POR GERSON NOGUEIRA
A repercussão das canetas aplicadas por Luiz Suarez em David Luiz foi proporcionalmente mais ruidosa que a própria vitória do Barcelona sobre o Paris St. Germain na última quarta-feira, na capital francesa. Dois lances, duas fintas desmoralizantes e o mundo do cabeludo beque brasileiro foi abaixo.
Atento aos mecanismos de marketing que movem o futebol (e o mundo), David Luiz cultiva uma legião de seguidores nas redes sociais e foi um dos poucos jogadores a escaparem incólumes à fúria da torcida brasileira depois do fiasco na Copa.
Foi visto sempre como exemplo de raça, dedicação e amor à camisa da Seleção. Ele certamente ama a camiseta canarinho do mesmo jeito que qualquer outro jogador convocado por Felipão, mas no fundo o que vale é a aparência das coisas, insistem em pregar todos os gurus do marketing, sem enrubescer.
O certo é que naquela tarde/noite em Belo Horizonte, depois da atordoante goleada alemã, David Luiz conseguiu ganhar aplausos. Incrível. E olha que a defesa nacional havia deixado passar 7 bolas. O atacante Fred, ao contrário, foi alvo de vaia inesquecível (e injusta), atraindo toda a irritação da torcida.
Acompanhei essas cenas das tribunas da Arena Mineirão e lembrei ao ver o infortúnio de David diante da sagacidade de Suarez, um atacante que foi expulso da Copa pela Fifa após morder o ombro de um zagueiro italiano. Foi suspenso e humilhado publicamente ao ser retirado da concentração do Uruguai na Copa.
Parecia destruído e com o futuro definitivamente comprometido. Dias depois, reapareceu como grande reforço do Barcelona e sumiu por uns tempos. Nesta temporada assumiu o comando do ataque, formando o impetuoso e quase mortal tridente sul-americano do time catalão, ao lado de Lionel Messi e Neymar.
David deve abraçar o exemplo de Suarez como chave para se recuperar e dar a volta por cima. Levou dois dribles desconcertantes, deixando a bola passar entre as pernas, mas poderia ter se livrado do vexame se atendesse a comissão técnica, ficando de fora da partida. Estava em recuperação e vetado, mas decidiu acelerar o tratamento usando métodos pouco convencionais com um fisioterapeuta brasileiro que trabalha na Europa.
Pelo seu comportamento em campo ficou claro que David não estava no melhor da forma. Parecia lento e fora de ritmo. A facilidade do drible moleque de Suarez – uma das fintas mais humilhantes do futebol, abaixo apenas do chapéu – refletiu bem as condições atléticas do zagueiro, que demorou a reagir no lance e não conseguiu nem cometer falta sobre o uruguaio.
Por fim, os dois riscas de Suarez podem convencer finalmente David Luiz a aceitar o conselho de José Mourinho, o Special One, técnico do Chelsea. Para o português, David é um bom volante desperdiçado na zaga. Talvez esteja certo.
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Direto do Facebook
Com a verve afiada de sempre, o amigo Cássio de Andrade analisou ontem a desafortunada jornada do goleiro Fabiano na série de penais contra o Atlético-PR:
“10 mil cairão à tua esquerda, só o Fabiano pra direita, e teu gol será atingido” (FAB, 14, 5-4).
Na mosca.
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Chances para os renegados
O Remo tem mostrado uma pegada diferente, mesmo quando foi derrotado – pelo Papão na semifinal da Copa Verde e pelo Atlético-PR, anteontem, nos penais. Todos concordam que a presença de Cacaio no comando é responsável pelas transformações. A principal talvez envolva o meia-atacante Ratinho, posto de lado por Zé Teodoro, sob a alegação de que não aguentava jogar 90 minutos. Ratinho tem mostrado vigor para correr até 120 minutos. Ilaílson, outro renegado, voltou ao time titular, com méritos.
Outra mudança diz respeito aos jovens atletas oriundos da base do clube. Igor João assumiu de vez um lugar na zaga. Alex Ruan, mesmo rendendo pouco, retornou à lateral-esquerda. E Ameixa ganhou chance diante dos atleticanos e foi um dos melhores em campo. Há, ainda, a valorização de Roni, outro que vivia sendo sacado do time por Zé Teodoro.
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Queixas de um pai alviceleste
Recebi do leitor Danilo Couto de Freitas (danilo_couto@hotmail.com) carta que transcrevo abaixo:
“Devido ao grande interesse do público pela sua coluna e o espaço dedicado aos leitores, venho relatar algo que hoje vem sendo realidade na sede social do Paysandu, em Nazaré. Meu filho treina no clube desde o início do ano, pois sou torcedor do Papão e gostei da quadra de esportes do clube e da dedicação do profissional/professor de futsal com o público infantil. Porém, a estrutura só existe até o limite da quadra. Semana passada, pra minha surpresa, um atleta, amigo do meu filho, foi retirado da escolinha pelo pai. Pois o banheiro próximo à quadra parece sujo e fedorento. Sem falar nas áreas das piscinas ao fundo, onde está carregada de mato, inclusive podendo ser habitat para mosquitos da dengue. A questão da água empossada me preocupa. Muitas crianças moram distante do clube e pegam coletivo pra irem ao treino, e utilizam constantemente o banheiro na saída do treino ou até mesmo antes. A estrutura desse banheiro tem várias infiltrações, oferecendo até certo risco. Se possível, divulgue na sua coluna, pois sei que tem um grande alcance. Vou tentar enviar este mesmo e-mail ao presidente Maia.
Em meio a isso, o estacionamento do clube é praticamente vetado aos pais de alunos da escolinha (o que não acontece no Remo), pois o mesmo só pode ser utilizado por diretores e a outra parte de vagas está destinada a um cartório próximo (as vagas foram alugadas, eu creio). Por fim, há o despreparo de alguns porteiros, tratando todos com impaciência.
É louvável o clube modernizar a Curuzú, construindo academia, hotel etc., porém o banheiro da sede de Nazaré não pode continuar nesta situação, já que a reforma não sairia pesado pro clube”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 17)
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