois adversários derrotados são os piores da competição, Confiança e River.
Para seguir no G4, será necessário conquistar mais do que bons resultados como visitante. Acima de tudo, falta ao Remo a gana e o empenho para ganhar diante de sua apaixonada torcida. Lemos, ao contrário de Veiga, que chegou a avaliar a pressão do torcedor como um fator negativo, deve investir na pacificação entre time e arquibancada.
Jamais o Remo chegou a algum lugar sem o apoio decisivo e vibrante de sua torcida. Abrir mão disso é, além de burrice óbvia, um tremendo tiro no pé em termos de captação de recursos. Afinal, o clube está de pires na mão, sofrendo com os prejuízos acumulados no Campeonato Paraense e na Copa Verde, que acarretaram sérios problemas para manter os salários em dia.
Muito além das promessas protocolares, o técnico deve falar a linguagem do torcedor. Clubes de massa não podem ser representados com excesso de parcimônia e diplomacia. Leston e Veiga ficavam como estátuas ao lado do campo, braços cruzados e indiferentes ao resultado e aos humores da galera. O zen-budismo não combina com a vibração dionisíaca do futebol. Para tanto, é imperioso que Lemos seja alertado para o papel do Fenômeno Azul na história recente do Remo.
Por fim, alguém no clube deve informar ao treinador que chega sobre a presença no elenco de jogadores caseiros que podem contribuir muito para tirar o time da mesmice. Tsunami está a merecer uma chance, seja na defesa ou no meio-campo. Magno, idem. Até João Victor poderia ser lembrado de vez em quando. Todos foram olimpicamente deixados de lado até agora.
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Boas chances e uma preocupação
Não será a crença timbira na reabilitação do Sampaio Corrêa que fará o Papão esmorecer no confronto desta noite, em São Luís. Empolgado com o triunfo sobre o Tupi de Juiz de Fora na última terça-feira, o tricolor maranhense já sonha em deixar a lanterna da competição. Ao Papão cabe esperar e aproveitar as oportunidades que surgirão ao longo da partida.
O representante timbira cumpre uma jornada decepcionante até agora, muito distante do estilo aguerrido e vitorioso da temporada passada, quando chegou a brigar pelo acesso até as últimas rodadas.
Gilmar Dal Pozzo sabe que é um embate para ser decidido na maneira de controlar o jogo. Contra o Vasco, em São Januário, o Papão executou uma estratégia impecável. Fechou-se em copas, diminuiu espaços, marcou forte e anulou as principais virtudes do dono da casa.
No momento preciso, quando o adversário já dava sinais de exaustão e impaciência, veio o bote decisivo. Em duas arrancadas em contragolpe, o Papão encontrou o caminho da vitória.
Diante do Goiás, na terça-feira, essa proposta foi esboçada, mas fracassou na execução. Sem força de ataque, o time ficou muito atrás e só abandonou a cautela nos dez minutos finais, quando teve duas grandes oportunidades.
A solitária presença de Fabinho Alves na frente, com a quase nula contribuição de Leandro Cearense ao longo da partida, explica em parte a distância entre os atacantes e o gol. Sem Jonathan inspirado, o time ficou sem alternativas para buscar a vitória.
Contra o Sampaio, Betinho – que entrou bem nos minutos finais em Goiânia – é uma alternativa à disposição de Dal Pozzo. Pela primeira vez, porém, nas últimas rodadas, o time terá mudanças na dupla de zaga com a saída de Fernando Lombardi (suspenso).
É um ponto a ser observado, pois a defesa tem sido o ponto forte do Papão na competição, responsável pela subida de produção do time na Série B. Não sofre gols há seis partidas. Lombardi tem sido o zagueiro de referência, cumprindo atuações seguras. É uma ausência importante.
Apesar do respeito que o Sampaio merece, é jogo para o Papão consolidar o bom momento e se inserir entre os 10 primeiros colocados.
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Pouco badalado, Portugal chega à semifinal
Aos trancos e barrancos, Portugal avança. Já chegou à semifinal e pode contrariar todos os prognósticos indo à final da Eurocopa. O futebol é sofrível, mas o imponderável vem ajudando. Como ontem, quando o gol polonês aos 2 minutos não abateu os lusos. Boa surpresa foi o garoto Renato Sanches, com pinta de cantor de reggae e enorme habilidade. Salvou a pátria lusitana em dia ruim de CR7 e levou à decisão nos penais.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 01)
De fato, é hora de saber aproveitar o mau momento do Sampaio e saber virar contra ele a pressão da torcida. Espera-se, também, que Gualberto entre e dê conta do recado, jogando aquele futebol que fez dele unanimidade positiva ano passado.
Quanto a Portugal, pode não só chegar a final, mas marcar época ganhando o título sem conquistar sequer uma vitória no tempo normal. Será?
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