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Pela fórmula mais enxuta

Por Gerson Nogueira

Fórmulas para disputa do campeonato estadual serão postas na mesa, hoje, no Conselho Técnico da FPF. Será uma chance de ouro para que os clubes evitem a avacalhação completa da competição, que a cada ano se consolida como tecnicamente ruim e deficitária sob todos os pontos de vista. Caso os principais clubes estejam de fato interessados em organizar o Parazão, a proposta atual (com oito clubes) será novamente consagrada.
Pode ser aperfeiçoada com a redução do número de jogos nas semifinais e finais de turnos. Para que fazer duas partidas se a decisão em 90 minutos é bem mais emocionante? Além disso, a partida única representa economia num torneio marcado por prejuízos. Somente na decisão final é que seriam disputados dois jogos, com vantagem para o time com a maior pontuação.
Remo e Paissandu, as duas locomotivas do nosso futebol, têm a obrigação moral de tornar o campeonato mais qualificado e rentável. Ambos têm liderança e votos para garantir a melhor fórmula, desde que consigam cooptar outros clubes igualmente organizados, como Águia e São Francisco.
No outro extremo, surge uma mobilização para inchar a competição com 14 clubes. A proposta foi engendrada pelo Independente, campeão de 2011 rebaixado nesta temporada. A idéia é fazer com que, além dos oito atuais integrantes, o campeonato abrigue times que disputariam o acesso.
Além de francamente casuística, por contemplar os interesses diretos do próprio Independente, o formato devolve o Parazão a outros tempos, quando o nível técnico das equipes era a última das preocupações.
Caso se deixe enredar por essa infeliz idéia, a dupla Re-Pa estará assinando atestado de omissão, irresponsabilidade e burrice. Responsáveis pelas poucas arrecadações lucrativas, os dois grandes devem ter noção do papel que representam e do poder de fazer com que o Parazão seja uma competição enxuta e atraente do ponto de vista técnico. Se aceitarem a fórmula do prejuízo não terão mais direito de reclamar da sorte.   
 
 
Tudo começou pelas mãos de Ricardo Teixeira, que avalizou acordo para que o Rio Branco retirasse ação da Justiça Comum na Série C do ano passado – embora, na origem, o clube acreano estivesse prenhe de razão. Essa armação gera neste momento uma balbúrdia poucas vezes vista no país pentacampeão. O adiamento dos campeonatos das séries C e D coroa, com algum atraso, a gestão de Teixeira, senhor dos esquemas e conchavos. Que ninguém culpe Treze e Brasil de Pelotas. A lambança tem a assinatura inconfundível do ex-chefão da CBF. A César o que é de César.
 
 
Sumiço de Magnum do Baenão tem ressuscitado aquelas velhas histórias de travessia da Almirante Barroso, tão em voga nos anos 60 e 70. Há quem garanta que o jogador, oficialmente viajando a São Paulo, já estaria apalavrado com o Paissandu. A alimentar essas especulações o fato de Magnum ter despontado na Curuzu. Mistério só será desvendado na sexta-feira, prazo final para a reapresentação do jogador.
 
 
O gol perdido por Diego Souza aos 18 minutos, sozinho, diante do goleiro, é daqueles lances que o torcedor vai guardar para sempre na memória. Para completar, logo no lance seguinte Nilton cabeceou no travessão corintiano. Por ironia, também num cabeceio, a vitória do Corinthians se desenhou nos instantes finais. 
O Corinthians passou às semifinais da Libertadores, com a economia habitual de categoria. Pouco importa se o futebol é tosco, se o time joga como britadeira. Os programas esportivos da TV irão passar a quinta-feira endeusando a façanha alvinegra, com imagens do técnico Tite no meio da galera. A consagração do marketing de alambrado.
No outro confronto, o Fluminense também morreu no derradeiro instante. Um gol surpreendente de Santiago Silva, o tanque do Boca, calou a torcida tricolor no Engenhão. Castigo cruel que não se deve desar ao pior inimigo.  
 
“Meu filho, o couro vem da vaca. O que é que a vaca come? Grama. Então, segue a ordem natural das coisas: passa a bola, rasteirinho”. Ensinamento lapidar do mestre Gentil Cardoso, que devia ser exibido no placar eletrônico dos jogos no Brasil. Talvez assim os boleiros aprendessem esse mandamento básico do futebol.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 24)

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