Parreira é contra estrangeiro na Seleção

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Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, foi entrevistado no programa Bate-Bola – 1ª Edição da ESPN, nesta terça-feira. Demitido pela CBF nesta segunda, ao lado do treinador Luiz Felipe Scolari e todos os demais integrantes da comissão técnica, ele falou sobre os motivos da eliminação brasileira, passado, presente e futuro da preparação para os próximos Mundiais. Abaixo, as opiniões de Parreira:

Saída da comissão técnica

Acho que isso tem que ser encarado com o naturalidade. Sempre considerei como um cargo com prazo de validade que vai de uma Copa até a outra, ganhado ou perdendo. Se for inteligente, sai depois de ganhar. Não houve constrangimento, expectativa ou surpresa. Era um fato esperado.

Possibilidade de continuação

Não sei, esse assunto nunca foi falado, ventilado. Desde que nós assumimos, nunca conversamos com a direção da casa sobre permanência. Não fizemos planos após a Copa. Ganhando ou perdendo, conversaríamos com a CBF, o assunto ficou muito claro.

Problema da seleção: clubes formadores

Acho que deveria olhar o que foi feito, o planejamento. O que poderia pensar para o futuro é ser mais abrangente com as federações internacionais. Até já começou a melhorar a formação treinadores, mas ainda é pequeno. Os europeus fazem isso há mais de 20 anos. Vou fazer um relatório e mandar. Alemanha tem mais de 20 centros formadores espalhados pelo país e os treinadores trabalham no mais alto nível. Isso tem de ser feito a médio-longo prazo, de cinco a dez anos.

O Fernandinho disse algo interessante, que os jogadores estão sendo formados no exterior. São brasileiros, mas a formação é europeia. (…) Não sei até onde o governo teria força para mexer nisso. Vamos pensar no futuro o que pode se feito para não acontecer mais. Fica muito claro que não é fácil ganhar a Copa e que qualquer equipe pode passar por uma entressafra. Temos que fazer como os alemães que se preparam há dez anos, e não interromper um trabalho a cada um ou dois anos.

Isso faz parte constante do aprendizado. Temos que fazer o que sempre fizemos e incrementar o trabalho de divisões de base, revelar jogadores de alto nível. As qualidades com escolinhas, treinadores. A CBF não é formadora de jogadores, é o clube quem forma. A CBF tem que incentivar os clubes. A CBF organiza os jogadores para disputar competições sub 17, sub 20 e profissional.

A Alemanha é um time formado há dez anos, super experiente, com mais de 120 jogos, que vem sendo preparado. Joachim Low nunca tinha feito uma final e foi o primeiro título dele em dez anos. É questão de trabalho, intercâmbio. Sou a favor de fazer esses cursos fora do país. Precisamos que os clubes invistam nas divisões de base e temos que formar em casa os jogadores.

Nada de surpresa pelo desempenho de Alemanha e Holanda

Eu sempre acompanhei o Felipão, não me lembro de ter sido surpreendido por eles. Eu conheço a Alemanha desde 2005, quando ganhamos deles na Copa das Confederações. Conhecíamos esses jogadores, a própria Holanda. A sequência de trabalho e continuidade são importantes.

Discurso de “mão na taça”

Você já imaginou algum líder de alguma entidade importante falando que vamos entrar para participar e pedindo um terceiro lugar? Disse com convicção, achando que poderíamos ser campeões. É importante ser otimista. Quando você tem um bom ambiente e uma boa preparação, coloca uma mão na taça. No restante é o desempenho. Era isso. Criar um bom ambiente e preparação já e colocar uma mão não taça.

O discurso pressionou os atletas?

Não, os jogadores de seleção já têm pressão quando vêm à seleção, ainda mais com uma Copa em casa. A pressão era natural, vai ser sempre assim com a seleção.

Eliminação para a Alemanha

Foi a primeira Copa em que ficamos entre os quatro melhores desde 2002. A ideia é só uma quando faz o trabalho, que é ser campeão. Não tem plano B. Não adianta querer negar, foi uma vergonha, maior derrota, está tudo claro e acabou. Isso foi escrito. Quantas vezes, em 100 anos perdeu de sete? Não vai acontecer uma segunda vez.Foi vergonhoso, desastroso, e assimilamos tudo. Brasil e Alemanha podem voltar a jogar váriasvezes. A Fifa, colocou um pesadelo em três minutos (sobre o que ocorreu no jogo). Não fomos nós e, sim, a Fifa.

Legado

Essa seleção deixou um legado intangível. Há muitos anos eu não vejo esse Brasil em torno de um objetivo, como o torcedor se uniu com essa seleção. Mesmo após a derrota por 7 a 1, fomos a Brasília e vimos crianças e o povo todo cantando e incentivando. O Brasil voltou a cantar seu hino, as pessoas sentiram orgulho de algo. Teve a televisão que expos a vida de cada um desde o começo. Ficou um legado que para vocês (imprensa) e para nós não importa. Ficou uma coisa bonita que não se pode negar. Essa geração que apoiou, vai continuar a apoiar por mais três, quatro Copas. Os jogadores tiveram essa mensagem. O sonho não termina, ele foi interrompido. O trabalho começa daqui um mês e meio.

Técnico estrangeiro

Esse assunto me constrange. Acho que não há necessidade de estrangeiro em qualquer seleção grancde. Não deu certo na Inglaterra. Foi um fracasso com Eriksson e o Capello. Grandes seleções têm que ser treinadas por técnicos locais. Imagina o técnico aqui tendo um dia para treinar e enfrentar a Colômbia. Tem dois meses para enfrentar a Argentina na China. Em seis jogos, perde três e já vai pressionado (…) O cara que chegar vai sofrer muito. Até porque, quando entender, já era.

Pode ter palestras, intercâmbio… é importante os treinadores irem ao exterior para palestras e cursos. Não sou contra a ideia, acho difícil implementar o trabalho com um estrangeiro. O Lothar Matthaus no Atlético-PR, por exemplo. Ele ficou três meses e foi embora,. Não voltou nunca mais, eu sei das cosias que aconteceram lá. É um choque esportivo e cultural grande. Promovam esse fórum, eu vou fazer parte, gosto de ouvir, de fazer parte. Esse intercâmbio é favorável a todos.

Qual seleção propôs algo novo taticamente?

Para mim, A Alemanha não apresentou algo novo, mas um futebol com quatro, cinco craques em prol da equipe, experientes, entrosados, sabiam resolver os problemas. Não apresentaram nada de novo, mas eu gostei de ver. Os deuses do futebol abençoaram com essa conquista.

11 comentários em “Parreira é contra estrangeiro na Seleção

  1. Papo de Idiota e arrogante esse do parreira, dizer que a Alemanha não apresentou nada de mais nessa copa, e ela enfiou 7 no brasil, ele está esperando levar de quantos, quando ela apresentar alguma coisa? pode ir retranqueiro e sanguessuga, as tetas da cbf, secaram prá ele, penso.

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  2. Parreira também é uma enceradeira nas entrevistas, fala muito e não diz nada. Ele diz ser contra técnico estrangeiro em grandes seleções, então alguém esqueceu de perguntar se ele aceitaria dirigir uma grande seleção estrangeira, ou será que só aceita treinar Arábia Saudita e África do Sul? Duvido que recusaria um convite de uma grande seleção, porém lhe falta competência pra isso.

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  3. Muitos cronistas, inclusive de fora da RG, consideravam o Brasil favorito, uns por ufanismo, outros por pachequismo, outros por não entenderem nada de futebol mesmo. Teve um na espn que no auge do seu delírio chegou a encher a boca e dizer que o Brasil era FAVORITASSO.

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  4. E o discurso “mão na taça”, se pressionou algum ou alguns jogadores, só mostra e confirma a fragilidade psicológica deles, a qual, somada à enorme fragilidade técnica e tatica emanada do comando, só poderia dar no que deu mesmo.
    (…)

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  5. Foi o que ele disse. É o que ele disse: “uma vergonha”. Vergonha pra ele, pro Filipao, pros jogadores, pra cúpula da CBF. E o quarto lugar não diminui a vergonha deles. Mas, para os brasileiros, não foi vergonha, no máximo foi uma frustração, a qual deve ser experimentada por um tempo e vida que segue.

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  6. Pô, mas este negocio de “legado intangível”, é brincadeira… Apesar de ter perdido um pouco a identidade com a torcida brasileira, eis que muito dos selecionados nem jogaram ou jogaram pouco no Brasil, a Seleção sempre atraiu os torcedores. Por outro lado, em Brasília, a maioria daqueles que compareceram ao estádio já deviam ter ingressos comprados e também não iriam perder a oportunidade de assistir a Holanda. Mas, fora Brasilia, o desencanto e a desmobilização foi em massa. Enfim, a Seleção do Filipao não agregou em nada a disposição do povo e da torcida brasileira em torcer na época de copa.

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  7. Tenho minhas dúvidas se daria certo, mas tenho curiosidade pela experiência na Seleção, enfatize-se. Curiosidade, inclusive por ver como será (ou seria) o comportamento da imprensa relativamente ao professor gringo, inclusive daquela dita especializada. E a ênfase na Seleção é porque nos clubes mais recentemente o Brasil já teve oportunidade de acompanhar alguns, e não vi nada de mais, nem pro bem, nem pro mal.

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  8. Também não vi nada de novo na Seleção da Alemanha. O que ela fez, já havia sido feito na copa anterior pela Espanha, a qual, aliás, já vinha fazendo isso alguns anos antes da copa. Aliás, o Telê já houvera feito isso em 1982. Se calhar, em 74, a própria Holanda, a seu jeito, já fizera algo assim. O que a Alemanha trouxe de novo, para os padrões dela própria, foram jogadores de excelente qualidade técnica no campo e no banco.

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