Seleção ainda sem técnico

POR GERSON NOGUEIRA

Ver a Seleção Brasileira jogar razoavelmente bem nos 15 minutos finais da partida contra o Paraguai, sem volantes e com um meia de verdade, confirma a impressão generalizada de que o grande problema reside no comando técnico. Não há o menor sentido em suportar 75 minutos de supremacia do tosco time paraguaio, que explora apenas correria e força, tendo jogadores no banco de reservas capazes de melhorar o rendimento do escrete.

O empate que caiu do céu nos instantes finais – e foi comemorado como se representasse a conquista de um título – pode servir para que a Seleção passe a explorar melhor a técnica de alguns jovens jogadores, como Lucas Lima, quase sempre deixados de lado pelo técnico.

Dunga preferiu esperar para colocar Lucas Lima em campo até os 30 minutos do segundo tempo, como reza o manual da maioria dos técnicos brasileiros. É a mesma lógica que fez com que ele deixasse no Brasil, em 2010, Neymar e Ganso, que despontavam no Santos e tinham tudo para se transformar nas armadas da envelhecida Seleção que foi disputar a Copa na África do Sul.

Para Dunga e seus conceitos retrógrados, a garotada sempre pode esperar. Bobagem. O futebol não pode abrir mão dos jovens valores. Aliás, não só o futebol. Todos os esportes estão dominados por atletas recém-saídos das etapas de formação.

A primeira jogada de Lucas Lima foi um lançamento de 30 metros para Ricardo Oliveira, algo assombroso na Seleção porque simplesmente ninguém tinha feito esse tipo de jogada durante toda a partida. Ao contrário, o Brasil insistia em carregar a bola, geralmente com Willian, facilitando a recomposição e o bote dos marcadores paraguaios.

Com a bola sendo passada de primeira, de pé em pé, o time cresceu. E ganhou confiança para cercar a área adversária. Mesmo o brucutu Hulk conseguiu, depois de alguns desatinos, acertar um forte chute de longa distância, provocando o rebote do goleiro e a finalização de Ricardo Oliveira para o primeiro gol.

Depois disso, o Brasil de Lucas e Jonas (que substituiu Oliveira) passou a prevalecer, ganhando força com a participação de Daniel Alves, Renato Augusto e Willian, até então perdidos na configuração caótica que a equipe mostrava. O segundo gol nasceu quase ao final, depois de intensa troca de passes no campo de defesa do Paraguai. E o terceiro quase saiu, no minuto final, nos mesmos moldes.

Quando indagado sobre o sufoco que levou ao longo de 75 minutos, Dunga reagiu com a boçalidade habitual: destacou “a capacidade de reação do time”, não admitindo que só se safou da derrota porque já no desespero decidiu jogar à brasileira, com o time todo buscando o gol e sem preocupações defensivas. Além de, obviamente, ter contado com a ‘ajuda’ de Ramon Díaz, que preferiu garantir resultado e botou seu time todo atrás.

Se fosse humilde, o técnico do Brasil transformaria a excepcionalidade de terça-feira em prática habitual.

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Vitória suada, mas importante

O Papão venceu e se mantém com boas chances de ir às semifinais do returno. Não foi uma grande exibição, mas o objetivo foi alcançado. Com o time todo remendado, sem seus melhores jogadores – Celsinho e Rafael Luz –, Dado Cavalcanti montou o time dentro das possibilidades existentes no plantel e terminou por conseguir uma vitória importante, mas os velhos  problemas continuam visíveis, atrapalhando a caminhada bicolor no Parazão.

Mais uma vez ficou patente que a ausência de Celsinho deixa o Papão absolutamente previsível e frágil no meio-de-campo. Perde em organização e também na produção de jogadas, pois o meia é hoje o principal finalizador do time.

Pelas limitações do elenco, Celsinho adquiriu status de jogador fundamental. Quando ele não está em campo, o Papão sofre para chegar ao ataque com qualidade e tem claras dificuldades para se articular na meia-cancha. Para piorar, Rafael Luz também estava fora e o meio teve que funcionar com Bruno Smith e o veterano Vélber.

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A vitória surgiu através de um pênalti (que existiu) assinalado por Dewson Freitas e convertido por Leandro Cearense, aos 15 minutos do segundo tempo, quando o torcedor já se impacientava nas arquibancadas. O Cametá fustigava com tentativas para Tony Love e Marcelo Maciel, levando perigo também com os chutes de Soares.

O fato é que os problemas do Papão se agravaram ainda no primeiro tempo quando Vélber, lesionado, cedeu lugar a Marcelo Costa logo aos 10 minutos de partida.

Sem ritmo e desligado, Costa não achou um lugar no campo, foi incapaz de organizar a transição e tornou tudo ainda mais confuso. Ficou claro o motivo pelo qual o técnico não aposta no experiente armador, que foi contratado para ser uma das referências do time.

A boa surpresa é que Bruno Smith era o único meio-campista que buscava criar situações, movimentando-se o tempo todo, embora nem sempre com a inspiração necessária para ajudar na parte ofensiva.

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Depois do intervalo, mesmo com algumas peças visivelmente exauridas, Dado manteve o time e apostou em Smith, que caiu de produção em relação ao começo do jogo. De maneira geral, o Papão se mostrou mais compactado e marcando melhor os lados do campo, vigiando melhor a Marcelo Maciel.

Mesmo sem brilho, o Papão passou a tocar mais a bola e com isso foi envolvendo o Cametá. Leandro Cearense caiu mais para o lado esquerdo do ataque e Betinho ficou centralizado, aumentando o poder de fogo do time e acuando o adversário, que já não ameaçava tanto nos contragolpes.

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O triunfo quebra o jejum de cinco partidas sem vitória no campeonato e mostra que, apesar dos problemas de arrumação no meio, o Papão tem algumas alternativas para utilizar no Re-Pa, caso Celsinho e Rafael Luz não se recuperem a tempo de jogar.(Fotos: MÁRIO QUADROS)

(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 31) 

5 comentários em “Seleção ainda sem técnico

  1. Ele não manda nada, Jaime, não tendo poderes para isso; é um fantoche, uma figura patética, um típico boneco de ventríloquo, mal sabe se expressar, fala errado pra caramba,verdadeiramente um indivíduo desprezível, ridículo, passível de chacota entre seus pares. Tem gente muito pior do que ele, mas ele faz parte desse grupo nojento, dessa organização criminosa(essa sim)que começou ainda com o João Havelange na antiga CBD e que foi elevada à maxima potência com o ex-genro dele, Ricardo Teixeira, um dos maiores bandidos desse país, que tanto mal causou ao futebol brasileiro. E o Nunes, infelizmente, é um aliado e apoiador desses pulhas(Del Nero e cia.),se vendendo barato, a preço de banana para esses caras, a troco de uns mimos, de presentinhos, de uma chefia de delegação, mas nenhuma melhoria real para nosso futebol;e não se enganem:quando esses caras concedem algum poder para o pessoal daqui dessas plagas, é bom desconfiar, pois geralmente é apenas de aparência, muitas vezes se constituindo em autênticas ciladas, em “presente de grego”;não duvido nada se alguma “bomba”estourar no “colo” dessa figura ímpar. Abre o olho, Coronel Nunes.

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  2. Mas, deve-se ressaltar que uns seis daqueles que formaram o time ontem jamais iniciaram uma partida, ou voltavam de longa inatividade. Mesmo assim, o Papão foi ligeiramente melhor, teve um gol mal anulado e mostrou ter um banco capaz de abastecer o time.
    Se isto será suficiente na Série B é outra história, porém, dá uma base para o futuro necessitando apenas de pequenos ajustas.

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  3. É isso mesmo Amigo Edson Amara, certamente o Coronel Nunes daria largos passos em seu respeito e contra os opositores demitindo o Dunga e contratando outro treinador, até mesmo de fora do Brasil. Mas infelizmente aqueles gols do velhão Ricardo Oliveira e do um pouco mais que esforçado e medíocre Daniel Alves no finalzinho do jogo ceifaram a esperanças de isso ocorrer. Vamos ter de no mínimo esperar mais um pouco até setembro, se o Coronel ainda estiver lá. Porém há de se ressalvar o Dunga e qualquer treinador que vier, até Gardiola, que a fase é negra em termos de safra de craques no Brasil. Dunga pode ser pereba em esquema tático, mas não pode fazer milagre de tornar jogador que só em clube num craque de seleção. Honestamente, afirmo que tem muito jogador pereba vestindo a camisa da seleção. Esse Neymar é um tremendo lero lero que está enganando muitos tirando uma onda de craque e dizem até não vai com a cara do Dunga. Aí danou-se. Eu não suporto esse Neymar. Do jeito que as coisas vão, vamos rezar para não ficarmos fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez na história como previ aqui após os 7×1 para a Alemanha e quando se iniciou essa onde de corrupção e podridão na CBF.

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  4. Amorim, vc é um cara da paz ao falar do time bicolor. Ao contrário, eu assisti ao jogo de ontem, e fiquei muito preocupado com o futuro da equipe. Se um estranho chegasse à Curuzú, no meio do primeiro tempo, e soubesse que apenas um dos dois times dispõe de retaguarda com médicos, fisioterapeutas, nutricionista, psicólogo, analista de desempenho, etc., pensaria ser o Cametá, que corria o campo todo, e encurralava um Paysandú acovardado, inoperante no meio de campo, com o apático Marcelo Costa – o Souza Caveirão-2016, e um ataque cardíaco, com a dupla Cearense&Betinho a dever, e muito. Os tantos laterais que já passaram pelas duas alas, nem de longe lembram os titulares de 2015. Quem acompanhou a Série B do ano passado, ficou sabendo que o lateral Ray era freguês do dep. Médico do Sampaio, e ainda assim foi contratado. A defesa, sem Gualberto continua batendo cabeça, orfã.

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