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Por um calendário decente

Por Gerson Nogueira

O futebol paraense, mesmo timidamente, deve se associar hoje à noite ao Bom Senso F. C. antes da partida entre Icasa e Paissandu, em Juazeiro (CE). Através de entendimentos mantidos com o capitão Vânderson, representantes do movimento orientaram para a manifestação que vem acontecendo nesta reta final das competições nacionais. De maneira pacífica, os 22 jogadores cruzam os braços no primeiro minuto de jogo.

Anteontem, em São Paulo, o árbitro Alício Pena Junior ameaçou punir com advertência a todos os jogadores, caso ficassem sem tocar a bola depois do apito inicial. Para evitar problemas maiores, os 22 atletas de São Paulo e Flamengo ficaram tocando a bola de um lado a outro por alguns instantes. Dirigentes de clubes e da CBF ameaçaram retaliar os atletas profissionais, entendendo que estão mirando no alvo errado.

Ora, o alvo principal das queixas dos atletas é a estrutura dominante, simbolizada pela CBF e TV Globo, patrocinadora dos principais torneios. O esforço de um grupo de jogadores dos grandes clubes é no sentido de conscientizar os boleiros quanto aos seus direitos e exigir mudanças drásticas no calendário do futebol brasileiro.

Já foram iniciadas negociações com a CBF para apresentar a pauta de reivindicações, mas não houve qualquer avanço prático. Além de preocupações com os atletas de clubes menores, que ficam a maior parte da temporada desempregados, o grupo centra fogo na maratona a que os jogadores são submetidos no Brasil.

O Bom Senso FC propõe, por exemplo, o limite máximo de 70 jogos no ano futebolístico (dez meses). Em 2012, foram 76 partidas disputadas pelos times da Série A que participaram da Libertadores ou da Copa Sul-Americana. Para alcançar a meta, os campeonatos devem ter sete partidas em 30 dias. Na Europa, a média anual é de 56 partidas.

A briga promete ser árdua, pois a maioria dos clubes supera esse limite e a CBF não demonstra disposição para alterar a planilha desenhada pela Globo. Por exemplo, de janeiro a maio de 2012, clubes como Fluminense, Ponte Preta, Goiás, Corinthians e Vitória fizeram de oito a dez partidas a cada 30 dias durante todo o primeiro semestre. Como 2014 será um ano atípico, em função da Copa do Mundo, os jogadores cobram mudanças a serem instituídas já em 2015.

A ideia de cruzar os braços por um minuto antes dos jogos é só o começo da pauta de protestos que os atletas irão executar até 2014. Que os jogadores do Paissandu se incorporem ao movimento e passem a lutar pela causa, que também é do interesse direto do torcedor. Afinal, futebol de qualidade é o que todos queremos.

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A importância do organizador

Depois da vitória sobre o Palmeiras, na última terça-feira, uma grande dúvida se estabeleceu no Paissandu quanto ao setor de criação. Eduardo Ramos, que não jogou por estar suspenso, deve ou não voltar a comandar o meio-de-campo? Se depender de boa parte da torcida, a resposta é negativa. Além de um rendimento instável nos últimos jogos, o jogador começa a sofrer os efeitos da especulação em torno de possível transferência de Ramos para o maior rival.

Por sorte, o técnico Vagner Benazzi parece disposto a escalar o meia-armador, cuja importância para o equilíbrio técnico do time é inegável, mesmo quando não rende o esperado. Articulador das principais jogadas ofensivas, Ramos funciona bem nos chutes da entrada da área e responde por boa parte das assistências para Pikachu, quase sempre em bolas lançadas nas costas de zagueiros desavisados.

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CBF dá um presente inesperado

De onde menos se espera às vezes surgem boas surpresas. Em função do prazo de 10 dias para confirmar local de jogos, a CBF viu-se obrigada a confirmar ontem o jogo do Paissandu contra o Bragantino para o estádio Mangueirão, no dia 23. Mesmo condenado pelo STJD, o clube se beneficiou da não publicação do acórdão, o que impede a execução da pena estabelecida (perda de seis mandos e multa de R$ 80 mil) pelos tumultos no jogo contra o Avaí, na Curuzu.

Era tudo o que o Papão precisava neste momento de aflição pela busca de sobrevivência na Série B. Caso a pena começasse a ser aplica, o jogo teria que ser realizado em Paragominas, com perdas tanto no aspecto financeiro quanto técnico. Como virou costume maldizer a CBF por todas as mazelas do futebol paraense, é justo reconhecer que desta vez a velha vilã foi bem generosa em relação ao Papão.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 15)

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