Por Gerson Nogueira
É tempo de férias forçadas no Evandro Almeida, mas um dos mais promissores jogadores do futebol paraense, o atacante Roni, jóia surgida há dois anos nas divisões de base do Remo, está no olho de um furacão de interesses, meias verdades e muitas histórias mal contadas. De concreto, vários clubes brasileiros demonstram interesse no arisco ponteiro, mas ele sempre esteve mais perto do Atlético Mineiro.
Apesar de se desenrolarem em segredo, as negociações teriam sido interrompidas em função de impasse envolvendo representantes de Roni. Isso teria criado obstáculos tão fortes que o jogador entrou em rota de colisão com parte da diretoria azulina e tomou chá de sumiço.
O empresário nomeado por Roni para cuidar de sua carreira teria descoberto a existência de um negócio entre Remo e Atlético-MG, envolvendo o valor de R$ 450 mil pelos direitos do jogador. O dado que teria irritado o atleta e seu representante é que a transferência oficialmente seria apenas para um período de testes, fazendo com que não tivesse qualquer compensação financeira.
Fontes ligadas à diretoria asseguram que é um factoide nascido da movimentação em torno da eleição presidencial no clube, embora o interesse do clube mineiro pelo jogador seja real. O ambiente boleiro normalmente propício a intrigas vive nesta fase pré-eleitoral efervescência ainda mais aguda, vitimando reputações e criando turbulências internas.
Um dirigente confirmou à noite que o clube foi procurado por empresário bem conhecido nos meios futebolísticos locais, com proposta de R$ 450 mil para o clube e de R$ 50 mil para Roni, mas este saiu de Belém e tem evitado contato telefônico com jornalistas. No momento, a situação segue indefinida, mas é provável que o atacante já inicie 2015 longe do Baenão. Ele tem contrato até 2017 com o Remo e está com os salários em dia.
A simples existência de boato tão explosivo sobre suposta transferência põe logo a torcida em polvorosa. E o burburinho é até justificado, afinal trata-se do melhor atacante surgido no Baenão nos últimos dez anos. Até para conter a fábrica de boatos e preservar seu jogador mais valioso é aconselhável que a diretoria se pronuncie, esclarecendo fatos e desmentindo fantasias.
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Paixão bicolor vai virar filme
O centenário do Papão virou coisa de cinema. E os 35 mil torcedores que irão comparecer ao jogo de amanhã contra o Tupi-MG no estádio Mangueirão estarão automaticamente participando do filme que está sendo rodado sobre a gloriosa história do clube de Suíço.
Graças ao empenho de alguns apaixonados baluartes, como o publicitário e empresário Ricardo Gluck Paul, os 100 anos de fundação do Bicolor serão retratados em todas as cores e emoções num documentário de alto calibre, encomendado ao talento da diretora Priscila Brasil, tendo o suporte da mesma produtora do blockbuster “Tropa de Elite”.
Cenas explícitas da paixão alviceleste serão captadas pelas câmeras dentro e fora do estádio durante a partida de mata-mata da Série C. O plano da comissão do centenário do Papão é lançar o filme em grande estilo no começo de 2015, com previsão de exibição em salas de cinema.
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Como desconstruir uma história gloriosa
Nunca o Botafogo foi tão Botafogo como nesta atribulada temporada. A vocação para a tragédia, presente em todos os capítulos da existência do Alvinegro, está retratada em cores vivas neste ano. No Brasileiro, depois de começo razoável, o time entrou em parafuso a partir dos atrasos salariais e das decisões equivocadas da gestão de Maurício Assunção. Encontra-se hoje na zona da morte sob sério risco de voltar a disputar a Série B.
Até o sonho de fazer boa presença na Taça Libertadores, depois de 17 anos, ficou pelo caminho depois de tropeços em casa e uma melancólica eliminação para o San Lorenzo em Almagro.
Na Copa do Brasil, nem mesmo bons momentos, como a virada épica sobre o Ceará em Fortaleza, foram capazes de oxigenar a campanha do Botafogo. Contra o Santos nas quartas-de-final, o placar agregado registra o massacre de 8 a 2. Ontem, no Pacaembu, o último ato da tragédia veio na forma de uma goleada de 5 a 0 com requintes de crueldade. Um Santos veloz e habilidoso se impôs com facilidade a um Botafogo destroçado, apostando em jogadores decadentes e reservas desconhecidos.
A derrocada não surpreende. Ficou desenhada quando quatro titulares foram afastados no começo do mês. Assunção, num assomo de prepotência, demitiu Emerson Sheik, Edilson, Bolívar e Júlio César. Titulares que davam força e experiência a um time limitado. Sem eles, o Botafogo ficou ainda mais comum, sem inspirar o mínimo respeito aos adversários.
A partir de agora, com Assunção impune, o torcedor se limita a torcer para que o Brasileiro termine logo e sem novas humilhações.
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Um novo show de Ganso
Depois do golaço marcado por Paulo Henrique Ganso contra o Huachipato, na última quarta-feira, será difícil Dunga bater o pé e ignorar o meia-armador paraense. A atuação do paraense foi decisiva para que o São Paulo superasse o aguerrido adversário e continuasse na Copa Sul-Americana.
A boa performance de Ganso foi premiada com a jogada mais bonita da partida. Depois de receber passe cruzado da direita, o camisa 10 aparou a bola de primeira mandando fora do alcance do goleiro. A confiança para arriscar um chute de difícil execução é um atestado da excelente fase vivida pelo jogador.
Muricy Ramalho, ao analisar o show de seu meio-campista, comentou que é resultado direto de descanso. Ganso havia folgado na rodada do Brasileiro e entrou tinindo contra o Huachipato. O técnico, que atuou (bem) como jogador naquela faixa do campo, tem autoridade no assunto.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 17)
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