O líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara é lembrado nesta segunda-feira (8), aniversário de 45 anos de seu assassinato por forças reacionárias na Bolívia. Em Cuba, a data é lembrada em toda a ilha, segundo noticiado no jornal Gramna – Che foi ministro da Indústria e dirigiu o Banco Nacional. Professores, estudantes e artistas renderam homenagens com discursos, música e lembrando seu pensamento crítico. Guevara foi morto em 8 de outubro de 1967 quando lutava na Bolívia depois de voltar do Congo, África, onde também lutou ao lado do povo. Em 1997, seus restos mortais foram trasladados para a cidade cubana de Santa Clara, onde ganhou um mausoléu. Na ilha, o “Guerrilheiro Heróico”, como é chamado, é lembrado em símbolos pátrios e monumentos. No mundo inteiro, a imagem e a história de Che tornaram-se ícones da cultura pop, ilustrando roupas, painéis e até bandeiras de torcidas nos estádios de futebol.
Che não foi apenas um heróico guerrilheiro, um lutador que entregou sua vida pela libertação dos povos da América Latina, um dirigente revolucionário que fez algo sem precedentes na história; deixou todos seus cargos para retomar o fuzil contra o imperialismo. Ele foi também um pensador, um homem de reflexão que nunca deixou de ler e escrever, aproveitando qualquer pausa entra duas batalhas para ter à mão caneta e papel. O seu pensamento faz dele um dos mais importantes renovadores do marxismo na América Latina, talvez o mais importante desde José Carlos Mariátegui
É importante observar que, na América latina, durante anos e décadas, o marxismo serviu como justificativa a uma política reformista de subordinação do movimento operário à aliança com uma suposta “burguesia nacional”, com vistas a uma suposta “revolução democrática, nacional e antifeudal” ([Victorio] Codovilla, para mencionar apenas um nome simbólico de todo um sistema político de corte stalinista).
Em sua “Mensagem à tricontinental” (1966), Guevara cortou o nó górdio que atava pés e mãos dos explorados: “As burguesias autóctones perderam toda sua capacidade de oposição ao imperialismo – se alguma vez a tiveram – e constituem apenas sua retaguarda. Não há mais mudanças a serem feitas: ou revolução socialista ou a caricatura de revolução”.
Todos os escritos e discursos marxistas de Che, de 1959 até sua morte, seja sobre a realidade latino-americana, sobre a guerra de guerrilhas, sobre a luta internacional contra o imperialismo, sobre os problemas econômicos de Cuba, possuem um objetivo central, concreto e urgente: a transformação revolucionária da sociedade. Insistiu-se muito sobre a teoria do foco guerrilheiro nos escritos de Che. Mas ele sabia que a revolução social é uma tarefa não apenas de uma – indispensável – vanguarda, mas das grandes maiorias: são “as massas (as que) fazem a história como um conjunto consciente de indivíduos que lutam por uma mesma causa (…) que lutam para sair do reino da necessidade e passar ao reino da liberdade”. (Com informações do site Militância Viva e da Folha S. Paulo)